10.4.11

[ ] A longa viagem do Budismo



1) O ambiente em que o budismo nasceu
Nascido na Índia, o budismo desenvolveu-se em muitos outros países asiáticos, mas permanece a religião de uma minoria em sua terra de origem.
Os séculos VI e V antes de Cristo marcam a história humana com transformações que, até hoje, repercutem. Da China à Grécia, homens da religião e filósofos libertam-se de muitas tradições já superadas, para ir a fundo na busca do mistério da vida e do homem, de seu significado e de seu valor. É como o repentino reavivar de uma chama que parecia já estar apagada: o homem readquire confiança e questiona-se sobre o porquê da dor, da morte, do bem e do mal; não se contenta mais em repetir velhas formas mágico-religiosas e quer respostas mais convincentes às perguntas de sempre..
Confúcio na China, Sócrates e Platão na Grécia... na Índia, esse novo sopro, essa profunda renovação foi trazida pelo Buda.
O território em que viveu e pregou o Buda pertencia ao quebra-cabeça de pequenos estados em que estava subdividida a zona ao sul da cadeia do Himalaia até o Ganges e a leste de Delhi até Benares, conhecida como a "Região do Meio".
Esse território foi ocupado, antes do ano 1000 a.C., pelas populações árias, provenientes do altiplano do Irã, que desceram em direção à Índia, sobrepondo-se às populações locais. Sua religião era politeísta (isto é, acreditavam em muitos deuses) e consideravam muito as forças da natureza e as divindades guerreiras. A sociedade era dividida em castas rigidamente determinadas. A casta social dos guerreiros, e a casta dos sacerdotes desempenhavam o papel principal: estes administravam o culto e os sacrifícios, não considerando a religião como a expressão da fé viva de cada um, mas apenas como uma série de cerimônias. Só a oferta dos sacrifícios e a fiel observância dos deveres da própria casta asseguravam a assistência dos deuses e uma sorte feliz no futuro. E foi a religião dos dominadores que se tornou a mais importante.
O Sentido da Dor
Uma das características das crenças religiosas da época de Buda era a doutrina do "renascer" ou da "reencarnação" que consistia na convicção de que, depois da morte, o espírito volta, várias vezes, em outros corpos, subindo ou descendo na escala dos seres vivos (homens e animais), segundo o grau de bondade da própria conduta nas vidas precedentes, até a extinção do próprio carma.
O mais angustiante problema do homem sempre foi: "Por que sofremos ?". A cultura daquele tempo explicava que esse era devido, geralmente: às nossas culpas ou responsabilidades tais como doenças devidas ao excesso ou escassez de comida, alguma má ação, etc. Faltava explicar o fato de crianças ou pessoas muito boas sofrerem e morrerem sem motivo aparente. Procurava-se, então, a "culpa" numa vida anterior na qual estaria a causa daquele sofrimento.
O objetivo das reencarnações sucessivas era a purificação gradual até que o espírito não precisasse mais se reencarnar, podendo assim perder-se na única realidade de felicidade e paz.
A vida econômica da época não era ruim na "Região do meio": o terreno era fértil e a agricultura próspera, os comerciantes progrediam graças a uma boa rede de estradas e vias fluviais. Os reinos ora viviam períodos de aliança ora de guerra, mas não foram raros os casos de príncipes que governaram com sabedoria.
Portanto, o nascimento do budismo não é devido a um mal-estar econômico ou social, mas às limitações daquela religião, incapaz de satisfazer as exigências dos espíritos mais elevados.
Certamente, o Buda não foi o primeiro a perceber essa deficiência, mas ele evidenciou-lhe os aspectos negativos, criticando-os profundamente em sua raiz e procurando, sobretudo, uma resposta satisfatória às questões: "Por que existe a dor ? Por que viver, sofrer, morrer e renascer infinitas vezes ?".

Exatamente por isso, o budismo, no começo, não foi muito combatido: não apenas porque a casta dos sacerdotes não era ainda muito poderosa, mas também porque a nova doutrina tinha muitos pontos em comum com a tradição e não se percebiam as novidades que trazia. Quando se notou que essa abolia as castas e os sacrifícios tradicionais, então a oposição tornou-se forte a ponto de vencê-la. Por isso, o budismo, nascido na Índia, desenvolveu-se em muitos outros países asiáticos, mas permaneceu uma insignificante minoria em sua região de origem.
Entre a história e a lenda
É difícil tentar reconstruir a vida de Sidarta Gautama, conhecido como o Buda (o Iluminado), porque, ao redor de sua figura, a piedade popular elaborou, no decorrer dos séculos, muitas histórias recheadas de fatos lendários.
Muitos pensadores e missionários budistas comentaram essas narrativas, dando início aos sistemas filosóficos inspirados na doutrina de Gautama. Isso explica por que alguns estudiosos tenham até duvidado da existência histórica do Iluminado. Entretanto, a fé que anima o budismo (e é essa que queremos descobrir) não se contentou nunca com algumas cenas da vida do Buda, preferindo os fatos que realmente aconteceram.
O Buda que representa o veículo de salvação para milhões e milhões de homens é o da "mitologia". Detenhamo-nos sobre os momentos mais importantes de sua vida, para conhecer não apenas o que é histórico, mas também o que seus seguidores pregam.
Para sua reflexão:
1.º Existe alguma explicação para o sofrimento do mundo?
2.º Uma religião pode dar um sentido pleno ao sofrimento humano?
3.º Quais são as grandes angústias dos homens e das mulheres de hoje?

