★★★★★ | |
- Os chakras maiores são em número de sete:
Denominação:
Centro básico ou fundamental
Centro sacro ou sexual (genésico)
Centro solar ou umbilical (gástrico)
Centro cardíaco
Centro laríngeo
Centro frontal ou cerebral
Centro coronário
Em sânscrito:
Muladhara
Swadhisthana
Manipura
Anahata
Vishuddha
Ajna
Sahashara
Além destes, alguns outros são destacados nos estudos sobre chakras: o centro esplênico (do inglês splen = baço), "uma parte espiritual no interior do coração físico", o alta-maior e o bindu. O número de chakras médios e menores é muito grande; daí alguns afirmarem que é infinito o número dos chakras.
A enumeração varia por diversos motivos. Leadbeater (Os Chakras, Ed. Pensamento) põe de lado o centro sexual (sacro) por "entender que o despertamento deste centro deve considerar-se como uma desgraça pelos graves perigos a ele relacionados", mencionando que "no plano egípcio de desenvolvimento se tomavam esquisitas precauções para evitar tal despertamento" (vide também - A vida oculta da Maçonaria, Pensamento). Por isto, prefere estudar, em seu lugar, o chakra do baço (esplênico). Edgard Armond, embora assinale o sacro (genésico) além do esplênico, ao tratar da reativação dos chakras não o inclui, esclarecendo que "essa passagem não só é suprimida pela sua diminuta influência na aplicação dos passes, mas sobretudo pelos graves e notórios viciamentos existentes no setor do sexo, pois seria maléfica, em todos os casos, a excitação desse centro de força." (Passes e Radiações, Ed. Aliança Espírita Evangélica).
A enumeração também varia de acordo com os sistemas adotados em relação aos centros. Nos sistemas tibetanos de meditação, bem como na concepção budista dos centros psíquicos, o sagrado não é considerado como centro independente, porém se acha combinado com o fundamental a formar um só centro (Anagarika Govinda, Fundamentos do Misticismo Tibetano, Pensamento). André Luiz (Entre a Terra e o Céu, psicografia de Chico Xavier, FEB), não menciona o chakra fundamental, incluindo, no entanto, o esplênico. No Yoga tibetano, por outro lado, o centro frontal e o coronário são considerados como um só, e assim são mencionados nas escrituras (Anagarika Govinda, op. cit., pp 151/152). A escola japonesa Shingon omite o centro sagrado. Indica, porém, o centro das espáduas e os dois centros situados à altura dos joelhos (Coquet, op. cit., pp 14/15).
O Shat-chakra-Nirupana (Descrição dos seis centros), considera o coronário como de ordem mais elevada do que os simples chakras. O Espírito White Eagle nomeia entre os sete chakras principais o esplênico, mas omite o muladhara como centro independente, indicando, porém, o genital ou sacro a que denomina de kundalini.
Ao contrário do que pode parecer ao observador apressado, no estudo dos chakras apresentam-se também opiniões divergentes. Isto é um fato que não pode ser esquecido a fim de evitar as "pregações" sobre chakras, quando são repetidos os ensinamentos deste ou daquele autor, como se se tratasse da palavra única e definitiva. As referências que faremos a seguir buscam destacar um pouco mais estas divergências.
Rajneesh sustenta que Kundalini não é a energia da vida, mas um dos caminhos que podem ser tomados por esta força; por isto é possível despertar a iluminação através de outros caminhos, embora Kundalini seja o mais curto. Neste caso, o Brahma-randhara (o ponto central do Sahashara), será o maior terminal (se for outro o caminho ele não será o término). Kundalini é para ele, pois, uma passagem relacionada com os chakras. Os chakras estariam no corpo etérico, de modo estático, "mortos" até que a energia penetrasse neles através da passagemda Kundalini. Essa força estaria localizada no muladhara, a que Rajneesh denomina o centro do sexo (naturalmente, como no sistema tântrico, ele une o básico ao genital). Outros caminhos seriam utilizados pelos diversos métodos do yoga, zen, budistas, taoístas e cristãos. Seriam utilizadas outras passagens que não pertencem ao duplo etérico: as do corpo astral, do corpo mental, etc. Apesar disto, mesmo nestes métodos, pode ocorrer o surgimento de Kundalini, porque os corpos estão interligados entre si e com os sete chakras. Qualquer dos métodos pode levar a energia da vida a atingir o sahashara (vide Meditação - A Arte do Êxtase, Cultrix/Pensamento, p. 67/86).
