Teoria Universal e a Fórmula do Universo.
A teoria (unificada da física) não
surge dissociada e independente da experiência; nem pode ser deduzida da
experiência por um procedimento puramente lógico. Ela é produto de um
ato criativo – Albert Einstein.
Resumo:
Este artigo apresenta a separação das buscas da Teoria Unificada que
agrupa as quatro forças da física e gera a Teoria de Tudo, desta outra
aqui denominada
Teoria Universal que contém a
Fórmula Matemática do Universo ou Lei do Universo,
caracterizada pela independência de todas as teorias científicas
conhecidas, composta por elementos primários e irredutíveis,
diferenciada pela simplicidade extrema e abrangência máxima, que deve
ser produto de um
Ato Criativo, como sugeriu Einstein.
Neste artigo recomendamos itens a serem considerados em uma teoria de tal envergadura, que deve contemplar a
criatividade futura, abrindo caminhos para novos campos de saberes.
Teoria de Tudo – Fórmula de Tudo.
O Santo Graal da Ciência no inicio do Sec. XXI continua sendo a
descoberta da Teoria de Tudo, que contenha a Fórmula de Tudo conhecida
em inglês como
TOE – Theory Of Everything.
No Sec. IV antes de Cristo, Platão
[1]
afirmava que para nos aproximarmos de Deus, precisamos descobrir a
ordem científica da natureza, constituída por leis matemáticas, as quais
governam o universo. Para ele, a admiração e a beleza que sentimos na
natureza, mostra que ela é divina.
Galileu Galilei (1554-1642) foi mais enfático ao apregoar sua convicção inabalável da linguagem matemática da natureza.
“A matemática é o alfabeto com o qual Deus escreveu o Universo”, afirmou o astrônomo italiano.
René Descartes (1596 – 1650) defendia que só o rigor matemático
poderia fazer as ciências entregarem seus frutos. Denominou por “
Mathesis Universalis[2]”
seu projeto de unificação das ciências e afirmava: “Deve haver uma
ciência geral que explica tudo o que pode ser investigado, relativo à
ordem e à medida, aplicável a todas as matérias, que se designa pelo
vocábulo antigo e aceito de
Matemática Universal”. Descartes
[3] conseguiu designar três condições que deveriam caracterizar a unificação das ciências.
Einstein
[4]
acreditava que a unificação das forças da física comporia a Teoria
Unificada, a base da Teoria de Tudo, passando os últimos anos de sua
vida dedicados à procura dessa unificação. Posteriormente vários
cientistas têm compartilhado dessa busca, mas até agora o Santo Graal
não surgiu.
Descobrir a matemática da natureza, a
expressão simbólica – numérica, é como ouvir a conversa da natureza e conhecer o modo como ela “
pensa e age”. Certamente pode ser considerado um
feito criativo de grande monta, um puro insight, uma vez que é o entendimento do
todo, o pensamento de Deus manifestando-se e propagando-se em linguagem matemática.
Denominações:
Para facilitar a compreensão deste propósito, entre vários títulos
atribuídos a esse objetivo, nos restringimos às duas mais conhecidas:
-Teoria Unificada – É a teoria que une as quatro forças da
física transformando-as em uma força superior. Desde Einstein tem sido
procurada. Une ainda os férmions e os bósons no mesmo grupo.
– Teoria de Tudo – Fórmula de Tudo é a
teoria que explicaria o universo e tudo que acontece nele. A Teoria de Tudo contém a Fórmula de Tudo e
é derivada e dependente da unificação das quatro forças da física. Faz parte desta teoria a Teoria das Supercordas, Teoria M (significado desconhecido!) e outras menos significativas.
Para evitar confusões com nomes históricos, criamos a
Teoria Universal – Fórmula Matemática do Universo ou Lei do Universo,
“que não depende de nenhuma teoria existente”, uma vez que, entendemos a
teoria mandatória do universo independente de qualquer condição teórica
que a submeta. Isto é, a Teoria Universal tem um propósito objetivo, e
caracteriza-se por ser incondicional e transdisciplinar.
Ela é!Todas as outras teorias devem se enquadrar nela.
– Teoria Universal – Fórmula do Universo é a teoria que explica o universo e o porquê de tudo que acontece nele.
É independente de qualquer teoria cientifica. Abrange
tudo e está aberta à criatividade de todas as ciências. Deve conter a
Fórmula Matemática do Universo ou Lei do Universo, cujos elementos que a
constituem devem ser primitivos e irredutíveis, orientando as relações
entre eles e as informações comunicadas pelos seus conteúdos. Deve ser
entendida como a comunicação do pensamento e ação entre a natureza e
Deus.
O Primeiro Caminho: a Fórmula Interna à Física.