2) As narrativas da vida do Buda
As narrativas da vida do Buda começam nas Jataka (histórias das vidas anteriores), contando quem ele era antes de tornar-se o Iluminado. Para nós, basta saber que, antes de nascer, encontrava-se num dos vários "céus" da mitologia indiana.
Quando chega o momento de voltar à terra, a futura mãe do Buda, por ele escolhida no alto dos céus, foi avisada-através de um estranho sonho-sobre o que aconteceria com ela e com o mundo: apareceu-lhe um elefante branco que foi acolhido em seu colo.
A mulher, chamada Maya, conta o sonho a seu marido Sudodana. Este convoca oito sacerdotes que dão a seguinte interpretação: está para vir ao mundo um chakravartim (rei do universo), que abandonará o reino e a glória para tornar-se monge e salvar todas as criaturas.
O nascimento ocorreu enquanto os pais, que a lenda apresenta como soberanos dos sakiya, estão indo para Kole a fim de visitar os pais da rainha. Bem na hora do nascimento, Maya parou à sombra de uma árvore na floresta próxima à cidade de Lumbini. O menino nasce enquanto Maya colhe um pequeno ramo da árvore. Era por volta do ano 560 a.C.
Infelizmente, a alegria desse nascimento excepcional é perturbada pela morte de Maya que subiu ao céu onde o Buda irá visitá-la, quando atingir a iluminação, para instruí-la na própria doutrina.
As lendas sobre o nascimento ainda não terminaram. Um santo eremita, Asita Devala, enquanto estava recolhido em meditação, fica sabendo que, em Lumbini, nasceu um menino que se tornará o Buda.
Deixando seu esconderijo, o santo vai até o rei Sudodana e pede para ver o menino. Ai vê-lo anuncia que aquela criança será a maior entre todos os seres vivos. Logo em seguida, começa a chorar porque sabe que vai morrer, antes que sua profecia possa realizar-se.
Quando chegar a hora de dar um nome ao menino, os oito sacerdotes, que haviam interpretado o sonho de Maya, confirmam a profecia do velho eremita e avisam ao rei que o destino de Sidartha (este é o nome do Buda; Gautama é o sobrenome) está ligado à verificação de quatro sinais; ele deixará o palácio real para tornar-se monge, após encontrar um velho, um doente, um cadáver e um monge.
A vida escondida
Perturbado com essas profecias, Sudodana faz o possível para afastar do menino todos aqueles que poderiam mostrar-lhe os quatro sinais. Guardas protegem o palácio real para impedir que qualquer estranho entre; além disso, para estimular no menino o amor às coisas terrenas, à beleza e ao poder, o rei coloca a seu dispor 40 mil dançarinas e damas e manda construir para ele três palácios: um para o verão, um para o inverno e outro para a época das chuvas.
Quando completa 20 anos, apresentam-lhe a esposa que, depois de alguns anos, tem um filho a quem dão o nome de Rahula.
A biografia lendária continua contando como, apesar dos cuidados do pai, os quatro sinais proféticos alcançam Gautama. A velhice, a doença e a morte são uma revelação brutal e imprevista para quem sempre viu ao seu redor a juventude, a saúde e a plenitude de vida. Assim, aos 29 anos, quando tudo parecia ir muito bem, diante da perspectiva do futuro reinado, com o amor da jovem esposa e a ternura do filho primogênito longamente aguardado, o príncipe Sidarta começa a meditar sobre a decadência da existência, exposta à dor e aos imprevistos, forçosamente voltada para a morte e para o mistério dos novos nascimentos.
Tudo lhe parece vaidade e miséria e indigno de ser vivido até que encontra um monge, velho, magro, mas sorridente. Esse encontro marca a primeira grande transformação de sua vida.
Sidarta compreende que só na contemplação e na vida de penitência poderá encontrar resposta às muitas questões que o atormentam sobre o significado da vida e da dor.
Assim, depois de uma longa batalha interior, toma sua decisão: uma noite, sem despedir-se de ninguém, depois de dar uma olhada na esposa que dorme junto do filho, Gautama sela um cavalo e abandona o palácio. Saindo de lá, liberta o cavalo, joga suas roupas de príncipe, raspa o cabelo e cobre-se com um simples manto: inicia-se assim a verdadeira vida eremítica.
Nessa primeira fase da vida do Buda, são abundantes os episódios lendários, principalmente durante a infância. No campo da pesquisa histórica, contudo, sabe-se que Gautama não pertencia a uma família real, mas que, realmente, teve uma vida de bem-estar, uma boa educação e uma forte crise religiosa. Todo o resto a respeito desses anos perde-se na lenda, mais tarde reconstruída por seus discípulos.
Os anos da busca
Agora monge, Gautama vai em direção à cadeia montanhosa das Vindhya onde, protegidos nas grutas naturais e no silêncio da floresta, já viviam alguns eremitas.
Sua primeira preocupação é procurar mestres capazes de ensinar-lhe, com a doutrina e com o exemplo, a difícil arte da meditação e de explicar-lhe o mistério do sofrimento humano.
Cheio de entusiasmo e de esperança, Gautama logo se torna um expert nas mais difíceis técnicas do ioga, tanto que seus mestres não têm mais nada para ensinar-lhe. Assim, o jovem monge parte, mendigando, à procura de mestres mais famosos. Com ele iam cinco amigos, admirados pela sua conduta exemplar e, como ele, desejosos de atingir a perfeição através do total domínio de cada faculdade humana.
O pequeno grupo se estabelece nos arredores de Uruvela, submetendo-se a árduas penitências, convicto de que, com as práticas ascéticas e o aniquilamento do próprio corpo, libertaria o espírito e atingiria a verdade suprema.
Esse período de experiência, levado aos limites de toda resistência física, dura seis anos. A certo ponto, Gautama faz a promessa de não comer mais e de não parar de meditar até que tenha encontrado a resposta aos seus questionamentos, às suas ânsias. Mas o corpo, privado de suas forças, acaba cedendo: a morte aproxima-se e a verdade ainda está longe.
A "grande renúncia"
Diante desse fracasso, Gautama entende que havia percorrido uma estrada errada, que tinha penitenciado inutilmente o próprio corpo e decide renunciar à promessa. Isso escandaliza seus cinco companheiros que estão convencidos de que se trata de uma fraqueza imperdoável. E Gautama fica só, enquanto seus amigos voltem para Benares.
Com sua renúncia, Gautama rejeita toda uma tradição indiana que havia feito florescer o misticismo dos monges penitentes. Na dramática solidão da selva e na prática de uma mortificação extremamente exagerada, ele experimenta uma sutil forma de orgulho que o torna satisfeito com sua própria virtude, camuflando a ambição de ser considerado "santo". Seis anos de penitência não bastaram, portanto, para fazê-lo esquecer-se das atraentes tentações do mundo.
A doutrina antiascética do Buda, que se apresenta como primeira grande novidade na cultura indiana, é o reconhecimento da fragilidade humana sempre pronta a aceitar a mundaneidade bem quando o asceta acredita ter vencido a carne. O período da vida ascética do Buda abre-se e fecha-se com uma conversão.
A experiência direta e impressionante dos três momentos que destroem a ilusória felicidade humana (velhice, doença e morte) e a experiência da vida monástica como meio para libertar-se das ilusões, fazem-no descobrir que, até como monge, pode-se continuar vítima do orgulho e da vaidade.
Mesmo a ascese pode ser impura e não adiantar para atingir a verdade, a libertação total e definitiva. Era necessário descobrir um novo caminho que pudesse purificar o coração e não somente a carne de toda ilusão e de todo desejo.
A Iluminação
Depois de ter rejeitado a inútil mortificação do corpo, Sakiyamuni (outro nome de Sidarta, porque pertencia à tribo dos Sakiya) dedica-se, no silêncio da solidão, à meditação permanente para procurar a essência última das coisas e o destino do homem.
O lugar escolhido é sempre nas proximidades de Uruvela: Gaia. Sidarta Sakiyamuni pede a um camponês um pouco de grama, coloca-a sob a árvore bodhi (uma espécie de figueira) e senta-se à sua sombra para meditar.
Pouco a pouco a verdade começa a aparecer, enquanto que o mal, personificado no demônio Mara, senhor do mundo, procura distraí-lo com várias tentações. Durante todo um dia, continua a luta com o demônio que representa o desejo, o egoísmo e a inveja, raízes da ânsia de viver e causa da dor. Ao fim, Mara é vencido e Gautama atinge a plena iluminação (bodhiyan). Descobriu ele que o destino dos novos nascimentos não é externo ao homem: cada um traz dentro de si essa lei e só ele pode romper a cadeia. A iluminação foi a descoberta da origem de todos os males e do caminho para eliminá-los. Encontramo-la descrita claramente no discurso de Benares, até hoje aceito claramente por todo fiel budista , não importa a escola que siga.
"O que é, o irmão, a dor ? O que é a origem da dor ? O que é a eliminação da dor ? Qual é o caminho que conduz à eliminação da dor?
Nascimento é dor, velhice é dor, doença é dor, morte é dor; aflição, desânimo é dor, não conseguir o que se deseja ardentemente é dor.
Mas qual é, irmãos, a origem da dor ?
É esta sede de viver, alimentada pela satisfação: é o apego ao ser e ao bem-estar. Isso, irmãos, é a origem da dor.
Mas o que é, irmãos, a eliminação da dor ?

