28.5.11

*,* Mudança de Tempos - 6º CHACRA ETÉRICO AJNA ou FRONTAL

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6º CHACRA ETÉRICO AJNA ou FRONTAL ou chamado de Terceira Visão. Ajna significa “autoridade, comando, poder ilimitado, comando intuitivo”. É o chacra da espiritualidade superior.
Abordei nos artigos anteriores o 1º Chacra, chamado Muladhara ou básico, o 2º, Swadhisthana, 3º Manipura ou Plexo Solar. O 1º Chacra Muladhara, tem a função de auto-perpetuação e o 2º Swadhisthana visa à perpetuação da espécie, o 3º chacra visa reconhecer o indivíduo dentro da sociedade, ser promovido, ser visto e reconhecido, o 4º Chacra, Etérico Anahata ou Cardíaco, este chacra a ponte, a forja alquímica que transforma e converte em compatíveis as energias dos três primeiros chacras (abaixo do coração), elevando-os, e os três de cima, fazendo-os descer, permite amar totalmente e sem incondicionalmente. O 5º Vishuddha ou Laríngeo, relacionado com forças muito mais subtis, a expressão da verdade, através do pensamento, da palavra e da acção e hoje falarei do 6º CHACRA ETÉRICO AJNA ou FRONTAL ou chamado de Terceira Visão. Ajna significa “autoridade, comando, poder ilimitado, comando intuitivo”. É o chacra da espiritualidade superior. Este é o verdadeiro olho da visão e envolve a ideia de dualidade (o que vê e o que é visto). É o olho divino e é através dele que a alma vê o mundo dos homens, e é através dele que a direcção da personalidade acontece. No Egipto este chacra era representado pelo uréus, a Serpente Sagrada que era usada na testa dos Faraós. O príncipe Sidarta Gautama, o Budda, quando despertou este chacra, foi representado por uma enorme serpente, nadja ou ajna, como é o nome deste chacra, emplumada, envolvendo-o. O despertar deste Chacra permite-nos ver os objectos do plano etérico, determinando a faculdade de clarividência. Este Chacra pode funcionar como verdadeiro telescópio e microscópio. Este chacra deve ser activado antes de qualquer outro, uma vez que desperto tem o poder de anular o carma e assim, ajuda a diminuir os perigos que podem surgir quando o carma dos chacras inferiores é activado. Psicologicamente, está relacionado com as diversas formas de conhecimento, com a percepção (intuição) e com a capacidade de realizar (poder da vontade, liderança). Localiza-se no ponto em que os 3 nadis principais se fundem para formar uma única passagem, que continua a subir até ao sahasrara. No corpo físico Ajna relaciona-se directamente com a glândula pineal e com o ponto entre as sobrancelhas, ponto este escolhido para a concentração neste chacra.. A teosofia afirma que a pineal é o órgão de transferência de pensamentos de um cérebro a outro. O centro posterior deste chacra, na base do crânio, é o centro executivo do poder da vontade. A representação deste Chacra tem a forma de raios de luz saindo pela testa. Esse conhecimento pode ser ligado às ciências da natureza, racional, analítico, experimental e sensorial (hemisfério esquerdo do cérebro), ligado às ciências do espírito, intuitivo, sintético, experiencial e sentimental (hemisfério direito do cérebro) ou ligado às ciências holísticas, integrativas, complementares e paranormais (corpo caloso, a região entre os hemisférios). O verdadeiro conhecimento, vindo pela energização do deste Chacra gerará o auto-conhecimento necessário ao perdão de si próprio. A sua abertura e desenvolvimento faculta-nos ouvir directamente a voz do nosso “Eu superior”, o Mestre orientador presente em cada um de nós. Para a filosofia oriental, que considera o pensamento como um objecto de natureza subtil, que pode ser transmitido e recebido, a mente seria mais um elemento da matéria e este Chacra estaria relacionado com o elemento “mente” e seus conceitos. Esses conceitos incluem os conceitos de realidade e de ilusão, a maneira como vemos o mundo.

Quando em desequilíbrio, no físico, surgem sintomas e doenças como p. ex a renite, problemas de ouvido, de olhos, surdez, tontura, enxaqueca. Cansaço e confusão mental. Quando em desarmonia, podem surgir problemas físicos na zona supra-nasal da cabeça, e desordens psicológicas onde surgirão desajustamentos entre o que acreditamos ser verdadeiro e o que observamos na prática. Psicologicamente, perde-se a capacidade de raciocínio lógico e o interesse por qualquer coisa. Perde-se a iniciativa e a capacidade de pôr em prática a criatividade. Falta de concentração, falta de objectivo, instabilidade de vida (constantes perdas de emprego, mudanças frequentes de residência, trocas constantes de parceiros amorosos ou do modo de se vestir), perda de memória, desorganização temporal e espacial. Cefaleias, labirintites, problemas de ouvidos e olhos, surdez, cansaço e confusão mental, fanatismos, psicoses, dificuldades de percepção e até medo de fantasmas ou espíritos também podem surgir. Quando emocionalmente equilibrado desenvolve-se a percepção em relação ao universo, entendimento do próprio caminho, percepção, intuição, fé e devoção, carisma, magnetismo, força, sabedoria, capacidade de concentrar-se e foco no objectivo. Quando em desequilíbrio emocional surge a desconcentração, dogmatismo, ver a vida com limitação, arrogância, medo, perda da fé e sedução, delírios, egoísmo, obsessão, teimosia e apego a crenças impostas pela sociedade. A sua forma geométrica é o Círculo. Os planetas são Mercúrio, Vénus e Urano. A cor é o azul índigo e o violeta. Os Alimentos que estimulam este chacra é, por exemplo, Beringela, beterraba, ameixa preta. As pedras são os Cristais brancos, ametista, sodalita e lápis lazúli. Seu Mantra é o OM. As Fases da vida situam-se entre os 35 e 42 anos. Funções: Austeridade; intuição; vidência; serenidade; pureza. É o chacra sede das Faculdades do Conhecimento: Buddhi: (conhecimento intuicional), Ahankara (eu), Indriyas (sentidos) e Manas (a mente). É representado por um triângulo branco simbolizando a yoni e no meio um lingam (órgão masculino). No centro do chacra está o yantra do som (símbolo) OM, o melhor objecto de meditação. Meditando neste centro o praticante "vê a luz"; como uma chama incandescente. Fulgurante como o Sol matutino claramente brilhante, reluz entre o "céu e a terra". O desafio do sexto chacra é focar a mente num ponto onde a clareza do ponto e a paz ocorrem automaticamente. O sentimento natural que ocorre dentro de nossas mentes é a verdade. Nos tornamos capazes de trazer às nossas mentes o ponto da unidade para além da dualidade, movemo-nos para além da mente racional conflituosa. Experienciamos o conhecimento interno, a intuição, os poderes psíquicos e a clarividência.Nós sabemos de nossa verdade, sintonizamos e confiamos em nosso guia interior e somos capazes de, conscientemente, participar na criação de nossa realidade.