A utilização dos chakras dar-se-ia no momento em que a passagem de Kundalini é bloqueada, porque o trabalho deles só é necessário para romper bloqueios. Se não existissem obstáculos não se perceberia, segundo Rajneesh, os chakras, porque estes existem para ajudar a ascensão da energia através de Kundalini. Assim, se ocorre um bloqueio, a Kundalini retrai-se; para evitar que ela desça, o chakra começa a trabalhar, tornando mais viva a energia, de modo a facilitar o rompimento do bloqueio.
Ao que parece, Rajneesh chama de Kundalini o Brahma nádi, localizado no interior do Sushumna, pois é exatamente por ele que a energia vital se eleva em busca dos centros superiores.
Posição distante é a de Anagarika Govinda. Afirma este Lama que não é possível concentrar-se sobre os centros mais altos sem ter adquirido o controle sobre os centros mais baixos, “como acreditam ingenuamente alguns “místicos modernos” (op. cit., p. 181). No entanto, ao explicar o sistema de Yoga budista, em que a Kundalini não é mencionada, cita ele o Yoga das Seis Doutrinas de Náropa, em que o discípulo é aconselhado a meditar nos quatro chakras superiores, formados como um guarda-sol ou rodas de uma carruagem (coronário, laríngeo, cardíaco e umbilical). No sistema do budismo tântrico, ao invés de Kundalini, o princípio que ocupa o centro de meditação é o Dákini: a Khadoma Dorje Naljorma (rdorje rna-hbyor-ma; Sânsc.: Vajra-Yogiuí).
“As Khadomas, semelhantes a todas as personalizações femininas da vidyá ou do conhecimento, têm a propriedade de intensificar, concentrar ou integrar as forças das quais elas fazem uso, até serem focalizadas num ponto incandescente, e significam a chama sagrada da inspiração que leva à iluminação. As Khadomas, que surgem como visões ou como imagens interiores produzidas conscientemente no decorrer da meditação, são, por isso, representadas como uma aura de chamas e evocadas com a sílaba-semente HÚM, o símbolo mântrico da integração. Elas são a personificação do “fogo interior” que na bibliografia de Milarepa foi chamado “sopro acalentador das Khadomas” que rodeia e protege o santo, semelhante a um “manto puro e suave”. (op. cit., p. 208).
O Swami Satyananda Saraswati, no entanto, é de opinião distinta. Sustenta ele que o praticante deve primeiro procurar ativar o ckakra frontal antes de qualquer outro, porque, segundo ele, este chakra tem o poder de dissolver o Karma, auxiliando a diminuir qualquer perigo que possa surgir quando é ativado o karma de chakras inferiores.
Aurobindo, em Bases of Yoga (trad. bras. Consciência que Vê, vol. I), ao referir-se ao método do Yoga Integral, ensina: “Não há método neste Yoga a não ser concentrar-se, de preferência, no coração, e chamar a presença e o poder da Mãe para assumir o ser e, pelas operações de sua força, transformar a consciência: você pode se concentrar também na cabeça ou entre as sobrancelhas, mas para muitos isto é uma abertura difícil demais.” (P. 32).
Considerando que ninguém é tão forte para superar, por suas aspirações e vontade isoladas, os impulsos das forças da natureza mais baixa, conseguindo no máximo um domínio incompleto, recomenda Aurobindo que o indivíduo utilize aspiração e vontade para trazer para baixo a força divina, e, como isto não pode ser feito só pelo pensamento, é necessário concentrar esta aspiração no coração (vide p. 32; vide também Consciência que Vê II, p. 146). Pode também utilizar-se da aspiração, chamamento ou oração, para trazer a força divina, ou concentrar-se sobre o coração (na cabeça ou acima dela), meditando sobre a Mãe, chamando-a para dentro. Isto não quer dizer que a Kundalini não desperte; ela se ergue para encontrar a Consciência e a Força Divinas acima do indivíduo (p. 85). Adverte em Lights on Yoga (Consciência que Vê, II) que há necessidade de orientação para que as forças da natureza mais baixas não se misturem com a Força Divina que desce ou para evitar que poderes não divinos se apresentem como a Mãe divina (p. 1470). Só há segurança com o centro do coração completamente aberto e o domínio do psíquico, mas isto não é difícil. Ondas inferiores podem emergir e perturbar o trabalho (p. 1480).
No Cristianismo, o caminho da oração é exaltado na obra de Teresa de Ávila e de Juan de La Cruz. Teresa de Ávila descreve a subida através das sete moradas até atingir o castelo interior, enquanto Juan de La Cruz descreve os seis patamares. No Espiritismo, o caminho da oração e da caridade é o recomendável. É necessário, no entanto, não esquecer que as lições dos mentores espirituais se concentram sempre na necessidade de um despojamento do espírito.