O caminho que tem sido trilhado até o momento, a Teoria da Unificação
das Quatro Forças da Física não tem oferecido grandes insights ao
pensamento (para não dizer que tem sido decepcionante gerando
desistências e descrenças de muitos físicos na existência de tal
teoria).
O caminho de unir as quatro forças em uma única teoria – Teoria
Unificada – e a partir dela, identificar a Teoria de Tudo e a Fórmula de
Tudo no Universo nos deixa sem nenhuma das duas. Desistimos de pensar
em uma Teoria de Tudo alegando que ainda nem chegamos a uma Teoria
Unificada das Quatro Forças, como se, condicionalmente, uma fosse
decorrência da outra. Estamos estacionados / bloqueados “cognitivamente
falando”.
Por outro lado, os conceitos das quatro forças na física não estão maduros para serem unificadas em uma única teoria, dado que:
1- certamente existem mais forças ainda não descobertas que devem compor o quadro atual e harmonizam as forças existentes.
2- intuitivamente parece que faltam peças nesse quebra cabeças que
impedem o fechamento e compreensão desse mapa. Parece que ainda não é
possível ver, nem intuitivamente, uma possível resposta. Afinal, são
mais de cinquenta anos de tentativas sem encontrar nenhuma solução, nem
no nível de imaginação criativa.
Pode-se acrescentar ainda a Teoria da Incompletude do matemático
Gödel que nos inspira e lembra criativamente: “Algumas Ideias ou
propriedades não são vistas nem percebidas no interior de qualquer
sistema dado. Para compreendê-los é indispensável transcender a um nível
mais alto, ou para um estado anterior ou ainda, recuar até os
componentes irredutíveis
[5]”.
Por sua vez, a criatividade orienta de modo direto:
é preciso sair
de dentro da caixa para enxergar o conteúdo inteiro, a caixa fechada, a
posição geográfica dela em relação aos outros itens.
Segundo Caminho: A Teoria Universal que contém a Fórmula do Universo.
Mais recentemente as buscas foram separadas. De um lado a teoria
interna à física que envolve as Quatro Forças conhecidas e a Teoria de
Tudo que depende da unificação dessas forças e de outro lado, a Teoria
Universal que independe de qualquer teoria e envolve todo o universo do “
a ao
A”, isto é, do
átomo ao
Astro incluindo tudo que existe entre eles.
A sábia separação das duas teorias nos permite observar imediatamente
o campo de cada uma das teorias, dado o alcance que cada uma oferece.
Enquanto uma (Teoria Unificada) está restrita às quatro forças e ao
campo interno da física, a outra (Teoria Universal) não tem restrição de
nenhuma espécie, se liberta naturalmente, sem passado e sem histórico
por ser independente de todas as teorias de todas as ciências, e por
isso apresenta-se aberta ao
ato criativo, a criatividade que inspira, gera e distribui todos os conhecimentos do saber.
Assim, a Teoria Universal que contém a Fórmula do Universo pode ser
descoberta por caminhos utilizados pela criatividade para sair de loops,
encruzilhadas, nós górdios, problemas criativos e estratagemas de
guerra que parecem insolúveis, mas não são para os criativos.
Precisamos recorrer à
“ciência da criatividade” e buscar alternativas para sair desse impasse, solucionar esse nó górdio da ciência. Precisamos gerar as condições para um
ato criativo, como sugeriu Einstein.
Dito de outra forma: se após cinquenta anos de tentativas não
foi possível encontrar uma Teoria Unificada que nos conduzisse a uma
Teoria de Tudo, nem no nível da imaginação intuitiva, então é hora de
mudar a estratégia, já que não podemos continuar bloqueados
cognitivamente, impedidos de prosseguir no avanço do conhecimento.
A mudança de estratégia sugere a utilização da técnica de
inversão,
uma técnica de criatividade muito poderosa que costuma produzir
resultados surpreendentes. É uma técnica criada por Lao Tsé que viveu na
China no ano 500 a.C. (Ver detalhes em “Técnicas de Criatividade –
Diversos Autores”).
A inversão da sequencia que tem sido praticada, pode ser o
passo criativo capaz de gerar a saída desse bloqueio, isto é, primeiro
pensar em uma Teoria Universal e uma Fórmula para o Universo que depende
[6] exclusivamente de
ideias de um ato criativo e nada mais.
Se alguma for encontrada, podemos aplica-las a cada uma das forças, e
após os ajustes pertinentes, se houver, talvez possamos unificar as
Quatro Forças.
Comentários:
O físico britânico, John Barrow
[7] corrobora com esse pensamento ao afirmar que “
a
teoria unificada da física de partículas, não seria de fato a Teoria de
Tudo, mas apenas a Teoria de Todas as Partículas e Forças”.