EP # Chakras e Nadis



CHAKRAS E NADIS - Chakra é a denominação sânscrita dada aos centros de força existentes nos corpos espirituais do homem; também são chamados lótus ou rodas. Quando eles estão inativos assemelham-se a rodas; quando despertam, eles tomam a aparência de uma flor (lótus) aberta, irradiante, colorida pela freqüência da energia das pétalas (1). No Mundaka Upanishad define-se o chakra como o local "onde os nadis se encontram como os raios no cubo de uma roda de carruagem". Os centros são formados pelo encontro destas linhas de força (nadis), do mesmo modo que os plexos, no corpo físico, são formados pelo encontro de nervos.
Existem centros maiores, aqueles que resultam do encontro de um número maior de nadis (vinte e uma vezes, segundo Coquet) e os centros menores em que a confluência dos nadis é menor (2). Entre estes últimos existem vinte e um (21) formados pelo encontro de quatorze (14) nadis e outros bem menores formados pelo cruzamento de sete (7) nadis.

NADIS E MERIDIANOS - Os nadis são, portanto, linhas de força que não devem ser confundidas com os nervos do corpo físico, embora estejam em relação a eles como os chakras com os plexos e órgãos do corpo físico. São condutores de energia. Os estudos de Motoyama indicam que eles podem ser comparados aos meridianos sobre os quais trabalha a acupuntura. Esta é também a opinião de Coquet.
No corpo etérico, denominado também pelos teosofistas de corpo físico invisível, porque nasce com o corpo físico e com ele desaparece, os nadis se apresentam como se fossem milhares de finos filamentos de gás néon, entrecruzando-o em toda sua extensão (3). O número deles difere na literatura hindu, pelo que se atribui um caráter esotérico às quantidades apontadas: 72.000, 550.000, 720.000, etc. Os mais importantes são o Sushumna, Ida, Pingala, Gandhara, Hastajihva, Kuku, Sarasvati, Pusha, Sankhini, Payaswini, Varuni, Alambhusha, Vishvodhara, Yasasvíni. Os três primeiros são os mais importantes, sendo que o Sushumna domina a todos os demais.

IDA, PINGALA, SUSHUMNA - Para que se possa ter uma noção desses três nadis ao longo da coluna vertebral, tomemos uma série de números "8" e os coloquemos em posição horizontal, empilhando-os ao longo da coluna vertebral; teremos então uma figura semelhante às serpentes no caduceu de Mercúrio. O nadi que sobe pela esquerda é Ida; o da direita Pingala; não estão porém dispostos de forma paralela, eles entrecruzam-se como nos referimos acima (4). No centro corre um canal: é o nadi Sushumna. Ao longo da coluna vai formando uma série de confluências, das quais a mais importante é a existente no chakra frontal, onde desembocam. Ida e Pingala estão sempre ativos, mas o Sushumna permanece inativos, pois o prana ainda não circula através dele (5). No interior do Sushumna acham-se três outros nadis o Vajna, Chitrini, dentro do qual se encontra o Brahma nadi, ao longo do qual se elevará a energia Kundalini.

NADI = NATUREZA - Coquet esclarece que: "Cada nadi tem uma natureza quíntupla e encerra cinco fibras de energia estreitamente ligadas no interior de uma bainha que os recobre. Estes filamentos de energia são unidos uns aos outros em relações transversais." É preciso entretanto notar que cinco tipos de energia formam uma unidade e que, tomados em seu conjunto, eles formam a própria bainha etérica. É, diz-se, através destes cinco canais que correm os cinco pranas maiores, vitalizando assim todo o organismo humano. Não existe uma só parte do corpo que não possua uma rede de nadis subjacente à sua forma.

PRANA - ESPÉCIES - As cinco diferenciações do Prana no corpo humano são:
- PRANA: estende-se do nariz ao coração e influencia particularmente a garganta e a palavra, o coração e os pulmões;
- SAMANA: estende-se do coração ao plexo solar e age, sobretudo, sobre o poder de assimilação do alimento e da bebida. Está deste modo em estreita relação com o estômago;
- APANA: é particularmente ativo desde o plexo solar até a planta dos pés e age sobre os órgãos de eliminação, de dejeção e da geração. Seu poder está pois fortemente unido aos órgãos geradores e eliminadores;
- UDANA: está situado entre o nariz e a parte superior do crânio; está em relação com o cérebro, os olhos e o nariz.
-VYANA: corresponde à soma total das energias prânicas tal como é repartida através de todo o corpo por intermédio de milhares de nadis e nervos, assim como dos canais sanguíneos, das veias e das artérias" (Coquet - Les Çakras - L"anatomie occulte de L"homme, Paris, 1982, p. 43).