A obra de Emmanuel pode ser seguida como um roteiro para o caminho espiritual, se o espírita realmente procurar executá-la ao lado da recomendação dos espíritos a Kardec sobre a auto-análise (Conhece-te a ti mesmo)diária, examinando constantemente o móvel de cada uma das ações ou inações. Se o mundo moderno não oferece as mesmas possibilidades de outrora, é possível no entanto tomá-lo e aceitá-lo como um desafio à nossa capacidade de entrega ao Senhor Jesus. O mundo tem armadilhas redobradas que estimulam as forças mais baixas de nossa natureza, em face do karma negativo que carregamos. No entanto, se centrarmos a mente e todo o nosso ser no Divino, não faltará, a nosso favor, o Auxílio Espiritual a sustentar-nos na porfia. Uma confiança e uma entrega totais ao poder de Deus e o trabalho da oração e da caridade desinteressada, são condições para o desenvolvimento espiritual. Os centros superiores irão desabrochando, porque mantemos neles todo nosso trabalho. Mas é preciso cuidar bem, porque até no último centímetro da estrada pode haver a queda.
Dizia Teresa que só na 6ª e 7ª moradas, “ligadas entre si”, reina apenas o sobrenatural; nas demais, até mesmo na 5ª, era possível a contaminação com forças satânicas e instintivas. Mas, mesmo na 7ª morada, potências, sentidos e paixões não estão sempre em paz; apesar das guerras, dos trabalhos, e fadigas a alma, no entanto, está em paz (Moradas VIII, cap. II, nº 13). E como ela advertia que não se devia crer que visões, êxtases, espírito de profecia, etc., fossem sinais de perfeição, é importante recordar com os amigos espirituais que os fatos da mediunidade, por mais espectaculares que sejam, não induzem a considerar o médium um santo. Como dizia Teresa: “A santidade, bem o sei, não consiste nestes favores.” (Fundaciones, IV, 8).
Quanto à caridade, uma frase de Teresa relembrará os ensinamentos espirituais que temos recebidos: “Enfim, irmãs minhas, aquilo com que quero concluir é que não façamos torres sem fundamentos, porque o Senhor não olha tanto a grandeza das obras, como o amor com que se fazem.” (Moradas VII, cap. IV, nº 18).
Não podemos deixar aqui de recordar as palavras do Senhor Jesus: “Procurai em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça e o resto vos será acrescentado”. O problema é de orientação de nossa conduta como um todo.
Alguns, com evidente engano, situam o “resto” como sendo bens materiais a serem incorporados ao património do aspirante. É certo, porém, que a assertativa tinha em vista as riquezas espirituais de que é acumulado aquele que persevera “até o fim” no caminho. O espírita deve, pois, afastar-se do caminho abissal de buscar adquirir poderes, seja qual for o método. O desenvolvimento da mediunidade não deve ser fruto de nenhum açodamento. Antes, o espírita deve dedicar-se ao auto-aperfeiçoamento. Os dons mediúnicos, quando existentes, devem ser recebidos como acréscimo de misericórdia e aumento de responsabilidade, devendo ser empregados com a única finalidade de servir.
Antes de qualquer desenvolvimento mediúnico é indispensável o treinamento moral, sem o quê a prática medúnica só resultaria em perigo e fonte de graves perturbações mentais. As práticas moralizadoras não são um fim em si mesmo. O objetivo é sempre o Reino, a união com Cristo. Sem elas, no entanto, nenhum caminho pode ser adentrado. Antes de fixar-se, mesmo intelectualmente, na questão do desenvolvimento dos chakras, o espírita deve redobrar os esforços no treinamento moral, que não deve ser confundido com as atitudes farisaicas de uma “falsa moral” ou de uma “moral da época”. Deve concentrar-se ele no exame da motivação de seus atos para escoimá-los dos fundamentos do egoísmo. Isto é indispensável para o contato com seu verdadeiro guia espiritual que deverá instruí-lo na senda a percorrer.
CHAKRA SAGRADO - sacro ou genital
É denominado no Yoga de Swadhisthana: significa "one is own above". Isto parece indicar que a morada primitiva de Kundalini situava-se neste chakra, tendo mais tarde descido para o Muladhara. Situado na região lombar, ao nível da parte baixa dos órgãos genitais, é formado de seis pétalas.
Leadbeater e o Garuda Purana indicam, como cor o brilho, do sol; Coquet, Tara Michael, Schat-chakra-Nirupana e o Siva Samhita, apontam o vermelhão, e Aurobindo, o vermelho violáceo-escuro.