A teoria teria pouco ou nada a dizer sobre os fenômenos que tornam nossa vida significativa, como o amor e a beleza, afirma Barrow.
Contribui com esse pensamento o físico Sheldon Glashow, ganhador do
Prêmio Nobel por contribuição da parte eletrofraca das forças. Para
ele,
não temos as informações experimentais necessárias para
construir esse Santo Graal da física teórica, a Teoria Unificada (das
quatro forças). E então ele pergunta: “
a questão é saber se estamos chegando a algum lugar na busca desse Santo Graal”, descreve John Horgan
[8].
Por sua vez, o físico Roger Penrose
[9] ao ser entrevistado por John Horgan
[10] afirma que
“se
vai haver uma teoria total da física, ela, em certo sentido, não poderá
ter as características de nenhuma teoria que conheço”.
E para não me alongar (a lista é grande), Stephen Hawking
[11] escreve:
“Uma
descrição unificada das partículas e forças e o conhecimento das
condições – limite na origem do universo seria um feito cientifico
estupendo, mas não seria uma Teoria de Tudo. Uma teoria explicando o
universo deve ir muito além”.
Esses comentários ressaltam que o Santo Graal da Ciência não está
na unificação das forças da física que poderá produzir a teoria de tudo
da física, mas não a teoria de tudo do universo, que independe das
quatro forças!
Fato:
O aspecto importante é a separação entre a Teoria de Tudo, derivada e
dependente da unificação das quatro forças e a Teoria Universal,
independente de todas as teorias (dependente apenas do ato criativo),
uma vez que “
a segunda vai muito além da primeira”, “
deve ser diferente das teorias conhecida”, “deve dizer algo sobre o amor e a beleza” e “deve nos levar a um lugar desconhecido”, como sugerido nos comentários acima.
Assim, com um “ato criativo” de primeira grandeza, podemos afirmar que a Teoria Universal e a
Fórmula do Universo pode ser alcançada pelos criativos, talvez brevemente.
Características sugeridas para uma Teoria Universal que contenha a Fórmula do Universo.
Devemos enumerar as características para que uma teoria que deseje
expressar os diálogos da natureza deve ter. Sugerimos os seguintes
atributos:
- Deve ser tão simples e composta de tão poucos elementos quanto for
possível, mas não menos que o necessário. Porém deve abranger tudo que
existe entre átomos e Astros, de modo poderoso e contundente.
- Deve explicar todos os itens que estão no universo. Precisa
apresentar o porquê das coisas, das relações entre elas e, sobretudo, da
informação transmitida por elas.
- Deve enxergar o Imbricamento Singular do Universo, isto é, porque ele é como é, e a iteração que requer a mutação continua.
- Pode parecer fácil, embora seu uso exija talentos criativos. Deve
requerer perspicácia máxima para compreender e solucionar as
dificuldades extremas.
- Deve ser inquestionável sem que seu entendimento seja rudimentar.
Deve resistir a qualquer dúvida e elucidá-las prontamente por si mesma,
se surgir.
- Deve se submeter a conceitos genéricos, compreendidos por todas as
ciências tais como a Navalha de Occam. Mas não pode se submeter a
conceitos peculiares de nenhuma disciplina.
- Deve esclarecer complexidades e incertezas expondo a naturalidade,
facilidade e economia na resposta dada pela natureza, quando enfrenta
tais situações.
- Deve permitir o aparecimento do trajeto do fio condutor do universo, desde o passado até o futuro contíguo, tal como o Fio de Ariadne[12] previsto por Teilhard de Chardin.
- Deve ser determinista sem ser determinada. Isto é, pode mostrar o
fim único (determinista), e os múltiplos caminhos que podem ser
percorridos para alcançá-lo, embora a cada passo, os futuros contíguos
sejam únicos (determinado após cada passo). O livre arbítrio, ampliado
pela criatividade, deve prevalecer, mas subordinada a Teoria Universal.
- Deve constituir e combinar tanto a racionalidade material quanto a
criatividade imaterial que organizam o equilíbrio do universo.
- Deve permitir o espelhamento de tudo, isto é, cada elemento possa identificar suas próprias características na teoria.
- A fórmula deve ser elegante, conter a verdade, simplicidade e
certeza. Bela o suficiente para ser difundida como se fosse um slogan
publicitário. Deve inspirar ordem, simetria, unidade, equilíbrio e
informação.
- A fórmula deve ser autoexplicativa constituída apenas por elementos
primitivos, irredutíveis, embrionários, disponíveis por si, geradores de
descendentes. A fórmula deve ser pura, clara e cristalina para
comunicar o pensamento e ação da natureza, sem ruídos.