Descritos por Swami Satyananda Saraswati Swami Satyananda Saraswati é um guru indiano muito respeitado que escreveu inúmeros trabalhos sobre a ioga tântrica e sobre os chakras. Nasceu no Himalaia em 1923 e tomou-se discípulo de Swami Shivananda em 1947. Depois de doze anos de prática espiritual com seu mestre, passou nove anos peregrinando pela Índia a fim de aperfeiçoar seu sadhana. Em 1964, estabeleceu-se em Monghyr e fundou a Bihar School of Yoga. Assim, sob sua orientação surgiram muitos centros de ioga e ashrams por todo o mundo.

Swami Satyananda extraiu a essência da prática da ioga tradicional e criou seu próprio sistema de tantra para atender às necessidades dos tempos modernos. Nosso Institute for Religious Psychology (Instituto de Psicologia Religiosa), em Tóquio, mantém um intercâmbio com sua organização, por meio do qual utilizamos suas doutrinas iogues; além disso, ele tem plena liberdade para consultar nossas pesquisas científicas.

Segundo Satyananda, a palavra chakra refere-se a um centro de energia psíquica no corpo astral, centro este que controla certas habilidades elevadas ou paranormais. Também afirma que cada chakra se relaciona diretamente com um determinado sistema ou órgão do corpo físico, inclusive o cérebro. Muitos desses centros estão inativos ou num estado de atividade mínima nos seres humanos comuns. No curso natural da evolução, tais centros tomam-se gradualmente mais ativos até atingir todo seu potencial. Contudo, a ciência da ioga oferece um método seguro de encurtar, de forma extraordinária, este longo processo de evolução - o desenvolvimento sistemático e o despertar dos chakras. Satyananda enfatiza que o principal objetivo de se desenvolver os chakras é justamente esta aceleração do processo evolutivo.

1º - CENTRO BÁSICO OU FUNDAMENTAL - MULADHARA

A palavra muladhara tem o sentido de “raiz” (mula) e de “base” (adhara); é, portanto, a raiz, o fundamento dos sete chakras. Satyananda sugere que mula é entendido melhor como mula-prakriti, a base transcendental da natureza física na tradição Sankhya da filosofia indiana. (Prakriti é a matéria caracterizada como feminina, em contraste com o masculino purusha - espírito., prakriti é a origem primordial de todo o processo de evolução natural, o princípio ao qual a matéria retoma depois de desintegrada. responsável por todos os aspectos do homem - tanto físico como material e psicológico - inclusive pela consciência e inconsciência. O muladhara é a sede de mula-prakriti, a grande Shakti; ali jaz a força transcendental pronta para ser ativada.

No corpo físico, o chakra muladhara localiza-se no períneo (a região entre o ânus e os órgãos genitais). Ligado diretamente aos testículos, está associado aos nervos sensoriais que os alimentam. No corpo feminino, localiza-se no colo do útero. As antigas escrituras iogues associam o muladhara ao elemento terra, cujo atributo principal é o olfato; assim, no nível físico o muladhara está ligado ao sentido do olfato e com o nariz.

Segundo a tradição, o muladhara é representado por um lótus de quatro pétalas vermelhas; cada uma delas contém uma letra sânscrita (Sam, Vam, Sham e Sam); cada letra representa as vibrações individuais dos nadis correspondentes. O mantra bija deste chakra é Lam, o som que representa o elemento terra. A divindade feminina reinante é Dákini, terrível e de olhos vermelhos; seu correlativo masculino é Ganesha, encarnado na forma de um elefante. O triângulo invertido no diagrama do muladhara simboliza shakti, a energia criadora. Conforme exposto anteriormente, o Shiva-linga ou a forma fálica no interior do triângulo representa o corpo astral. À serpente enrolada em volta dele é o símbolo da kundalini. A kundalini apoia-se num elefante, cujas sete trombas representam os sete minerais indispensáveis para o sustento do corpo físico. O quadrado amarelo dentro do pericarpo que abriga esses símbolos é o yantra - símbolo de uma energia psíquica especial - do chakra muladhara. Esta configuração significa o elemento terra e seu tipo correspondente de energia.

Satyananda explica a importância dos yantras da seguinte maneira: a existência humana compõe-se de muitos corpos, cada um contendo diversos centros nervosos, hemoglobina, oxigênio, carbono, etc.; o corpo astral - o corpo psíquico, o grande inconsciente - compõe-se de muitos aspectos ou dimensões; uma delas é um agregado de símbolos geométricos; outra compreende vibrações sonoras - o mundo dos mantras. Quando uma pessoa entra num estado de meditação profunda, através da concentração num determinado chakra, ela transcende a consciência do ego; entra realmente num reino onde existem apenas vibrações sonoras de um único mantra, nada mais. Da mesma forma, é possível experimentar a dimensão onde não há mais nada além do padrão geométrico – o mundo dos yantras.

Com base em tal experiência, Satyananda fala da realidade do mantra e do yantra. "Yan" significa "conceber" e "tra" significa "liberar"; ambas têm o mesmo significado essencial. Concentrando-se num determinado yantra, o indivíduo percebe sua consciência conforme um padrão preestabelecido. À medida que aumenta a concentração, o yantra é ativado e a consciência assume gradualmente sua forma simbólica. Uma vez ocorrida a unificação total, libera-se então a mente. Cada um dos sete chakras possui um yantra, Através da concentração sobre um determinado chakra, experimenta-se a dimensão mística da personalidade onde existem os yantras e, mais especificamente, o princípio do próprio chakra. Uma das mais importantes funções do guru é escolher o chakra apropriado para o indivíduo se concentrar, ato que se executa pronunciando-se o mantra correspondente e visualizando-se o yantra. Em minha opinião, o guru baseia esta sua escolha nas características cármicas da pessoa. O calma das vidas passadas cria uma série de padrões de elementos físicos e psicológicos. Na dimensão do yantra, esses padrões podem ser observados em forma geométrica. O carma da pessoa tende a ser alterado e purificado de uma forma mais eficiente através da ativação do chakra adequado com sua penetrante influência em todos os níveis do ser humano. Um dos melhores métodos de ativar o chakra é a estimulação direta do reino yãntrico da consciência através da visualização do yantra.