É a completa, total eliminação, a supressão, a negação dessa sede de viver.
Mas qual é, irmãos, o caminho que conduz à eliminação da dor ?
É o santo caminho das oito regras, isto é, reta consciência, reta intenção, reta palavra, reta ação, reta vida, reto esforço, reto saber, reto recolhimento" (Extraído do Majjhima Nikaya).
O budismo afirma que a ignorância é a causa do desejo, isto é, da sede de viver, do apego a todas realidades materiais. Esse desejo está na origem da dor e da cadeia dos novos nascimentos.
Para sair desse círculo vicioso, o Buda indica a prática dos ensinamentos certos (ou regras) que levam à negação da sede de viver, ou seja, à iluminação e só o monge está em condições de percorrer esse difícil caminho.
Sakiyamuni torna-se, assim, o "Buda", isto é, o despertado, o iluminado e o "tathogata", aquele que possui a verdade. Por muito tempo, permanece nesse estado de êxtase devido à sua conquista, finalmente livre de todas as ilusões, até que vem uma nova tentação de Mara, sugerindo-lhe agora que entrasse imediatamente no Nirvana (libertação final), sem revelar a ninguém a descoberta feita. "Se eu ensinasse essas verdades - diz a si mesmo - os outros não me compreenderiam e isso seria para mim apenas cansaço..."
Segundo a lenda, o próprio deus Brahma intervém para tirá-lo da incerteza, lembrando ao Buda qual é o seu destino e convidando-o a iniciar a pregação para a salvação do mundo. Antes de morrer, ele lembrará ao discípulo preferido, Ananda, como tomou sua resolução: "Morava eu, ó Ananda, em Uruvela, às margens do Rio Niranjara, no tempo da minha total iluminação, sob a figueira do pastor.
Eu não me extinguirei antes que esta doutrina se torne próspera, florescente, difundida, conhecida por muitos, bem explicada aos deuses e aos homens!".
E com essa promessa o Buda começa sua missão.




Para sua reflexão:
1.º As pessoas de nosso tempo deveriam renunciar a alguma coisa para alcançar uma felicidade mais ampla? A que, por exemplo?
2.º Será que realmente existem regras que podem trazer a plenitude da felicidade? Por que?
3.º A ausência de dor significa felicidade?

3) A obra do Buda
Convidado a resumir a doutrina do Buda, um dos discípulos responde: "Evitar o mal, praticar o bem, purificar o pensamento: eis o ensinamento de Gautama". O Buda não só criou uma doutrina, mas também uma comunidade apta a vivê-la. O "Dharma" (doutrina) e o "Sangha" (comunidade) resumem sua obra.
Os 44 anos que separam a data da iluminação da morte do Buda são preenchidos por uma incessante atividade de propagação de sua doutrina. Durante a estação seca, o mestre viaja pelas rotas das caravanas, seguido por muitos monges, pregando e mendigando. Na estação das chuvas, abriga-se nos mosteiros cavados nas grutas ou construídos por eremitas, próximos a qualquer cidade.
Durante as viagens, explicava, principalmente, sua doutrina; nas paradas, ocupava-se da formação de seus discípulos, dedicando-lhes discursos sobre a vida monástica e sobre a prática da disciplina. Essas pregações e esses discursos constituem a parte mais extensa das "sagradas escrituras" do budismo.
Sem dúvida, o que temos hoje não é transcrição de tudo o que disse o Buda: os discípulos de várias gerações reorganizaram-nas e adaptaram-nas às situações da comunidade. Porém, o espírito e o pensamento do mestre não se perderam.

As conversões

O primeiro efeito da pregação do Buda é a conversão: em Benares, convencidos por seu sermão, os cinco companheiros que o abandonaram em Uruvela voltaram a segui-lo. O exemplo destes é seguido por Yasa, filho de um rico comerciante que traz consigo 54 amigos.
Em Rajagriha, capital do estado de Magadha, o rei Bimbisara torna-se um seguidor leigo do Buda, ficando seu amigo pelo resto da vida. Nessa mesma cidade, encontra os dois discípulos mais famosos. Sariputa e Mongalana e, por causa da generosidade do rei, ali surge o primeiro mosteiro budista.

As comunidades
Um dos grandes méritos da ação missionária desenvolvida pelo Buda foi a constituição das comunidades monásticas masculinas, às quais, em seguida, acrescentaram-se as comunidades femininas e um grupo constituído por simpatizantes leigos. A admissão não estava condicionada à divisão de casta, porque a busca da paz de coração não está ligada à posição social.
A fraternidade e a superação das castas aparecem desde a origem dos primeiros discípulos, que pertenciam à casta sacerdotal (como Sariputa e Mogalana), à nobreza (Ananda e Rahula), à alta burguesia (Yasa).
A vida monástica não obrigava a um nivelamento geral: cada um mantinha a própria mentalidade e característica, como consta na lista dos Thera, os 12 grandes "anciãos" da ordem. Não havia no mosteiro uma autoridade bem definida; cada um devia seguir individualmente a "Regra", interpretando-a retamente. Era evidente que uma "democracia" introduzida no monaquismo criasse alguma desordem...
A mais grave foi o cisma de Devadata, primo do Buda, que defendia um rígido ascetismo e uma pobreza absoluta (regra estreita). Desmentido pelos Thera, abandonou a ordem com 500 monges, voltando à observância só às portas da morte. Entretanto, a fama das conversões operadas por Buda e da sua sabedoria difundiam-se por toda parte, provocando inveja e polêmicas. Muitos se lamentavam porque destruía as famílias (os jovens, especialmente os da nobreza, abandonavam a família para segui-lo); os eremitas diziam que trazia confusão às suas escolas.... A fama do Buda, porém, continuou a crescer também por causa dos numerosos atos extraordinários a ele atribuídos.
A morte do Buda
A narração das antigas biografias do Buda pára nesse ponto para retornar com a notícia de seu fim.
Uma tradição diz que o Buda morreu aos 80 anos. Em sua última peregrinação, o Iluminado parou num bosque na terra de Kusingara (Nepal). Ananda preparou-lhe um lugar muito simples para repousar entre duas árvores. "Eu vos exorto: todas as coisas perecem. Lutar sem tréguas!": essas foram suas últimas palavras. Depois da cremação, suas cinzas foram repartidas pelo território e conservadas como relíquias. Começava a veneração do Iluminado.

