18.5.15

Antroposofia, escola e atualidades


“Em tempos de crise, onde pessoas se veem desesperadas às voltas com problemas financeiros, de saúde, relacionamento ou simplesmente passam por aquela ‘noite escura da alma’, na qual as dúvidas são maiores que as certezas, todos se perguntam de onde extrair forças para superar momentos difíceis. Vemos nos outros os problemas, acreditamos que ninguém pode nos acudir e nos sentimos sozinhos e incompreendidos em nossas aflições, não conseguimos lutar nem mesmo com nossos instintos mais primitivos. Mas lembre-se, cada caminho é sagrado. Mesmo em momentos nos quais o tormento parece nos derrubar, podemos buscar essa luz interior. Ela existe dentro de cada um de nós. Que busquemos dentro de nós aquela força vital, poderosa, que nos move e impulsiona para que tenhamos clareza no pensar, certeza no agir e possamos espalhar a força do amor.



Excelente material de estudo neste link

http://www.antroposofy.com.br/forum/tempos-de-crise-a-busca-pela-luz-interior

Existe uma história muito popular representada nas escolas Waldorf de todo o mundo, cujo conteúdo pode nos servir de aprendizado.
A história da menina da lanterna
Para quem não conhece, essa é uma história na qual uma menina, depois de ver um vento teimoso apagar sua lanterna, procura ajuda para acender novamente sua chama, mas não encontra. Em princípio, encontra animais para os quais pede auxílio (que representam nossos instintos básicos) o ouriço, que não deixa ninguém chegar perto, o urso preguiçoso, preocupado em hibernar, e a astuta raposa, envolvida demais com seus próprios interesses.
Nenhum deles pode ajudá-la. Assim, a menina permanece na escuridão.
Depois, encontra uma fiandeira, o sapateiro e uma menina que leva uma bola. Os três também estão ocupados demais para solucionar seu problema.
Quando se recolhe, e pede ajuda às estrelas, ela adormece e, quando acorda, sua lanterna está acesa. O Sol a ajudou.
A menina da lanterna se transforma, e ilumina os caminhos de quem estiver ao seu redor, retornando pelo mesmo caminho, auxiliando generosamente aqueles que precisam de sua luz.
Profunda e cheia de significados, o conto é interpretado de várias maneiras.
Ano a ano, as crianças repetem a história e a vivenciam, tirando lições.
Para os pais, pode ser um profundo aprendizado. Principalmente em tempos de crise, onde pessoas se veem desesperadas às voltas com problemas financeiros, de saúde, relacionamento ou simplesmente passam por aquela ‘noite escura da alma’, na qual as dúvidas são maiores que as certezas, e todos se perguntam de onde extrair forças para superar momentos difíceis.
No olho do furacão é difícil encontrar respostas.
Vemos nos outros os problemas, acreditamos que ninguém pode nos acudir e nos sentimos sozinhos e incompreendidos em nossas aflições. Todos parecem estar ocupados demais tentando lidar com suas próprias batalhas. Projetamos nos outros nossos fantasmas e sombras e não conseguimos lutar nem mesmo com nossos instintos mais primitivos.
Tentamos, aos trancos e barrancos, tatear no escuro, procurando uma ideia, uma palavra, uma chave que possa modificar aquela realidade que parece indissolúvel.
Em vão.
Então, num momento de recolhimento e oração, percebemos que precisamos acender a nossa própria chama. Nossa sobrevivência depende disso. Que busquemos dentro de nós aquela força vital, poderosa, que nos move e impulsiona para que tenhamos clareza no pensar, certeza no agir e possamos espalhar a força do amor.
Talvez, o que nos falte em momentos de crise, é a sabedoria da menina da lanterna, que nunca perde a esperança. Nos momentos mais duros, enfrenta seus piores fantasmas – externos e internos – e procura reacender a própria chama.
Se você está num momento onde precisa de luz, em busca de um caminho a seguir, talvez a solução seja seguir o exemplo da menina. Escutar o chamado da sua alma e aquietar a mente, pedindo auxílio aos céus, para que a fé brote dentro de seu coração novamente.
Cada caminho é sagrado. Mesmo em momentos nos quais o tormento parece nos derrubar, podemos buscar essa força. Ela existe dentro de cada um de nós.
Todos somos meninas da lanterna. Hora em busca de luz, hora sendo luz na escuridão.