Na representação yogue deste chakra vê-se uma mandala, em cujo interior se encontra um nenúfar com oito pétalas brancas como a neve, acompanhado de uma lua crescente (Yantra), com o bija mantra "Vam" ao centro; no interior da lua existe mais oito pétalas. O animal místico semelhante a um crocodilo é makara.
Do mesmo modo que o centro básico (Muladhara), o sagrado recebe duas correntes particulares: uma proveniente da própria Kundalini e a outra da vitalidade solar. A energia que aí se concentra é de natureza muito material.
Segundo Coquet, “sua função é a conversação da vitalidade que anima e sustenta o corpo físico, com os diferentes órgãos de assimilação. Este centro afeta, sobretudo, os órgãos genitais ou gônadas, que são a exteriorização física” (op. cit., p. 67). No futuro, ele “deverá ser perfeitamente controlado e a maior parte de suas atividades serão submetidas à vontade e à razão”, sendo a energia que alimenta os órgãos sexuais transferida para a garganta, possibilitando um nível mais alto de criação no campo do pensamento e das idéias, como já começa a ocorrer entre os grandes pensadores da humanidade.
É este o ponto de vista de Aurobindo: “A energia sexual, utilizada pela natureza para a reprodução, é, na sua natureza real, uma energia fundamental da vida. Ela pode ser utilizada, não por uma elevação, mas por uma certa intensificação da vida vital emotiva. Ela pode ser dominada e desviada dos fins sexuais e utilizada para a criação, e a produtividade estética, artística ou outra, ou conservada para elevar as energias intelectuais. Inteiramente dominada, ela pode também ser transformada em uma forma de energia espiritual. Era um fato bem conhecido na Índia antiga e chamava-se a conversão de Retas em Ojas pelo Brahmacharya. Mal utilizada, a energia sexual conduz à desordem e à desintegração da energia da vida e dos seus poderes.” (cit. por Coquet, op. cit., p.p. 76/77).
O descontrole do centro genésico resulta numa exacerbação do prazer sexual, no apego a outro ser ou a objetos, no ciúme e no instinto de posse, na autoproteção. Isto repercute, inclusive, na vida após a morte. André Luiz destaca o fato de que o descontrole do centro genésico impede o espírito de uma visão mais ampla da realidade, mesmo em prejuízo da própria pessoa que só enxerga o parceiro sexual, “em vista do apego enlouquecedor aos vínculos do sexo”. (Entre a Terra e o Céu, p.27), perturbações estas que acabam por eclipsar as qualidades morais já conquistadas.
Satyananda desenvolve interessantes considerações a respeito do Swadhisthana, como centro do inconsciente. Segundo ele, o centro frontal mantém uma conexão com o centro genital, e deste modo mantém sob controle a mente consciente, incluindo o inconsciente coletivo, que é muito mais poderoso que a própria consciência individual. Por isto é que, apesar da maior parte das pessoas não se aperceber do fato, é o inconsciente coletivo quem controla, em grande escala, o comportamento. O centro genital funciona, assim, como um computador onde são armazenadas as experiências diárias, sejam conscientes ou inconscientes, tenha importância individual ou não. Destarte estariam ali os dados referentes às experiências e o karma que contribuíram para o processo de evolução humana. Há uma parte do karma que existe em potência e outra parte em que ele se encontra atualizado, mastanto uma como a outra só raramente são conhecidas da mente consciente do indivíduo. Agora bem, se a energia vital (Kundalini) é despertada, ela ascende através dos chakras, desencadeando todo o processo de evolução psíquica, de modo que tanto o karma ativo como o inativo expandem-se e afluem à consciência. No entanto, se o indivíduo é incapaz de encarar a tarefa de analisar ou controlar o karma, registrado no centro genital, a energia se retrai e desce para o muladhara. O centro genital e o karma ali armazenado seriam, para Satyananda, um obstáculo bastante considerável à evolução espiritual do homem. Daí recomendar o mestre hindu que se procure primeiro despertar o chakra frontal a fim de arredar este obstáculo; é que a superconsciência que reside no centro frontal é totalmente ciente dos trabalhos da mente inconsciente no centro genital, podendo assim controlar o karma desatrelado.
CHAKRA FUNDAMENTAL ou básico
É denominado em sânscrito de Muladhara (Mula = raiz; adhara = suporte) ou apenas de Adhara. Acha-se situado à altura da base da coluna vertebral. É formado de 4 pétalas em forma de cruz: a 15 representa o desenvolvimento do reino mineral, a 25 do vegetal, a 34 do animal e a 45 do hominal. Powell e Leadbeater indicam a cor das pétalas como sendo de “ígnea cor vermelha alaranjada”; Michel Coquet - fogo alaranjada; Aurobindo - vermelha; Tara Michael - carmesin. Nos livros, Schat-chakra-Nirupana e Síva Samhita, vermelho.