4) O budismo depois do Buda
O budismo é a primeira religião universal da história. Ainda que sua doutrina não pretenda ter uma validade absoluta, é, contudo, notável seu ardor missionário. De fato, o Buda não guarda para si sua descoberta, mas quer anunciá-la a todos.
Dois séculos após o desaparecimento do Mestre, o budismo expandiu-se de seu centro de origem, a Índia, por todas as direções para anunciar a todos os homens a liberação total, sua visão de mundo, seus princípios morais. Para isso teve que superar as barreiras criadas pelas diversas e ricas civilizações existentes na Ásia (indiana, indochinesa, chinesa, japonesa) para formar, no decorrer de um milênio, uma florescente comunidade espiritual. Esse é o grande mundo budista.
Por que universal ?
O budismo pôde afirmar-se como religião universal porque não estava ligado a nenhum povo ou grupo social em particular. Já os contemporâneos do Buda reprovavam-lhe o fato de ter superado os limites das várias castas e de destruir, assim, as bases religiosas sobre as quais se apoiavam. Mas, superando essas divisões, o budismo atingiu uma liberdade de pensamento e de reflexão muito elevada, ajudando vários povos, considerados subdesenvolvidos pelas civilizações indiana e chinesa, a elevar a própria cultura e a tomar consciência dos próprios meios.
Outro motivo que explica a universalidade vem do fato de o budismo não possuir uma organização rígida e centralizada, encabeçada por uma autoridade incontestável e com uma doutrina ortodoxa claramente fixa. A comunidade budista deu origem a muitas "escolas" com idéias e formas de vida, muitas vezes divergentes, com mestres, "sagradas escrituras", centros de estudo e de difusão próprios. Geralmente, isso aconteceu sem muitas confusões, com base num radical respeito às idéias alheias e à capacidade de absorver todos os elementos tidos como válidos. Assim, na China, o budismo assumiu várias idéias taoístas; no Japão, estabeleceu um compromisso com o xintoísmoe no sudeste da Ásia, adaptou-se ao culto do príncipe local. A difusão da doutrina e da cultura budista seguiu, de modo geral, as rotas comerciais terrestres e marítimas, mas o grande impulso deveu-se ao particular fascínio que essa religião possui.
Os fiéis budistas
Ainda que o ideal dos leigos budistas (upassaka) seja muito inferior ao dos monges (bongos), Buda fixou para eles regras precisas. Além da lição fundamental da "fraternidade" (isto é, o sustento dos monges), o bom leigo deve praticar três virtudes: fé, moral e benevolência.
A fé é uma predisposição interior que abre o coração à "tríplice pedra preciosa": o Buda, o Dharma (a lei) e o Sangha (a comunidade). Essa fé, contudo, não obriga o leigo a deixar sua crença religiosa e suas práticas em relação à divindade que prefere. A moral consiste em respeitar cinco proibições e todos devem fazer um dia de jejum por mês.
Fé e moralidade são finalmente sublimadas pela última virtude fundamental: a benevolência, que é a atitude de compaixão e de bondade para com todos os seres vivos.
Soberanos e governantes praticam a benevolência realizando, sobretudo, obras públicas (estradas, pontes, represas, plantações, etc), enquanto o monge preocupa-se exclusivamente com o alcance da perfeição pessoal, a ponto de parecer que ignora todas as pessoas, o bom leigo dedica-se às virtudes ativas (esmola, assistência aos doentes e moribundos, etc). Do laicato surgirá o "grande veículo", permeado por um ideal altruísta e religioso.
O Buda era ateu ?
É muito comum e conhecida a opinião de que o Buda ensinou uma doutrina atéia. A impressão é que ele não negou, mas também não se preocupou com a noção de Deus. Ignorou-a como sendo inútil porque cada um deve confiar só em si mesmo: divindades e demônios não ajudam nem atrapalham.
O Budismo hoje
Nesses 25 séculos de sua história, o budismo conheceu momentos de triunfo e de derrota; de grande espiritualidade e de displicência; de esplendor artístico e científico junto com a ignorância e superstições grosseiras. O encontro com as diversas civilizações enriqueceu-o, mas também distanciou-o de sua pureza originária e do entusiasmo missionário que caracterizou sua prodigiosa expansão.
Um golpe que o levou a um período de decadência foi dado pelas conquistas islâmicas, especialmente no século XII, o outro, pela colonização européia.
Praticamente, pode-se dizer que do século XVI ao século XX, o budismo permaneceu em estado de inércia, como que adormecido e sem energias. Seu despertar começou há pouco mais de 100 anos, graças ao interesse que alguns estudiosos ocidentais começaram a demonstrar por seus textos sagrados e monumentos. Depois, os próprios asiáticos tomaram uma série de iniciativas para fazer renascer a doutrina do Buda, como, por exemplo, fundar organizações cujo objetivo era renovar o budismo, purificando a prática religiosa, estudando cientificamente as sagradas escrituras e incrementando sua divulgação.
A partir de 1930, os esforços para esse revigoramento ficaram mais intensos e organizados, a ponto de, em 1950, ser fundada a Federação mundial dos budistas que estabeleceu um programa com três metas: constituição de uma frente única; difusão dos escritos do Buda e expansão missionária também fora da Ásia.
A difusão do Budismo
Mesmo entre os discípulos do Buda já havia divergências: Sariputa representa a tendência intelectual e rigorista; Ananda, a corrente mística, mais humana e misericordiosa, baseada nos exemplos do mestre.
Cem anos após a morte do Buda, essas divergências crescem entre os conservadores e 200 anos depois, há 18 escolas que se combatem entre si, cada uma afirmando ser a verdadeira intérprete da doutrina do Iluminado.

Pouco a pouco as divergências vão se atenuando e, por volta de 600 d.C., estabelecem-se as três grandes correntes oficiais, chamadas "veículos", palavra que significa meio de salvação e indica um estilo e um modo particular de enfrentar e resolver os problemas que o Buda indicou. São estes os três veículos:
Hinayama (Pequeno veículo): assim chamado pelos seguidores do "Grande veículo", por considerarem uma doutrina insuficiente, visto que afirma que só o monge, levando uma vida totalmente ascética, pode chegar à iluminação. Os seguidores desse caminho, contudo, preferem ser chamados de Theravadin, isto é, seguidores dos anciãos. Essa corrente é difundida hoje no Sri Lanka e em Mianmá, na Tailândia, em Laos e no Camboja.
Mahayana (Grande veículo): floresceu com sucesso no norte da Índia até 500 d.C., em seguida desapareceu para firmar-se depois noVietnã, no Japão e na China. Em relação à corrente anterior, esta acrescenta a possibilidade de reflexões filosóficas e místicas; dá espaço a práticas devocionais dirigidas ao Buda e aos outros iluminados, considerados como exemplo a ser imitado.
Vajrayana (Veículo do diamante): é a corrente menos difundida e que mais se distancia das origens, insistindo exatamente sobre os pontos que o Buda mais criticou: o ritualismo, a mística e a magia. Afirma-se enquanto corrente no século VI e difunde-se, especialmente pelaMongólia e pelo Tibete, onde é conhecida como "lamaísmo", visto que reconhece a autoridade político-religiosa do Dalai Lama.
O budismo Mahayama
O budismo Mahayana é chamado de "Grande Veículo" porque permite que um grande número de pessoas tenham acesso à salvação, tanto que em seu centro estão os leigos em contraste com a severidade e o fechamento aos monges. Difunde-se através de novas escrituras, diferentes das tripitaka do budismo tradicional e comportas durante a era cristã:
O Sutra da Sabedoria: tudo o que existe não é solidamente estável, mas relativo; tudo o que aparece aos nossos olhos e que chamamos de matéria (fenômenos naturais, criaturas, nós mesmos) é o efeito de aglomerações de energia e de causas. Tudo, porém, é transitório e mutável e a verdadeira sabedoria consiste em compreender e aceitar essa verdade.
O Sutra da Flor de Lótus: é talvez o sutra mais importante do budismo Mahayana. Ensina que o budismo é o único caminho, ainda que apresentado em diversas correntes, através do qual todos os seres podem chegar à salvação. Usa parábolas muito bonitas e simples, de fácil compreensão para todos.
O Sutra do Lótus Sublime: ensina que todos os seres têm em si a natureza do Buda, e tudo o que existe e acontece está misteriosamente relacionado.
O Sutra do Buda Amida: apresenta uma nova concepção de Buda e de salvação. o Buda é chamado Amida (a Vida Infinita, a Luz Infinita) e é infinitamente misericordioso. Qualquer pessoa, até os mais fracos e pecadores, se invocarem seu nome com fé, serão salvos pela misericórdia de Amida e, depois da morte, renascerão em seu paraíso.
Para sua reflexão:
1.º O que realmente definiria uma religião como universal?
2.º Em sua opinião, por que tantas pessoas do mundo ocidental, inclusive artistas, têm procurado o budismo?
3.º Você acha que o budismo resolve o problema da dor e do sofrimento?