Conforme já verificamos, a kundalini está adormecida, feito uma cobra enrolada no chakra muladhara. Dentro do muladhara existe uma formação semelhante a um nó, conhecida como o Brahma granthi. Quando este nó é desfeito, shakti, o poder da kundalini, começa a subir pelo nadi sushumna, no interior da espinha dorsal. Existem dois outros granthis ao longo do sushumna: o granthi Vishnu no chakra anahata, e o granthi Rudra no ajna. Esses nós psíquicos formam uma barreira que impede a elevação da kundalini, porém uma vez desatados, o poder serpentino pode continuar sua subida, e o praticante recebe muita sabedoria e poder.

Quando a kundalini se ativa como resultado da prática do ioga ou de outras disciplinas espirituais, ocorre um alvoroço explosivo procedente dos domínios da inconsciência. Parece-se com a irrupção de um vulcão, onde a lava escondida em seu interior é expelida para fora. Tal descarga pode conter o carma de muitas encarnações passadas, extraído subitamente do depósito inconsciente do muladhara. Mais uma vez, não se esqueça: o chakra ajna deve ser ativado antes de qualquer outro, assim essas poderosas forças inconscientes podem ser controladas com segurança.

A kundalini possui duas qualidades contrastantes. Enquanto jaz dormente no muladhara, ela existe apenas na condição inativa e além dos limites de tempo e espaço. Todavia, quando ativada, transforma-se num tipo de força material, sujeita às leis da dimensão física. O mesmo acontece com o mula-prakriti universal que, embora transcenda o tempo e o espaço antes da criação da natureza, adapta-se cada vez mais a essas leis à medida que avança no processo evolucionário. Quando o muladhara desperta, ocorre um grande número de fenômenos. A primeira coisa que muitos praticantes experimentam é a levitação do corpo astral. Algumas pessoas têm a sensação de estarem flutuando no espaço, deixando o corpo físico para trás. Isso ocorre devido à energia da kundalini, cujo impulso de ascensão faz com que o corpo astral se desprenda do físico, deslocando-se um pouco para cima. Esse fenômeno limita-se à dimensão astral e possivelmente à
mental, e é diferente da levitação conhecida normalmente - a deslocação real do corpo físico.

Além da levitação astral, às vezes alguns experimentam um fenômeno psíquico tal como a clarividência ou a clariaudiência. Outras manifestações comuns são os movimentos ou o aumento de temperatura na região do cóccix, e a sensação de algo se movendo vagarosamente para cima na coluna vertebral. Tais sensações resultam na ascensão do shakti, a energia da kundalini ativa. Em muitos casos, quando o shakti alcança o chakra manipula, ele começa a descer, de volta para o muladhara. Muitas vezes o praticante tem a sensação de que a energia sobe até o alto da cabeça, porém na maioria das vezes apenas uma pequena quantidade de shakti é capaz de ultrapassar o manipula. Necessário tentar repetidas vezes para que a kundalini se eleve mais além.

Segundo Satyananda, uma vez ultrapassado o manipula, não se encontra mais nenhum obstáculo sério. Porém, surgem muitos problemas durante o estágio em que a kundalini ativa apenas os chakras muladhara e svadhishthana. O despertar do chakra muladhara libera todos os tipos de emoções reprimidas, de forma tão explosiva que o praticante muitas vezes toma-se irritadiço e psicologicamente instável. Um dia ele consegue dormir um sono profundo por muitas horas, no outro pode acordar no meio da noite, completamente sem sono, a fim de meditar ou de tomar um banho. Ele também toma-se temperamental; às vezes, pode estar comunicativo, bastante alegre para cantar, e outras vezes tomasse facilmente enfurecido, a ponto de atirar objetos nas outras pessoas. Durante esse estágio de instabilidade emocional e psíquica, é imprescindível a orientação de um mestre experiente e qualificado. O despertar do chakra svadhishthana leva a um estado semelhante: sentimentos de ira, tristeza, incerteza, insensatez, etc. podem chegar a um ponto quase insuportável. Em vez de tentar evitar esse período tumultuoso, o praticante deve enfrentá-lo, porém com a supervisão de seu guru. Tal torrente de sentimentos não é sinal de degeneração ou de mau caráter, mas sim parte integrante do processo evolucionário. Se esses estágios forem evitados ou suprimidos, não será possível mais nenhum tipo de progresso.
Existem outros chakras inferiores subordinados ao muladhara, que são: Atara, Vitara, Sutara, Talatara, Rasatara, Mahatara e Patala. Localizam-se entre o cóccix e os calcanhares e controlam os instintos animais. Embora o chakra muladhara esteja num plano superior em relação a estes sete, nele predominam a paixão e os instintos animais. Todavia, o shakti divino também reside nele; assim, uma pessoa comum pode eventualmente entregar-se ao domínio dos chakras inferiores, comportando-se instintivamente como um animal. Entretanto, acreditasse que ela sempre retomará ao muladhara ou a outros chakras humanos superiores. À correta prática da ioga kundalini, no entanto, faz com que seja impossível a kundalini descer para esses centros animais devido à transformação do shakti, no muladhara, em energia espiritual (ojas), o que faz com que ele suba pelo sushumna.