- A teoria e a fórmula devem estar livres de qualquer condicionante em
função das descobertas já conhecidas e abarcando aquelas que venham a
ser feitas no futuro. Não pode em hipótese alguma conter qualquer tipo
de contaminação de sua pureza, tais como “ad hoc’s”, coeficientes,
constantes, ajustes, limites, exceções nem nenhum outro tipo de
ressalva.
- As medições e cálculos podem ser primários / rudimentares realizadas
pelos sentidos disponíveis, isto é, intuitivamente / instintivamente.
Mas não deve haver impedimentos para ser realizado com instrumentos
genéricos. A independência – que dispensa instrumentos de medição – é
um item importante da Teoria Universal porque a natureza não dispõe tais
invenções humanas (prolongamentos dos sentidos) e ainda assim,
quantifica e qualifica, avalia, conclui, corrige e avança.
- A Fórmula, tanto quanto a Teoria Universal têm que ser uma e única, válida
em todas as disciplinas conhecidas e naquelas que venham a ser criadas.
Deve ser de tal ordem que, como um axioma, evite dúvida sobre si mesma,
embora possa ser testável e verificável.
- Deve ser transdisciplinar, servir como instrumento de constatação de
validade de conhecimentos, operando como um “guia para todos os
saberes”. Embora seja condicional satisfazer à física e à matemática
como condições mínimas necessárias, é preciso que seja também suficiente
para todas as outras ciências, incluindo conhecimentos que ainda estão
fora da ciência reconhecida.
- Pode se permitir corrigir, completar, ajustar, orientar, acertar,
rever, refazer parte ou todo de quaisquer teorias conhecidas. Mas a
recíproca não pode ocorrer. A Teoria Universal é primordial, de onde
todas as outras teorias derivam. Nenhuma delas, absolutamente nenhuma
pode ser “maior – mais abrangente” que a Fórmula e Teoria do Universo,
embora possam até coincidir.
A tarefa da ciência é reduzir as verdades profundas a trivialidades – Niels Bohr.
A Teoria Universal que contém a Fórmula do Universo ou a Lei do
Universo deve nortear a sagrada liberdade de todos os movimentos
mantendo o equilíbrio do conjunto. Deve “unificar / alinhar” a percepção
e a compreensão do todo, como se faz nos processos criativos.
Com a Teoria Universal, que jaz singularmente sobre tudo, as demais
teorias podem ser corrigidas / completadas / ajustadas para caber dentro
dela, que por sua vez, poderá levar a compreensão de cada disciplina
para um novo entendimento requerendo novas pesquisas.
A Teoria Universal, extraída da raiz do universo, certamente está
aguardando desde Platão para ser encontrada. Espera-se que ao fim e ao
cabo, ela seja como previu o físico John Archibald Wheeler (poema não
publicado):
Por trás de tudo, certamente há uma ideia tão simples, tão bonita,
tão convincente, que quando – daqui a uma década, um século, um milênio –
a compreendermos, todos diremos aos outros:
– Como poderia ser de outra forma?
– Como pudemos ser tão estúpidos por tanto tempo?
Rui Santo, 19.12.2012. São Paulo/SP.
[2] Mathesis Universalis (grego
mathesis – ciência, América
universalis – universal) é uma ciência hipotético universal, modelado em
matemática, previstas por Leibniz e Descartes. Ele seria apoiado por um
Ratiocinator Cálculo .
Mathesis Universalis – Matemática Universal.
[4] Scientific American Brasil – n.º 29. Out. 2004. Pág. 100
[5] Aczel. Amir D. O Mistério do Alef: a matemática, a cabala e a procura do infinito. São Paulo: Edit. Globo, 2003. Pág. 169
[6] Ver frase inicial de Einstein. …. ”
nem pode ser deduzida da experiência por um procedimento puramente lógico”.
[7]
Horgan, John. O Fim da Ciência: uma discussão sobre os limites do
conhecimento científico. São Paulo: Cia. das Letras, 1998. Pág. 93.
John Horgan comenta o livro de John Barrow, Theories of Everything.
[9]
Roger Penrose é conhecido por sua argumentação em seu livro “The
Emperor’s New Mind”, que refuta a afirmação que os computadores poderão
reproduzir todos os atributos dos seres humanos, inclusive a
consciência.
[11] Ferguson, Kitty. Stephen Hawking – Aventuras de uma vida. São Paulo: Editora Benviará, 2012. Pág. 19-21.
[12] Chardin, Teilhard de. O Fenômeno Humano. São Paulo: Editora Pensamento – Cultrix, 1986. Pag. 161.
http://galaxiacriativa.com.br/?p=500