1.º Os nomes do Buda
GAUTAMA - nome de família
SIDARTA - nome pessoal
SAKIYAMUNI - Sakiya é o nome do clã ao qual Sidarta pertencia;
Muni significa sábio. Portanto "o sábio do clã dos Sakiya".

BUDA - O Iluminado
TATHAGATA - aquele que possui a verdade
2.º - Buda e as mulheres
As civilizações antigas raramente souberam tratar com justiça as mulheres, muitas vezes consideradas como seres inferiores. A atitude de Buda, no início de sua pregação, segue essa linha, como se vê num de seus primeiros discursos: "As mulheres são malandrinhas, cheias de malícia e nelas é difícil encontrar a verdade". Falando aos monges, afirma que não se deve nunca dirigir a uma mulher ou olhar para ela, a não ser em caso de necessidade. As regras estabelecidas inicialmente para sua "ordem" referiam-se apenas a homens, porque só esses podiam tornar-se monges e atingir a perfeição.
Se uma mulher desejasse realmente o caminho da salvação, só tinha uma alternativa: renascer homem, o que seria possível caso em sua vida de mulher se esforçasse para "desenvolver o pensamento masculino "
A atitude de Buda explica-se, sobretudo, tomando como base sua doutrina sobre o aniquilamento do "brama de viver". A mulher, ligada à maternidade e ao nascimento, era vista como o obstáculo mais grave à libertação do ciclo dos novos nascimentos. Facilmente, ela podia desviar o homem de seus melhores propósitos, constituindo, pois, um grande perigo.
Era preciso mantê-la bem afastada e, para isso, devia-se aprender a desprezá-la.

Mais tarde, essa atitude melhorou. Numa antiga lenda conta que a mudança deveu-se às insistências da madrinha de Buda, apoiada pelas rações do discípulo predileto Ananda, que pediam a fundação de uma ordem feminina no monaquismo budista.
O Buda consentiu, ditando oito regras para as comunidades femininas, sinal de que também as mulheres poderiam atingir o Nirvana.
3.º Os "mandamentos do budismo"
Todas as religiões têm regras de comportamento moral, geralmente, uma lista de ações que devem ser evitadas , enquanto as ações não mencionadas são lícitas. Os budistas têm a SILA ou conduta moral que regem o comportamento e fornecem a existência ordenada e pacífica na comunidade.
Os preceitos estão divididos em três grupos:
- As cinco proibições: (mínimo indispensável para qualquer budista)
  • não matar seres vivos;
  • não roubar;
  • não cometer atos impuros;
  • não mentir;
  • não tomar bebidas embriagantes
- Os oito mandamentos incluem as cinco proibições a que se acrescentam as três seguintes, obrigatórias para os monges e, em certos períodos, para os leigos:
  • não comer nos tempos indevidos;
  • abster-se do canto, da dança, da música e de todo espetáculo indecente, não enfeitar a sua pessoa com guirlandas, perfumes e pomadas;
  • não usar cadeiras altas e luxuosas.
- Os últimos dois preceitos são:
  • não usar camas grandes e confortáveis;
  • não comercializar coisas de ouro ou prata
DICIONÁRIO
  • Carma - Mas filosofias da Índia, o conjunto das ações dos homens e suas consequências.
  • Casta - Camada social hereditária, cujos membros pertencem à mesma raça, etnia, profissão ou religião.
  • Ascese - Exercício prático que leva à efetiva realização da virtude, à plenitude da vida moral.
  • Eremita - Pessoa que vive isolada para fazer penitência.
  • Monaquismo - Relativo à vida dos monges
  • Sutra - Tratado onde se reúnem as regras do rito, da moral e da vida cotidiana, na literatura da Índia.
A vida dos monges
As formas de viver o budismo são, fundamentalmente, duas: pertença a Ordem composta de monges (bhiksu) e monjas (bhiksuni) e a fraternidade dos leigos (upasaka).
O bhiksu é, acima de tudo, um monge mendicante, que renuncia a possuir qualquer coisa, a exercer uma profissão remunerada, que só pode receber doações em espécies, não em dinheiro. Todos os seus bens são: um hábito amarelo (túnica, manto) e, nos países de montanhas, um par de sapatos.
O monge não tem residência fixa e os mosteiros são apenas lugares de encontro para os dias de retiro e para o período das chuvas.