Os três nadis principais - ida, pingala e sushumna - originam-se no muladhara. Eles são os mais importantes dentre os supostos 72.000 nadis no corpo (apenas uma fonte dá uma estimativa de 300.000). Satyananda afirma que embora a palavra “nadi” seja freqüentemente traduzida por “nervo", ela deriva da raiz nadi, “fluir”. Portanto, deveria ser interpretada como o fluxo de consciência psíquica e não simplesmente como um conduto físico para esse fluxo.

O nadi ida começa no lado esquerdo do chakra muladhara, o pingala no direito, e o sushumna a partir do centro. No interior do sushumna existe um nadi mais sutil, o chita e dentro deste encontra-se o nadi Brahma, mais sutil ainda. Portanto, o sushumna pode ser considerado um conduto para dois fluxos de consciência. Partindo do muladhara, o sushumna segue em linha reta até o chakra ajna. O ida e o pingala sobem pela espinha num movimento espiral, entrecruzando-se na altura de cada chakra. Finalmente, o ida chega ao chakra ajna pela esquerda e o pingala pela direita. Acredita-se que o ida controla as atividades mental e psíquica, enquanto o pingala controla o prana e as diversas atividades físicas. O fato de alternarem suas posições ao atingir cada chakra, ajuda a manter o equilíbrio entre a energia psicológica e a física, assegurando a harmonia entre as atividades do corpo e da mente. Satyananda afirma que se houver um desequilíbrio no fluxo de energia nos nadis ida e pingala, o shakti não poderá fluir, muito menos subir pelo sushumna.

2º - CENTRO SACRO OU SEXUAL (GENÉSICO) – SVADHISHTHANA

A palavra svadhishthana significa literalmente “morada própria”. Isso deixa claro que a morada original da kundalini era neste chakra; subseqüentemente ela passou a se estabelecer no muladhara. De fato, essa teoria corresponde à migração física dos testículos masculinos durante o período vivíparo. Nos primeiros meses, eles se localizam dentro do abdômen inferior; então descem gradualmente para, afinal, se estabelecer na região da virilha. Logicamente, os órgãos sexuais possuem estreita relação com a energia shakti, e esse movimento é muito semelhante ao da suposta migração da kundalini. Segundo Satyananda, o svadhishthana localiza-se no cóccix, ao lado do muladhara, e ambos estão ligados aos plexos nervosos sacral e coccígeo.

A explanação de Satyananda sobre o svadhishthana e o inconsciente é muito interessante. Ele afirma que o centro do cérebro ligado ao svadhishthana controla todas as fases da mente inconsciente, em particular o inconsciente coletivo. Este inconsciente é mais poderoso do que o individual e controla grande parte do comportamento humano, embora muitas pessoas o desconheçam por completo.

Todas as experiências da vida cotidiana, quer sejam importantes para a pessoa quer não, quer sejam conscientes quer não, são registradas no centro da inconsciência, o svadhishthana.

Portanto, este centro encerra não apenas o carma das vidas passadas, como também todas as experiências e carmas relacionados que têm contribuído para o processo da evolução humana. Parte deste carma é guardado como semente adormecida, e outra parte mantém-se ativa. Seja ele ativo ou inativo, é raro que a consciência da pessoa esteja ciente de seu carma Contudo, quando a kundalini ativa começa a subir, acionando o processo de evolução psíquica, ambos os carmas, o ativo e o dormente, são desencadeados e invadem o consciente. Se a pessoa não puder analisar ou controlar este carma acumulado no svadhishthana, então a kundalini se retrai, voltando para o muladhara. Nesse sentido, o chakra svadhishthana e o carma acumulado nele são um grande impedimento para a evolução espiritual do ser humano. A melhor forma de superar esta barreira é despertar primeiramente o chakra ajna. O superconsciente que habita o ajna está completamente ciente das atividades da mente inconsciente do svadhishthana. e pode controlar todo o carma desencadeado. À essa altura da explanação, seria muito válido expor um resumo das opiniões de Satyananda sobre a evolução humana.

A criação da vida se dá quando o prakriti (a substância original) se manifesta, ordenado pela consciência de purusha (espírito, o Ser Verdadeiro). À medida que a matéria sofre uma série de transformações, realizam-se sucessivos estágios na evolução animal, e os sete chakras inferiores, que existem nos humanos abaixo do muladhara, são, desenvolvidos e ativados gradativamente. Quando esse processo atinge o chakra muladhara, termina a evolução animal e começa a humana. Os seis chakras superiores representam a extensão completa do possível desenvolvimento humano. Segundo a tradição tântrica tibetana, acima do sahasrara existe urna outra série de sete chakras que corresponde à evolução dos seres divinos. Portanto, assim como o muladhara é considerado o mais elevado dos animais e o mais baixo dos chakras humanos, o sahasrara pode ser visto como ponte de transposição entre a evolução humana e a evolução divina.

No tantra, então, o processo infinito de evolução é descrito em termos de chakras, desde o Absoluto o estado anterior à criação, antes da interação do purusha e prakriti - até a criação do mundo fenomênico, os reinos animal e humano, a dimensão dos seres divinos e assim por diante. Esse conceito tem por base a crença no progresso da evolução espiritual de todas as coisas criadas e reconhece a importância dos chakras neste processo. Esse sistema é a base das tradições esotéricas da ioga e do Budismo na Índia, no Tibet e no Nepal.

À esse respeito, Satyananda contesta que grande parte das experiências comuns passadas durante o processo da evolução animal esteja guardada no interior do chakra muladhara, em forma de tendências cármicas e habilidades latentes. Por exemplo, muitas das atividades físicas do homem - dormir, comer, evacuar - são funções desenvolvidas durante o estágio da evolução animal, e ainda operam devido atividade desse chakra. Assim, o carma de natureza animal do homem está ativo e em funcionamento no muladhara.