Na representação yogue deste chakra vê-se um pericárdio em forma mandálica enfechando um quadrado (yantra) de cor amarelo ouro. As pétalas que envolvem o pericárdio são de um vermelho escarlate. A sílaba sagrada (bija) no meio do chakra é "Lan". O animal é um elefante branco.
Neste chakra se encontra adormecida a energia básica, denominada, em sânscrito, Kundalini. Ensina Coquet: “A humanidade, em gera, é sobretudo controlada pela vontade de viver e existir; está ali um aspecto de sua consciência que controla e organiza toda sua vida, e produz também isto que nós conhecemos sob o nome de reencarnação. E, do modo que o princípio de vida firma-se no coração, do mesmo modo a vontade instintiva e inconsciente de existir está localizada na base da coluna vertebral.” (op. cit., p.54).
”É extremamente perigoso o desenvolvimento deste chakra. Exige uma disciplina dos corpos físico, emocional e mental durante uma série de reencarnações, uma moral rigorosa.
”O aspecto vida domina, pois, quase inteiramente o centro coccígeo, tendo este por principal função participar na formação do veículo físico. É esta a razão pela qual toda a energia do centro coccígeo está centrada na procura do desenvolvimento e da perfeição ao nível do corpo denso.” (Coquet, op. cit., p. 55).
O centro fundamental é responsável pela força e vida das glândulas supra-renais, localizadas na parte superior de cada rim, na altura da primeira vértebra lombar, as quais segregam importantes hormônios: a córtico-supra-renal segrega adosterona, o cortisol e andrógenos; a medula supra-renal segrega a adrenalina.
Existem chakras mais baixos subordinados, todos eles, ao centro básico, localizados entre o cóccix e os calcanhares, controlando os instintos animais. São Atala, na planta do pé; Vitala, no dorso do pé; Nitala, na articulação superior da perna com o pé; Sutala, no joelho; Mahatala, na parte inferior da coxa; Rasatala, na parte superior da coxa; Talatala, na parte média da coxa. (Uttara-Gitta - II, 26 e 27).
O Uttara-Gitta descreve o Muladhara como: "O Patala, onde as cobras vivem enroscadas abaixo do umbigo, é o lugar conhecido com o nome de Bhogindra. Este lugar, terrível como o dia do juízo final e como o ardente inferno, tem também o nome de Mahapatala. O eternamente denominado Giva manifesta-se nesta esfera em serpentina roda, semelhante a um círculo".
No Muladhara se encontra a base do Sushumna nádi; ali está o lugar de reunião (kanda) da raiz de todos os nádis. Nesse centro localiza-se também o nó Brahma, o primeiro nó a impedir a subida de Kundalini. Os outros dois se encontram no centro cardíaco - o nó de Vishnu; e no frontal - o nó de Rudra ou nó de Shiva.
CHAKRA SOLAR - Umbilical ou Gástrico
O seu nome em sânscrito é Manipura, isto é, "cheio de jóias". No Tibet é denominado Manipadma, "o adornado com jóias" (Satyananda). Coquet, no entanto, indica as raízes "mani" significando gema flamejante, e "pura", cidade.
Está situado à altura do plexo solar na junção das vértebras dorsais e lombares, alguns centímetros atrás da coluna vertebral. Não se deve confundi-lo com o plexo solar que é somente um reflexo seu. Segundo Leadbeater, “sua cor predominante é uma curiosa combinação de vários matizes do vermelho, ainda que também contenha muito do verde. As divisões são alternativas e, principalmente, vermelhas e verdes” (conf. Powell). Coquet indica-lhe uma cor rosa com uma mistura de verde. Tara Michael descreve-o apenas flamejante. Aurobindo - violeta; Satyananda - azul escuro. O Schat-chakra-Nirupana indica a cor azul; o Siva Samhita a dourada; e o Garuda Purana - o vermelho.
Apesar de lhe serem apontadas de um modo geral dez pétalas, o Dhyanabindu Upanishad e o Sandilya Upanishad referem-se a doze. A exteriorização física encontra-se no pâncreas.
O Manipura é representado como um lótus de dez pétalas de cor cinza plúmbeo com letras em sânscrito em cada uma delas. Dentro do mandala se encontra um triângulo vermelho invertido, com o bija mantra ao centro "Ram".