O dia de um monge é bem estruturado: levantar-se bem cedo; esmola; antes do meio dia, a única refeição do dia; meditação ou repouso durante a tarde até a hora da reunião pública para a leitura das escrituras. Ao anoitecer, o monge toma um banho purificador e conversa com algum irmão durante boa parte da noite.
Além do jejum cotidiano, os monges reúnem-se para celebrar a uposatha (observância), ou seja, o retiro e o jejum rigoroso a cada quarto de lua. Uma vez por mês, há o rito da "confissão pública", conduzida pelo bhika mais velho que, depois da leitura dos 227 preceitos da disciplina monástica, pede aos presentes que acusem suas faltas. Quem não se confessa torna-se gravemente culpado de falsidade e é punido com duras penitências.
O budismo Zen
É uma corrente budista que se desenvolveu na China, onde foi introduzida pelo mestre indiano Bodhidarma, no século VI, e tornou-se a mais difundida no Japão, influenciando muito a cultura, a arte, as artes marciais e o modo de pensar do povo japonês.
O budismo Zen, mais que indicações teóricas e estudos sobre as escrituras, dá muita importância à meditação. Trata-se do ensinamento que é transmitido diretamente do mestre ao discípulo, de oração à oração. O pensamento e a meditação Zen tem atraído muitas pessoas em todo o mundo.
Fukan-zazenzi (conselhos para a meditação Zen)
Este texto foi escrito pelo mestre japonês Dogen, em 1227, logo após seu retorno da China, onde aprendera o zen com os mestres chineses, como texto fudamental para aprender a meditação zen.
"Para fazer zazen (meditação zen), é necessário um quarto sossegado e comer e beber com moderação. Esqueça as preocupações e descanse de toda atividade; não pense no bem ou no mal, não se preocupe com o necessário e com o inútil. Pare o movimento da mente e da consciência e interrompa todo o pensamento, toda imaginação ou consideração. Não procure tornar-se um iluminado e não se misture com as ações do dia-a-dia.
Num lugar qualquer do quarto, coloque um tapete espesso e sobre ele um travesseiro. Sente-se na posição de lótus ou de meio lótus. Por posição de lótus entende-se sentar-se com as pernas cruzadas, apoiando o pé direito sobre a coxa esquerda e o pé esquerdo sobre a coxa direita. Por posição de meio lótus entende-se sentar-se com as pernas cruzadas apertando só o pé esquerdo contra a coxa direita. A roupa e a cintura devem estar folgadas e em ordem. Depois, pouse a mão direita sobre a perna esquerda e a mão esquerda sobre a palma da mão direita, com os polegares que se tocam levemente. Deve estar deitado em posição reta, sem inclinar-se nem à direita nem à esquerda, nem para frente nem para trás. Certifique-se de que as orelhas estejam no mesmo nível dos ombros e o nariz, em linha com o umbigo. Apoie a língua no palato, com os lábios e os dentes fechados. Os olhos devem ser mantidos sempre abertos. Respire suavemente pelo nariz e depois de ter arrumado corretamente a posição, respire profundamente, incline-se levemente para a direita e para a esquerda, sente-se firmemente numa posição estável e pense ao não-pensar. Como se faz para pensar ao não pensar ? Não pense. Isso é em essência a arte da meditação zen.
O zazen não é uma meditação para aprender, é simplesmente a porta da realidade, da paz e da beatitude. É a prática-iluminação que culmina na visão da Realidade Suprema. É a própria manifestação da Realidade e não existem armadilhas que a possam bloquear. Se compreender o profundo significado disso, você é como um dragão que encontrou a água ou como um tigre que se move livremente na montanha. Sabe, com certeza, que a verdadeira realidade manifesta-se por si mesma e as distrações e maus pensamentos são bruscamente afastados.
Quando se levantar da meditação, mova o corpo lentamente e erga-se com calma e decisão. Não se levante repentina e bruscamente.
Alguns pensamentos do Buda
Pensamentos extraídos do Sutanipata, um dos mais antigos escritos budistas que refletem bem o pensamento original do Buda:
  • A vida dos homens, neste mundo, não tem um limite exato, ninguém sabe quanto poderá viver. É penosa, breve e cheia de sofrimentos.
  • Quem nasceu não pode fugir à morte. Torna-se velho e morre. Na verdade, esse é o destino de todos os seres vivos.
  • O fruto maduro cai logo, do mesmo modo que aqueles que nasceram devem morrer. Esses têm sempre medo da morte.
  • Por exemplo, como os vasos de cerâmica que o oleiro modela e, no final, se rompem, assim também é a vida do homem.
  • Jovens ou adultos, tolos ou sábios, todos são submissos à morte. Todas as pessoas, certamente, chegam à morte.
  • Esses desaparecem pela morte e se vão para outro mundo: o pai não pode salvar o filho, um parente não pode salvar o parente.
  • Se quem é tomado pela desilusão e perde a si mesmo acha que é útil chorar, que também o sábio faça o mesmo.
  • Se alguém não pára de chorar, aumenta sempre seu sofrimento. Se chora por alguém que morreu, será, cada vez mais, tomado pela tristeza.
Carlo Ghislandi e Kiyozono Daian Taimei
Revisão e atualização de Celestino Cavagna

[ ] A relação entre mestre e discípulo






“Querido Osho,

Sinto um amor carinhoso quando estou na sua presença, mas percebo que quando não estou próximo a você, não é do mesmo jeito. É verdade que espaço e tempo não fazem qualquer diferença na grande relação entre mestre e discípulo?

Deva Suria, é sempre verdade que espaço e tempo não fazem qualquer diferença na grande relação amorosa entre discípulo e mestre. Não que em algumas vezes seja verdade e em outras, não. Essa questão é eterna. Mas, na experiência real, particularmente no começo, o amor do discípulo ainda não é tão puro; ainda existem expectativas. Não é um amor sem desejos; ele está poluído por muitas coisas.

Por causa dessa poluição de desejos e expectativas, tem-se a impressão que espaço e tempo fazem alguma diferença. Eles não fazem diferença no que se refere ao amor, mas o seu amor não é apenas amor; ele tem muitas outras coisas envolvidas. Mesmo a expectativa da iluminação é suficiente para destruir a sua pureza.

O princípio se aplica ao amor puro, ao amor que é simplesmente feliz sem que haja qualquer motivo, ao amor que já juntou a dança do mestre ao coração. Então, o mestre não está mais fora, você o carrega dentro de si, onde quer que esteja. É por isto que espaço e tempo não fazem qualquer diferença. Mas se o mestre ainda estiver do lado de fora, como um objeto de amor, então o espaço fará diferença, o tempo fará diferença. A diferença vem através das impurezas e elas são quase inevitáveis no começo, porque você não consegue pensar que o desejo pela iluminação seja uma impureza.

De fato, para você, a grande relação amorosa entre o mestre e o discípulo está acontecendo somente por causa de seu anseio pela iluminação. Naturalmente, quando você está próximo, você sente mais confiança. Quanto mais próximo estiver, mais você sentirá a presença do mestre. Quanto mais longe você for, mais a sua confiança começará a estremecer porque o mestre ainda é apenas um meio para se chegar a um certo fim.

Quando Gautama Buda morreu, havia dez mil discípulos que sempre o seguiam em suas longas jornadas. Naquela grande multidão de discípulos, havia pessoas como Sariputta, Maudgalyan, Mahakashyapa, Manjushri, Vimal Kirti e muitos outros que já tinham se tornado iluminados, que já haviam cruzado a barreira entre o mestre e o discípulo, que já haviam entrado no mundo da devoção.

Quando Gautama Buda morreu foi um grande choque para todo mundo, mesmo para o seu discípulo mais próximo, Ananda, que desatou a chorar. Ele era mais velho que Gautama Buda. Buda tinha oitenta e dois anos e Ananda, cerca de oitenta e cinco ou mais. Ele desatou a chorar como uma criança que perdeu a mãe. Mas Manjushri, Vimal Kirti e Sariputta permaneceram completamente silenciosos, como se nada estivesse acontecendo, ou se o que estivesse acontecendo não lhes dissesse respeito.

Muitos discípulos ficaram chocados com a frieza de Sariputta e dos outros; eles não conseguiam entender. Eles podiam entender o Ananda desatando a chorar. Na verdade, eles pensavam que Ananda era o mais íntimo. Enquanto Sariputta, Maudgalyan e Mahakashyapa permaneciam sentados em silêncio.As pessoas lhes perguntavam, ‘Por que vocês estão em silêncio, enquando Ananda está chorando?’