Em contrapartida, o carma do svadhishthana está quase que completamente inativo, sem qualquer forma manifesta. Ele existe apenas como inconsciente coletivo, a força cármica residual da evolução passada. Nesse sentido, é ainda mais básico do que o muladhara, a fonte primária do último carma animal. Às forças contidas dentro do svadhishthana são muito poderosas e irracionais, formam uma grande barreira para a elevação da kundalini Muitas vezes, a kundalini retornará para seu estado dormente no muladhara, vencida pelo carma impenetrável do svadhishthana. Entretanto, quando o último chakra for ativado e controlado, o carma animal do muladhara será dominado, então serão possíveis novos progressos.

Num sentido mais amplo, dizem que, sempre que um chakra superior for ativado pela kundalini, suas funções e seu raio de ação começam a predominar sobre os chakras inferiores. Todavia, o relacionamento entre esses dois chakras é tão notável o tão íntimo, que deve ser cuidadosamente observado.

O diagrama tradicional do chakra svadhishthana contém um crocodilo dentro de uma lua crescente. O crocodilo representa as forças do inconsciente, o carma disforme. A lua crescente formada por dois círculos, o maior possui pétalas viradas para fora e no menor as pétalas estão viradas para dentro. O círculo interior representa a existência um tanto fantasmagórica do inconsciente, apoiado nas costas do crocodilo.

À divindade reinante é Brahma o criador. Algumas vezes ele é descrito como o Hiranyagarba, ‘o útero de ouro”, pelo fato de todas as criaturas se originarem dele. Satyananda considera Hiranyagarba como sendo o inconsciente coletivo de svadhishthana. A entidade feminina deste chakra Sarasvati, a deusa da sabedoria; ela aparece também na forma de Rakini, a deusa do reino vegetal. O chakra svadhishthana está diretamente ligado ao mundo vegetal, portanto é muito importante seguir uma dieta vegetariana para poder despertá-lo. As seis pétalas vermelhas deste chakra contam as sílabas Lam, Ram, Yam, Mam, Bam e Bham. O princípio governante (tattva) é a água (apas); o yantra é a branca lua crescente e seu bija mantra é Vam.

O chakra svadhishthana associa-se ao sentido do paladar, portanto seu “órgão de conhecimento” é a língua. Seus “órgãos de atividade” são os órgãos sexuais e os rins. Ele também está ligado diretamente ao plexo nervoso prostático. Quando o chakra svadhishthana é ativado, surgem as seguintes habilidades paranormais: aumento do poder de intuição, conhecimento do corpo astral e
capacidade de criar sensações de paladar em si próprio ou em outras pessoas (um determinando gosto na boca sem nada ter comido).

3º - CENTRO SOLAR OU UMBILICAL - MANIPURA

Satyananda afirma que o manipura localiza-se na coluna vertebral, atrás do umbigo. A palavra “manipura” quer dizer “repleto de jóias”. No Tibet, este chakra é conhecido como “manipadma”, ou seja, ”lótus enfeitado com jóias”. (Ver o famoso mantra de Avolokitesvara, o Bodhisattva da Compaixão: OM MANI PADME HUM.) Segundo a tradição budista, o manipura também é denominado hara, que significa “partir”, porque dizem que o shakti kundalini parte do manipura para sua ascensão. Conforme já pudemos verificar, existe uma forte tendência de a kundalini descer depois que atingir o chakra svadhishthana; porém, depois de chegar até o manipura, dificilmente isso ocorrerá. A tradição budista tibetana ensina que o processo da verdadeira evolução espiritual começa quando a kundalini é ativada no manipura e começa sua ascensão. Na realidade, os chakras muladhara e svadhishthana não são descritos com muita clareza, provavelmente porque possuem traços da vida animal. Na ioga tântrica o manipura também é considerado o ponto de partida para a mais elevada evolução humana. O tattva do chakra manipura é o fogo, um elemento intimamente ligado ao shakti e ao despertar da kundalini. No corpo físico, acredita-se que o manipura seja o centro do “fogo digestivo” que reduz o alimento a detritos (fezes) e extrai a energia vital. Também conhecido como o chakra do sol, o manipura relaciona-se com o plexo solar.

O despertar deste chakra traz como conseqüência aspectos positivos e negativos. Como vimos, quando a kundalini chega até o manipura e nele se fixa, a possibilidade de uma regressão permanente ao reino animal da consciência é mínima. Satyananda atribui a isso o nome de “despertar confirmado”. Aqui desperta a consciência de Jiva, a alma individual. Oculto na consciência humana convencional, o jiva é a consciência espiritual pessoal que abrange todas as dimensões da evolução, desde a criação da mais ínfima forma dos reinos da natureza até o mundo dos seres divinos. Uma vez desperta esta consciência no manipura, segundo Satyananda, ela nunca retomará às dimensões animais. Contudo, de acordo com minha própria experiência, parece que o shakti retoma algumas vezes ao muladhara depois de atingir o manipura.

O aspecto negativo disso é o fato de a superestimulação do manipura poder diminuir o período de vida do praticante. Isso ocorre porque o fogo ativado neste chakra queima o néctar sustentador da vida, que dizem ser produzido no bindu – o centro psíquico na parte posterior da cabeça, representado por uma pequena e gelada lua crescente. Normalmente esse néctar desce para uma glândula na garganta (ligada diretamente ao chakra vishuddhi), onde é estocado. Entretanto, o fogo do manipura consome o néctar, causando um enfraquecimento acelerado do corpo.