”A energia solar”, ensina Coquet, é uma força de natureza emocional fortemente influenciada pelos desejos e pelos nervos sensitivos do tato. O centro solar é o cérebro pelo qual reage o reino animal; semelhantemente à consciência de uma grande parte das pessoas pouco evoluídas e dos aspirantes sobre a senda, está fundamentalmente polarizada no centro solar.” (op. cit., p. 84).
Este centro se “responsabiliza pela penetração de alimentos e fluidos em nossa organização.” (André Luiz, op. cit., p. 120.; Evolução em Dois Mundos, p. 27).
O centro solar está relacionado, em particular, com o centro cardíaco, o timo e o centro frontal, ligação que depende, em seu funcionamento, do seu desempenho satisfatório.
O despertamento do centro solar revela uma natureza benevolente e cheia de compaixão. Entre os poderes decorrentes estão o domínio sobre o fogo, a habilidade de ver o corpo por dentro, o livrar-se de doenças e a aptidão para enviar o prana ao centro cardíaco; além disto, a concentração sobre o Manipura desenvolve a digestão (Satyananda).
Leadbeater, por sua vez, assinala que seu despertar condiciona o indivíduo a perceber as influências astrais, distinguindo vagamente sua qualidade, possibilitando a percepção de que existem locais que são agradáveis e outros não, embora sem identificar a causa.
Uma grande parte da energia da natureza emocional e astral se derrama pelo centro solar, devendo cada indivíduo esforçar-se por transmutar esta energia em aspiração, porque por ele é que operam o médium e o vidente (Coquet).
A grande tarefa encontra-se em transferir as energias do centro solar para o cardíaco. Localizado entre os chakras inferiores e os superiores, o solar é um centro de síntese onde se reúnem as energias dos centros inferiores que devem ser elevadas; é o ponto de fusão entre as energias da personalidade e as da alma. O indivíduo pode optar pelo desenvolvimento espiritual, buscando elevar a consciência a níveis superiores, ou pode preferir mantê-la unida aos centros inferiores, o que o tornará egoísta, egocêntrico, hipersensível, angustiado, etc. As doenças de fundo emocional, geralmente causadas pelas frustrações e inibições, encontram nele sua causa. Também os males do estômago, do intestino, as perturbações hepáticas, etc., decorrem de perturbações no centro solar.
O desenvolvimento do centro solar, como de todos os demais centros, acarreta determinadas perturbações relacionadas com a qualidade da energia respectiva. Por isso Coquet adverte que se faça um esforço consciente com relação ao centro solar e à vida emocional, pois “a usura e a degradação que surgem predisporão o indivíduo a uma frágil santidade, na verdade inexistente, e isto por causa das energias interiores mal dirigidas e, sobretudo, mal empregadas”. (op. cit., p. 85). Torna-se indispensável operar a transferência de energia para o centro cardíaco.
Coquet recomenda que as pessoas cuja consciência ainda está fortemente localizada no centro solar, que se exprime mais pela emoção que pela razão, devem abster-se de exercícios respiratórios e até de exercícios cuja finalidade seja desenvolver faculdades psíquicas: no primeiro caso, porque os exercícios respiratórios só fariam intensificar desejos e emoções; no segundo caso, porque o desenvolvimento obtido se prenderá às forças instintivas de sua natureza menos elevada.
CHAKRA CARDÍACO
Em sânscrito é denominado de Anahata (imbatível, inviolado), estando situado entre as omoplatas, ligeiramente à esquerda da espinha dorsal. Satyananda esclarece que ao contrário do coração físico, o espaço astral ocupado por este chakra é vasto e informe.
Possui doze pétalas, correspondendo aos doze raios de sua energia primária. No entanto, o Yoga Kundalini Upanishad aponta-lhe 16 pétalas. Segundo Leadbeater, Powell e Tara Michael, elas seriam de uma brilhante cor de ouro; para Coquet sua cor é próxima do amarelo ou ouro incandescente; para Aurobindo é o rosa dourado. Satyananda descreve-o como normalmente escuro, tornando-se de um vermelhão radiantemente brilhante quando ativado. O Schat-chakra-Nirupana atribui-lhe o vermelhão; o Siva Samhita, o vermelhão escuro, e o Garuda Purana, o dourado.
André Luiz indica-o como centro da emoção e do equilíbrio geral (Entre a Terra e o Céu, p. 128), dirigindo a circulação das forças de base (Evolução em dois Mundos, p. 27).