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A menina da lanterna

menina da lanterna2
Era uma vez uma menina que carregava alegremente sua lanterna pelas ruas. De repente chegou o vento e com grande ímpeto apagou a lanterna da menina.
Ah! Exclamou a menina. – Quem poderá reacender a minha lanterna? Olhou para todos os lados, mas não achou ninguém. Apareceu, então, uma animal muito estranho, com espinhos nas costas, de olhos vivos, que corria e se escondia muito ligeiro pelas pedras. Era um ouriço.
Querido ouriço! Exclamou a menina, – O vento apagou a minha luz. Será que você não sabe quem poderia acender a minha lanterna? E o ouriço disse a ela que não sabia, que perguntasse a outro, pois precisava ir pra casa cuidar dos filhos.
A menina continuou caminhando e encontrou-se com um urso, que caminhava lentamente. Ele tinha uma cabeça enorme e um corpo pesado e desajeitado, e grunhia e resmungava.
Querido urso, falou a menina, – O vendo apagou a minha luz. Será que você não sabe quem poderá acender a minha lanterna? E o urso da floresta disse a ela que não sabia, que perguntasse a outro, pois estava com sono e ia dormir e repousar.
Surgiu então uma raposa, que estava caçando na floresta e se esgueirava entre o capim. Espantada, a raposa levantou seu focinho e, farejando, descobriu-a e mandou que voltasse pra casa, porque a menina espantava os ratinhos. Com tristeza, a menina percebeu que ninguém queria ajudá-la. Sentou-se sobre uma pedra e chorou.
Neste momento surgiram estrelas que lhe disseram pra ir perguntar ao sol, pois ele concerteza poderia ajudá-la.
Depois de ouvir o conselho das estrelas, a menina criou coragem para continuar o seu caminho.
Finalmente chegou a uma casinha, dentro da qual avistou uma mulher muito velha, sentada, fiando sua roca. A menina abriu a porta e cumprimentou a velha.
- Bom dia querida vovó – disse ela
- Bom dia, respondeu a velha.
A menina perguntou se ela conhecia o caminho até o Sol e se queria ir com ela, mas a velha disse que não podia acompanhá-la porque ela fiava sem cessar e sua roca não podia parar. Mas pediu a menina que comesse alguns biscoitos e descansasse um pouco, pois o caminho era muito longo. A menina entrou na casinha e sentou-se para descansar. Pouco depois, pegou sua lanterna a continuou a caminhada.
Mais pra frente encontrou outra casinha no seu caminho, a casa do sapateiro. Ele estava consertando muitos sapatos. A menina abriu a porta a cumprimentou-o. Perguntou, então se ele conhecia o caminho até o Sol e se queria ir com ela procurá-lo. Ele disse que não podia acompanhá-la, pois tinha muitos sapatos para consertar. Deixou que ela descansasse um pouco, pois sabia que o caminho era longo. A menina entrou e sentou-se para descansar. Depois pegou sua lanterna e continuou a caminhada.
Bem longe avistou uma montanha muito alta. Com certeza, o Sol mora lá em cima – pensou a menina e pôs-se a correr, rápida como uma corsa. No meio do caminho, encontrou uma criança que brincava com uma bola. Chamou-a para que fosse com ela até o Sol, mas a criança nem responde. Preferiu brincar com sua bola e afastou-se saltitando pelos campos.
Então a menina da lanterna continuou sozinha o seu caminho
Foi subindo pela encosta da montanha. Quando chegou ao topo, não encontrou o Sol.
- Vou esperar aqui até o Sol chegar – pensou a menina, e sentou-se na terra.
Como estivesse muito cansada de sua longa caminhada, seus olhos se fecharam e ela adormeceu.
O Sol já tinha avistado a menina há muito tempo. Quando chegou a noite ele desceu até a menina e acendeu a sua lanterna.
Depois que o sol voltou para o céu, a menina acordou.
- Oh! A minha lanterna está acessa! – exclamou, e com um salto pôs-se alegremente a caminho.
Na volta, reencontrou a criança da bola, que lhe disse ter perdido a bola, não conseguindo encontrá-la por causa do escuro. As duas crianças procuraram então a bola. Após encontrá-la, a criança afastou-se alegremente.
A menina da lanterna continuou seu caminho até o vale e chegou à casa do sapateiro, que estava muito triste na sua oficina.
Quando viu a menina, disse-lhe que seu fogo tinha apagado e suas mãos estavam frias, não podendo, portanto, trabalhar mais. A menina acendeu a lanterna do artesão, que agradeceu, aqueceu as mãos e pôde martelar e costurar seus sapatos.
A menina continuou lentamente a sua caminhada pela floresta e chegou ao casebre da velha. Seu quartinho estava escuro. Sua luz tinha se consumido e ela não podia mais fiar. A menina acendeu nova luz e a velha agradeceu, e logo sua roda girou, fiando, fiando sem cessar.
Depois de algum tempo,a menina chegou ao campo e todos os animais acordaram com o brilho da lanterna. A raposinha, ofuscada, farejou para descobrir de onde vinha tanta luz. O urso bocejou, grunhiu e, tropeçando desajeitado, foi atrás da menina. O ouriço, muito curioso, aproximou-se dela e perguntou de onde vinha aquele vaga-lume gigante. Assim a menina voltou feliz pra casa.