O prana divide-se em cinco sub-tipos ou “ventos” (vayu) distribuídos em todo o corpo; cada um controla uma região diferente, como segue:
Segundo Satyananda, a prática de unir conscientemente o prana ao apana na região do umbigo é muito importante para despertar o chakra manipura. Normalmente, na inspiração, o prana segue da garganta para o umbigo, e o apana desce do umbigo para o ânus Entretanto, quando o apana é dirigido conscientemente para o muladhara durante a inspiração, para encontrar-se com o prana na região do umbigo, essas duas energias se fundem, gerando uma grande força. Como o apana é elevado a partir do muladhara, ele carrega consigo o shakti kundalini; este shakti é fortalecido com a união apanaprana, e a decorrente supercarga de energia flui diretamente do umbigo para o manipura, na coluna vertebral. Dizem que o muladhara associa-se com o reino físico; o svadhishthana com o reino intermediário, entre a dimensão física e a espiritual; e o manipura com o mundo espiritual - o reino dos céus. Satyananda refere-se a esses três chakras como os três primeiros dos sete planos possíveis de evolução, que são:

Os três planos principais BHU - terra

BHUVANA - espaço intermediário
SVAHA - céu
MAHAHA
JANANA
TAPAHA
SATYAM - a verdade

Conseqüentemente, as habilidades paranormais resultantes do despertar do svadhishthana - telepatia, clarividência, clariaudiência, etc. - podem não estar completamente livres de interesse próprio, de negatividade, de emoção pessoal e de outros atributos mentais inconvenientes. Isso deve-se ao fato de a personalidade da pessoa continuar dentro do segundo estágio de evolução, e o ser egoísta vinculado à terra ainda manifestar sua influência. Contudo, quando uma pessoa evolui além dos limites da existência mortal e penetra no reino do manipura, ela atinge um estágio de consciência superior, repleto de infinita beleza, verdade e felicidade. Este chakra tem sido descrito tradicionalmente como jóia valiosa em diversas culturas para simbolizar estas qualidades incomparáveis. Nele não existem traços de preconceito ou de tendências pessoais. Assim, os siddhis (poderes paranormais) obtidos quando este chakra é desperto são de natureza benevolente e compassiva; entre eles encontram-se a habilidade de localizar tesouros escondidos, de dominar o fogo, a capacidade de ver o interior de um corpo, de livrar-se de males, e a habilidade de enviar prana para o sahasrara. Além disso, concentrar-se no chakra manipura traz grandes melhoras para a digestão.

O lótus do chakra manipura possui dez pétalas de cor azul-escuro e, em cada uma, está inscrita uma letra sânscrita: Dam, Dham, Nam, Tam, Tham, Dam, Dham, Nam e Pam. Elas compõem vibrações sonoras e cada uma representa um nadi, A divindade feminina governante é Lakshini (ou Lakini), de cuja boca gotejam gordura e sangue. A entidade masculina é Vishnu. O tattva do manipura é o fogo, cujo bija mantra é Ram; dentro do diagrama, ele se apóia no dorso de um carneiro. Seu yantra é um triângulo invertido, muitas vezes ilustrado por marcas em forma de T, de cada lado.

4º - CENTRO CARDÍACO – ANAHATA

Dizem que o chakra anahata localiza-se na parte do corpo astral que corresponde ao coração. Portanto, no corpo físico ele está ligado diretamente ao coração e ao plexo nervoso cardíaco, sendo muitas vezes denominado de “chakra do coração”. Contudo, em contraste com a pequena área ocupada pelo coração físico, o espaço astral do chakra anahata é muito grande e completamente disforme. Ele é escuro por natureza, porém quando ativado toma-se muito brilhante. Dizem que nele reside a pureza.

A palavra anahata significa “invicto” ou “inviolado”. Manifesta-se nele o anahata nada, um som imaterial, contínuo, que não tem começo nem fim. Para compreender melhor a significação do chakra anahata, precisamos primeiro sumarizar as opiniões de Satyananda sobre o carma. Derivada da raiz “kri” que significa “trabalhar”, a palavra carma indica a lei de causa e efeito, na qual todas as ações produzem seu próprio resultado. Contudo, normalmente ela é utilizada para descrever um tipo de dívida pelas ações de uma pessoa a serem sanadas ou pagas num tempo futuro. Além disso, existem o carma individual e o social ou coletivo, porque as ações podem ser executadas por uma única pessoa, por um grupo ou por toda a sociedade. Satyananda também distingue o carma individual, o qual se origina nas próprias encarnações passadas de uma pessoa, e aquele derivado de seus parentes e antecessores.

Assim, existem três principais categorias de débito cármico: a) o resultante das encarnações passadas do indivíduo; b) o herdado de seus familiares; c) o resultante das ações de sua sociedade ou de seu grupo social. Todos esses fatores contribuem para formar o carma de uma pessoa; é preciso dedicar-se a ele; é impossível evitá-lo.

Os três chakras inferiores - muladhara, svadhishthana e manipura - relacionam-se diretamente com os sentidos e com a consciência que governa o corpo físico e sua conservação. Funcionando dentro de um mundo fenomênico, a mente desses três chakras está vinculada à lei do carma. Em outras palavras, neste nível o jiva (alma individual) não está livre da relação causal entre as ações e suas conseqüências, suas funções dependem do carma, e estão ligadas a ele. Independentemente de sua origem, se ela está nas vidas passadas do indivíduo ou nas ações da sociedade à qual ele pertence, o carma comanda totalmente o indivíduo nos níveis do muladhara e do svadhishthana, até ser de alguma forma esgotado ou purificado. Porém, no nível do manipura, o uva começa a assumir um controle parcial, e pode, até certo ponto, agir sob sua própria vontade.