Ele é representado por um lótus de cor escura com doze pétalas de cor vermelha em torno. No interior do mandala se acham dois triângulos entrelaçados (estrela de Salomão), de cor cinza esfumaçado. O animal é umantílope negro e o bija a letra "Yam". Quando ativado, ele adquire um brilho radiante.
É o centro do amor e diz respeito ao princípio espiritual do ser.
Leadbeater indica um segundo lótus no coração, abaixo do maior (op. cit., p. 129). Aurobindo, no entanto, em More Lights on Yoga, traduzido como 32º volume da coleção A Consciência que vê, afirma: “Nunca ouvi falar de dois lótus no coração; mas ele é a sede de dois poderes - na frente, o vital mais alto ou ser emocional, atrás, e escondido, o ser psíquico ou alma.” (p. 207).
Como função do centro cardíaco, aponta Aurobindo, por isso, o comando do ser emocional superior, da parte mais elevada do vital, com o psíquico profundamente atrás (vide p.p. 203 a 205).
”O centro do coração”, ensina Coquet, “terá todas as chances de desenvolver-se harmoniosamente e sem perigo se o neófito, ou o homem em geral, viver tendo em consideração, sobretudo, os interesses do grupo, cultivando o sentido amplo da fraternidade e da tolerância, amando coletivamente e buscando servir o plano divino sem preocupação de agradar, de ser apreciado ou recompensado.” Seria perigoso procurar os poderes criadores do centro laríngeo antes que o despertar do centro cardíaco não tenha começado, adverte ele.
Esta é a atitude natural que procura cultivar o Karma-yoguin, também recomendado pelos instrutores espirituais que supervisionam a elaboração da Doutrina Espírita; encontra-se retratada em todo decorrer da vida do Cristo, que sempre fez referência não só à atuação criadora do Pai, como também ao magistério divino, na revelação da Boa-Nova.
Entre as habilidades que resultam do seu despertamento, Satyananda indica:
Ø aquisição do controle do ar;
Ø o despertar de um amor cósmico e não individualista;
Ø desenvolvimento da eloqüência e do gênio poético;
Ø aquisição do poder de ter seus desejos satisfeitos;
Ø tornar o sentido do tato tão sutil que pode sentir a matéria astral, através do sentido astral, sensação que pode ser transmitida a outros (o sentido desse chakra é a pele e o órgão ativo, o coração).
Motoyama acrescenta que seu despertar provoca o desenvolvimento do poder de cura psíquica. “Prana pode ser transmitido através das palmas das mãos e dirigido à área doente do corpo de outra pessoa. A técnica bem conhecida da “imposição das mãos” está provavelmente relacionada com o estabelecimento de uma conexão íntima entre o anahata e as mãos. Poderes psicocinéticos também se desenvolvem quando o anahata é despertado.”
CHAKRA LARÍNGEO
Em sânscrito, denomina-se Vishudda, palavra derivada de shuddhi, que significa purificar. Situa-se na base e atrás da garganta, na nuca, na junção da espinha dorsal e da medula espinhal alongada, no Sushumna nádi. Corresponde à glândula tiróide e estende-se até a medula alongada, envolvendo a glândula carótida, indo na direcção das omoplatas, relacionando-se, ainda, com os plexos nervosos da faringe e da laringe.
Possui dezasseis pétalas na periferia, nas quais, segundo Leadbeater, “embora haja bastante do azul em sua cor, o tom predominante é o prateado brilhante, parecido com o fulgor da luz da lua quando roça o mar. Em seus raios predominam alternativamente o azul e o verde.” (p. 28). Powell indica-lhe o prateado brilhante com muito azul. Aurobindo, cinza; Satyananda, cinza-violeta; Schat-chakra-Nipurana, purpúreo escuro; o Siva Samhita, ouro brilhante; o Garuda Purana, prateado.
É representado por um lótus transparente com dezasseis pétalas de cor cinza fumaça (violeta-cinza). No pericárdio se encontra um círculo de cor branca (Yantra) envolvido por um triângulo; no centro está o bija mantra "Ham". O animal é o elefante.
O centro laríngeo tem a função de purificar o corpo, eliminando os venenos provenientes do exterior. A glândula tiróide, que corresponde ao centro laríngeo, tem uma função antitóxica. Além disto, a consciência criadora reside neste centro. É, segundo Aurobindo, “a mente física, a consciência externalizadora expressiva” (op. cit., p. 203).
A expressão da verdade, através do pensamento, da palavra e da ação é feita através do centro laríngeo. Para isto é necessária a harmonia do centro criador ou sagrado com o laríngeo, pois é necessário que as forças daquele tenham sido elevadas ao outro centro criador, o laríngeo (Coquet).