Sariputta respondeu, ‘Porque para mim, meu mestre nunca pode morrer. A morte não consegue nos separar. Ele apenas deixou o seu corpo, mas ele continua aqui; meu coração ainda está sentindo a sua presença, na verdade, sentindo mais do que nunca.’

E as respostas dos outros discípulos iluminados foram as mesmas, sem uma simples lágrima em seus olhos. Eles não eram duros nem frios. Eles simplesmente já tinham cruzado a barreira entre mestre e discípulo. Ou você pode dizer que eles entraram na consciência do mestre, ou eles permitiram que a consciência do mestre entrasse neles, o que quer dizer a mesma coisa: os dois desapareceram e agora existe apenas um.

O entendimento das pessoas estava absolutamente errado que Ananda devia ter amado mais o mestre, porque ele havia desatado a chorar. Perguntado, ele disse, ‘Eu estou chorando porque enquanto ele estava vivo, por quarenta e dois anos eu fui o seu discípulo mais íntimo, intimidade no sentido de que eu estava sempre com ele. Nestes quarenta e dois anos, nem por um simples dia eu me separei dele, mesmo à noite eu costumava dormir em seu quarto, só para estar presente, no caso dele precisar de algo. Eu não estou chorando porque eu era o mais íntimo; eu choro porque mesmo com essa prolongada intimidade, eu permaneci separado dele. Alguma coisa permanecia como uma barreira.’

Gautama Buda não estava morto ainda. Ele apenas tinha fechado os olhos e estava relaxando no eterno.Ele voltou, abriu os olhos e disse ao Ananda, ‘Não se preocupe. Era a minha presença e o seu amor para comigo que era a barreira, porque o seu amor tinha uma motivação. Você queria tornar-se iluminado antes de todos, e você sempre tinha uma inveja escondida quando os outros alcançavam o seu potencial, chegando à própria fonte. No fundo você se sentia machucado, porque você estava muito próximo, mas eram os outros que estavam se tornando iluminados antes de você. Você não conseguia alegrar-se com a iluminação deles. Você poderia ter se alegrado, poderia ter celebrado, mas o foco de sua mente era a sua própria iluminação, era muito você. E a sua inconsciência continuou desde o primeiro dia, preso à idéia de que você é meu primo-irmão, meu irmão mais velho. Ainda que desde o primeiro dia você não tenha mais mencionado isso, a memória piscológica estava ali. Conscientemente, deliberadamente você tornou-se um discípulo, mas inconscientemente você sempre sabia que era o meu irmão mais velho; você não conseguiu dissolver-se em mim. Mas não chore, vinte e quatro horas após o momento em que eu morrer, você se tornará iluminado. Sem a minha morte, você não consegue tornar-se iluminado.’

Ananda ainda não conseguia consolar-se. Ele disse, ‘Depois de vinte quatro horas você não estará aqui. Para quem eu irei perguntar se eu me tornei iluminado ou não? E, na eternidade do tempo, eu não sei quando eu encontrarei um homem como você, com uma consciência tão grande e vasta.’
Buda lhe disse, ‘Não se preocupe, isso vai acontecer. Eu estava observando continuamente. Eu mesmo estava intrigado porque não estava acontecendo com você. Você queria tanto.’

E esse é o problema: deseje demais a iluminação e você a perderá, retenha em algum lugar do seu inconsciente o desejo de alcançá-la e você não alcançará.

Relaxando, esquecendo tudo sobre iluminação, esquecendo tudo sobre o futuro, vivendo no presente, o seu amor atingirá uma pureza clara e cristalina, não poluída por qualquer desejo, nem mesmo o desejo maior pela iluminação.
Então você não sentirá a distinção entre o mestre e você mesmo, e carregará o mestre dentro do seu coração. Então, onde quer que você esteja, o mestre estará com você. A dualidade será deixada de lado; as duas chamas se tornarão uma. Não é a sua chama e não é a chama do mestre. Quando aquelas duas chamas se tornam uma, elas se tornam universal. Na separação, você é um discípulo e existe um mestre. Tornando-se um, o discípulo desaparece e o mestre desaparece; o que permanece é apenas a pura consciência.

A transformação do amor em pura consciência é a alquimia a ser aprendida quando se está próximo de um mestre. Estando próximo de um mestre, você pode desfrutar de seu carinho, da sua presença, das suas palavras, da batida de seu coração. Mas quando você se afasta, você não é capaz de ouvir a mesma batida do coração, você volta de novo à estaca zero. Você ouvirá a batida do coração, mas será do seu próprio coração. Próximo ao mestre você está sob a sua influência.

O segredo do aprendizado é a purificação de seu amor.
Abandone todas as ambições.
Nada há para ser alcançado.

Tudo que você deseja já está presente em você. O mestre não vai lhe dar algo que você ainda não tenha. Na verdade, o mestre continua tirando coisas que você pensa que tem, mas que não tem. E o mestre não pode, naturalmente, dar-lhe aquilo que você já tem. Ele só consegue retirar todas as barreiras, todos os estorvos, todos os obstáculos, de modo que só permaneça aquilo que lhe é próprio. Em tal espaço não poluído, a distinção entre o mestre e o discípulo deixa de existir. Isto não significa que você não se sinta agradecido ao mestre. Na verdade, somente depois que isto tenha acontecido, você sentirá pela primeira vez, uma tremenda gratidão.

Sariputta estava muito relutante em partir para espalhar a mensagem. Buda pediu-lhe para ir ao seu próprio reino. Ele era um príncipe, antes de se tornar um discípulo. Buda disse, ‘Agora é sua responsabilidade e sua compaixão ir até o seu povo: ao seu pai, sua mãe, a todo seu reino. Deixe que eles fiquem cientes do que você alcançou. Compartilhe, eles também têm o potencial.’

Ele estava muito relutante para partir. Buda disse, ‘Qual é a relutância? Agora eu estou dentro de você. Eu estou enviando-o para longe, sabendo perfeitamente bem que você não sentirá qualquer distância.’

Sariputta disse, ‘A distância não é o problema. Eu posso ir até a estrela mais distante e você ainda estará dentro do meu coração. O problema é que, estando aqui, eu toco os seus pés todos os dias. Você poderá estar em meu coração, mas como eu vou tocar os seus pés?’

Gautama Buda disse, ‘Você é um ser iluminado. Você não tem que tocar os meus pés.’

Sariputta disse, ‘Antes da iluminação, isto era um ritual. Eu tocava os seus pés apenas porque todo discípulo estava tocando. Mas agora não é mais um ritual. Agora é autêntica gratidão, porque sem você, eu não teria alcançado a mim mesmo. Embora isto estivesse sempre dentro de mim, eu não acho que sozinho seria capaz dessa descoberta, pelo menos, não nesta vida. A sua compaixão, o seu amor, as bênçãos que continuamente você derramou sobre mim, pouco a pouco, removeram tudo aquilo que não era eu mesmo. Agora, quando eu toco os seus pés, não é um ritual, é um alimento do coração. Eu me sinto nutrido. No dia em que eu deixo de tocar-lhe os pés, sinto um vazio. E sei que você está dentro de mim.’

Buda disse, ‘Todos vocês que se tornaram iluminados terão que aprender a estar longe de mim, e ao mesmo tempo não estarem longe de mim. É verdade que vocês não conseguirão tocar os meus pés, mas, de onde vocês estiverem, simplesmente se voltem para o lado onde vocês acham que eu estou e curvem-se até a terra. O meu corpo pertence à terra. Se vocês tocarem a terra com a mesma gratidão, estarão tocando a mim.’

Sariputta partiu. E as pessoas de seu reino não conseguiam acreditar; ele havia alcançado uma grande glória, uma grande magnificência, uma grande beleza. Tudo isto era milagroso, mas a curiosidade deles era porque todos os dias, pela manhã e ao anoitecer ele se voltava para a direção onde, longe, Buda estava morando, e tocava a terra com tremenda gratidão.

Eles diziam, ‘Você é um ser iluminado, não tem que tocar a terra.’

Ele dizia, 'Eu não estou tocando a terra. Aprendi um novo segredo, que o corpo nada mais é do que terra, e que ela contém não apenas os pés do meu Buda, meu mestre, mas todos os budas do passado, do presente e do futuro. Tocando-a, eu toco todos aqueles que tornaram-se despertos e fizeram com que o caminho ficasse claro para mim, mostraram-me o caminho.’

Mesmo depois que Buda morreu, ele continuou curvando-se, voltado para a mesma direção onde estava o corpo de Buda em seus últimos momentos. Ele nunca sentiu qualquer separação. E isto não foi apenas com ele, mas com todos os vinte e quatro discípulos que haviam se iluminado.

Ananda iluminou-se, conforme Buda predisse, vinte quatro horas após ele deixar o corpo. Na verdade, ele nem se moveu do lugar. Quando Buda morreu, ele fechou os olhos e permaneceu sem comer, sem beber, sem dormir. Aquelas vinte e quatro horas foram o tempo mais importante de sua vida, um tempo de transformação de um ser ignorante em uma alma desperta. Ele somente abriu os olhos quando as lágrimas haviam desaparecido e um sorriso havia brotado em seu rosto.

Manjushri estava próximo e disse, ‘O que aconteceu? Você esteve chorando, esteve sentado como se estivesse morto, e, de repente, você está rindo’.

Ananda disse, ‘Eu estou rindo porque a sua predição provou estar certa. O obstáculo era a impureza de meu amor. E agora que ele se foi, não há mais razão para sentir-me como seu irmão mais velho, para sentir qualquer apego. Em sua pira funerária, na medida em que o seu corpo desaparecia na fumaça, todos os meus apegos também desapareciam.’

Não será necessário, Suria, que eu tenha que estar numa pira funerária para você se tornar iluminada. Pode ser assim, se você precisar. Um dia eu estarei lá, mas será muito mais bonito se no dia em que eu estiver numa pira funerária, você estiver sem lágrimas. Quando eu desaparecer do corpo, você saberá que eu tornei-me mais profundamente envolvido dentro de você e dentro de toda a existência.”

9.4.11

EP# Ananda * Estado de Consciência


Ānanda foi um dos discípulos principais e um assistente de devotos do Buda. Entre os muitos discípulos do Buda, Ananda era o que tinha a memória mais prodigiosa. A maioria dos suttas, no Sutta Pitaka, são atribuídos a sua lembrança dos ensinamentos do Buda no Primeiro Concílio Budista. Por isso, ele era conhecido como o guardião do Dharma.
De acordo com o Buda, cada Buda do passado e do futuro terá dois principais discípulos e uma atendente, durante o seu ministério. No caso de Gautama Buda, no par de discípulos estavam Sariputta Mahāmoggallāna e Ānanda, o atendente.
A palavra 'Ananda' significa 'felicidade' em Pali, Sânscrito, bem como em outras línguas indianas. É um nome budista popular e também um nome hindu.
No Kannakatthala Sutta (MN 90), Ananda é identificado com o significado do seu nome:
Então, o rei Pasenadi Kosala disse ao Abençoado: "Senhor, qual é o nome deste monge?" "Seu nome é Ananda, grande rei."
"Que alegria está ele! Que alegria verdadeira !..."
Ānanda era o primo do Buda por seus pais, e foi dedicado a ele. No vigésimo ano de ministério do Buda, ele tornou-se assistente pessoal do Buda, que o acompanha na maioria das suas andanças, tomando parte como interlocutor em muitos dos diálogos gravados. Ele (Ānanda) é o tema de um panegírico especial fornecido pelo Buda, pouco antes Parinibbana do Buda (Mahaparinibbana Sutta (DN 16)). Um louvor a um homem que é gentil, altruísta, popular e atencioso para com os outros.
Na longa lista dos discípulos dada no Nikaya (I. XIV.), na qual cada um deles é declarado para ser o chefe de alguma qualidade, Ananda é mencionado cinco vezes (mais vezes do que qualquer outro). Ele foi nomeado chefe da conduta, no serviço aos outros, e em poder da memória. O Buda, por vezes, lhe pediu para substituí-lo como professor e depois afirmou que ele próprio, Buda, não teria apresentado os ensinamentos daquela forma.

O Primeiro Conselho
Porque conviveu com Buda pessoalmente e frequentemente viajava com ele, Ananda ouviu e decorou muitos dos discursos do Buda entregue a diversos públicos. Por isso ele é freqüentemente chamado de o discípulo de Buda que "fala muito". No Primeiro Concílio Budista, convocado logo após a morte de Buda, Ananda foi chamado a recitar muitos dos discursos que mais tarde se tornaram o Sutta Pitaka do Cânone Pali.
Apesar de sua longa associação com o próximo e proximidade com o Buda, Ananda foi apenas um fluxo vencedor antes da morte de Buda. Porém, Buda disse que a pureza de seu coração era tão grande que, "se Ananda morrer sem ser totalmente liberado, ele seria o rei dos deuses sete vezes por causa da pureza de seu coração, ou seria o rei do subcontinente indiano sete vezes . ... Mas Ananda experimentará libertação final nesta vida. " (AN 3,80)
Antes do Primeiro Conselho Budista, foi proposto que Ānanda não fosse autorizado a participar, alegando-se que ele ainda não era umarahant. Reza a lenda que Ananda concentrou seus esforços na realização de Nibbana e ele foi capaz de atingir o nível especificado de realização antes da convocação do conclave.
Em contraste com a maioria das figuras descritas no cânone páli, Ananda é apresentado como um ser imperfeito e Simpático (figura). Ele lamenta a morte de Sariputta, com quem teve uma amizade próxima, e do Buda. Um versículo do Theragatha [1] revela sua solidão e isolamento após a parinirvana do Buda.
Na tradição Zen, Ananda é considerado o segundo patriarca indiano. Ele é freqüentemente representado com o Buda Mahakashyapa, o primeiro patriarca indiano.

Ligações externas
Nomes de Entrada na Ananda no Dicionário budista Pali Proper Biográfico conta Ananda Ananda com o Buda e Subhuti Digital Dictionary of Buddhism (log in com o convidado "userID") Ananda: Guardião do Dhamma por Hellmuth Hecker

Referências
Este artigo incorpora texto da Encyclopædia Britannica Eleventh Edition, uma publicação agora em domínio público. Ananda: Guardião do Dhamma por Hellmuth Hecker