O centro laríngeo é o responsável pela recepção das ondas telepáticas. Dali são transmitidas a outros centros. O reconhecimento consciente pode ocorrer nestes últimos, e por isso o indivíduo pode sentir como se os pensamentos de outros estivessem sendo registados à altura do centro umbilical ou de outros centros.
A respeito, ensina Powell: “O despertar do centro astral correspondente dá a faculdade de ouvir os sons do plano astral, isto é, a faculdade que no mundo astral produz efeito semelhante ao que denominamos audição do mundo físico.
”Quando o centro etérico está desperto, o homem, em sua consciência física, ouve vozes que às vezes lhe fazem todas as espécies de sugestões. Pode ouvir música, ou outros sons menos agradáveis.
"Quando funciona plenamente, o homem se torna clariaudiente nos planos etérico e astral"
CHAKRA FRONTAL (cerebral, terceiro olho, lótus medular)
É denominado, em sânscrito Ajna, cujas raízes significam “saber” e “obedecer”. Ajna significa “comandar”. É, pois, como o nome indica, um “centro de comando”.
Localiza-se à altura da raiz do nariz, entre os dois olhos, no ponto onde os nádis Ida, Pingala e Sushumna se encontram para formar um único canal que segue em direção ao Sahasrara. Aos olhos do clarividente ele surge no meio da testa. É também a opinião de Aurobindo.
Está dividido em duas partes, cada uma das quais com 48 pétalas (num total de 96 pétalas), por isto as escrituras hindus só se referem a duas pétalas. Uma delas, segundo Leadbeater, é de cor rosada, com muito amarelo, enquanto na outra sobressai um azul-purpúreo (correspondente com a cor da vitalidade - prana - que o chakra recebe). Coquet e Powell indicam as mesmas cores. Satyananda indica o cinza (ele destaca que outros autores descrevem-no como transparente). É preciso não esquecer que Satyananda descreve sempre os centros astrais,
enquanto Leadbeater, os etéricos. Aurobindo indica a cor branca.
É representado como um lótus branco resplandescente com duas pétalas. No centro do pericárdico encontra-se um triângulo branco invertido contendo o Itara-Linga luminoso como um cristal e o bija-mantra “Om”.
A força vital coletada através dos nádis é distribuída parte para o Sahasrara e parte para os corpos físico, astral e causal.
Satyananda ensina que este centro está conectado com a glândula pineal(epífise). Também Coquet adverte haver uma “interessante relação de forma entre os dois lobos da glândula pituitária, de função especialmente ligada ao mental e aos sistemas nervosos, e por natureza dupla, com os dois lados do centro frontal”.
Para Coquet, a sua principal função estaria em desenvolver, no homem, uma verdadeira personalidade, um “ser interior”, resultado das encarnações anteriores e de milhares de experiências. Seres que não possuem uma personalidade definida e própria são apenas estações repetidoras de pensamentos, idéias e aparências alheias, influenciados que são pela publicidade, cinema, leitura, multidão e, acrescentamos, televisão. As pessoas que procuram manter uma aparência (cultura, arte de falar, de vestir-se, etc.), agem ensaiando comportar-se como os que possuem verdadeira personalidade e assim surge o culto, a idolatria, ou simplesmente a procura de um mestre. Isto é efeito da falta de desenvolvimento do centro frontal.
Quando um homem, pelo contrário, observa Coquet, revela um caráter idêntico a si mesmo, calmo, flexível, sereno e simpático, cujo humor é sempre igual e a personalidade atraente, imponente e magnética, está, sem dúvida, agindo corretamente pelo centro frontal.
Para Aurobindo, este é o centro de comando da vontade, da visão e do pensamento dinâmico.
A concentração sobre o centro frontal é geralmente feita no ponto entre as sobrancelhas. Satyananda adverte que é necessário despertá-lo primeiro que qualquer outro centro. Para ele, este chakra tem o poder de dissolver o karma, auxiliando, com isto, a diminuir qualquer perigo que possa surgir com a ativação do karma de níveis mais baixos.
Segundo Satyananda, o despertar do centro frontal permite o contato com o “guru interior”, a fonte inata do conhecimento e sabedoria profundos que reside no centro frontal individual ou até com o “guru exterior”, o nosso anjo guardião (o guia espiritual). Além disto, ele possibilita também comunicações telepáticas e percepções clarividentes.
”O centro cerebral”, ensina André Luiz, “se representa no córtex encefálico por vários núcleos de comando, controlando sensações e impressões do mundo sensório.” (Evolução em dois Mundos, FEB, p. 99; vide também p. 125).