Em contrapartida, a maneira de ser do chakra anahata transcende completamente o reino da existência mundana. Ao contrário dos outros três, ele não está subordinado ao carma desse mundo. Além disso, uma pessoa com o chakra anahata ativo pode receber diretamente as tarefas do carma terreno, e ao mesmo tempo livrar-se dele. Neste nível, o jiva tem condições de controlar o carma terrestre e exercer sua própria vontade na terra, de modo a realizar todos os seus desejos. Esta é a maior diferença entre o anahata e os chakras inferiores.

Nos níveis inferiores a alma individual simplesmente aceita o que as circunstâncias cármicas oferecem; no anahata, entretanto, ela pode fazer valer sua própria vontade. Este poder de cumprimento dos desejos é simbolizado pela “árvore do desejo” - uma planta sempre verde chamada Kalpavriksha - ilustrada dentro de um outro lótus semelhante, abaixo do anahata no diagrama simbólico. Embora esteja presente em todas as pessoas, esta árvore funciona apenas quando o chakra anahata é desperto. Quando uma pessoa desenvolve este poder, dizem que todos os seus desejos são realizados, sejam eles bons ou maus. Portanto, Satyananda faz as seguintes advertências:

Antes de tentar despertar o chakra anahata, é imprescindível desenvolver a capacidade de corrigir os pensamentos e os conceitos. Os maus pensamentos e os maus julgamentos tendem a criar desarmonia e conflitos, principalmente quando uma pessoa com o anahata desperto tem pensamentos errôneos e deseja que se cumpram.

Além do mais, deve-se manter uma atitude de constante otimismo. É preciso compartilhar a paz interior e a harmonia com as outras pessoas, independentemente de qualquer perturbação, conflito ou intenção maliciosa encontrada. A negatividade e o pessimismo são obstáculos para o despertar do anahata. Portanto, ate uma pessoa hedonista ou um assassino devem ser tratados como pessoas boas; condições negativas tais como pobreza, doença, conflito emocional, etc., devem ser consideradas, enfim, como fatores benéficos. Na realidade, o desenvolvimento de tal atitude constantemente positiva é considerado um método para despertar o anahata. Segundo Satyananda, também é importante manter o seguinte pensamento: “Todo o mundo está dentro de mim. Eu estou em todas as pessoas. Todas as pessoas estão em mim.” Essa sua recomendação baseia-se, provavelmente, na crença hindu de que Brahman, o ser absoluto do cosmos, mora no chakra anahata como Atman, o verdadeiro ser individual. Brahman e Atman são, na essência, os mesmos. De fato, essa concepção é importante tanto para despertar o anahata como para a realização do Absoluto universal.

Satyananda também adverte seus discípulos dizendo que, em geral, depois do despertar e da ascensão do shakti kundalini até um determinado chakra, quando surge na mente do praticante algum pensamento negativo ou atitude pessimista, a kundalini retoma ao muladhara. Se nesta altura ela chegou até o manipura e depois retomou, poderá ser elevada novamente através da ioga ou de outras práticas espirituais. Entretanto, se ela retomar depois de ter atingido o anahata, dificilmente será elevada de novo. Deve ficar bem claro que aqueles que desejam despertar o anahata não podem, em momento algum, perder o otimismo, independentemente das circunstâncias que encontrarem. Portanto, toda pessoa que pretenda despertar a kundalini deve levar essas advertências a sério. São muitas as habilidades paranormais resultantes do despertar do chakra anahata: a capacidade de controlar o ar (vayu); o desenvolvimento de um amor cósmico, completamente livre do individualismo; a eloqüência, passa a caracterizar o praticante dotando-o de um certo gênio poético; e, conforme mencionamos anteriormente, adquire-se o poder de realizar todos os desejos. O anahata controla o sentido do tato. Quando desperto, este sentido toma-se cada vez mais sutil, podendo-se perceber até a matéria astral, através do sentido do tato astral. Essa sensação pode então ser comunicada aos outros. Portanto, a parte do corpo relacionada com o anahata é a pele, e seu principal órgão ativo são as mãos.

Além dessas habilidades paranormais mencionadas por Satyananda, desenvolvem-se poderes de cura psíquica. O prana pode ser transmitido pelas palmas das mãos para uma parte doente do corpo de outra pessoa. A famosa técnica de “imposição das mãos” está possivelmente relacionada com a estreita conexão entre o anahata e as mãos. Desenvolvem-se também poderes psicocinéticos.

O lótus do chakra anahata possui doze pétalas vermelhas, onde estão inscritas as letras Kam, Khan, Gam, Gham, Ngam, Cham, Chham, Jam, Jham, Nyam, Tam e Than. O tattva correspondente é vayu (ar ou vento) simbolizado por uma estrela hexagonal, yantra do anahata. Conforme já mencionamos, o triângulo invertido representa o shakti, a forma material, enquanto o triângulo em pé representa Shiva, a consciência. O yantra possui uma cor enfumaçada, e o bija mantra é Yam. Apoiado nas costas de um antílope preto, é um símbolo de vivacidade. Satyananda afirma que o mantra Om Shanti (shanti significa paz interior) pertence ao anahata. A divindade feminina é Kali (ou Kakini); ela está adornada com um colar de ossos humanos. A entidade masculina é Isha ou Rudra.

O anahata possui o granthi Vishnu (nó). Conforme mencionamos antes, os chakras que possuem granthis (muladhara, anahata e ajna) têm uma importância especial. Apenas depois de ativados e de estes nós serem desatados é que a kundalini poderá prosseguir no processo de evolução espiritual.

5º - CENTRO LARÍNGEO – VISHUDDHI

No corpo físico, o chakra vishuddhi localiza-se na garganta, correspondendo diretamente à glândula tireóide; ele está relacionado com os plexos nervosos da faringe e da laringe. “Vishuddi” deriva da palavra “shuddhi” que significa “purificar”; portanto, é considerado o chakra da purificação. Ao contrário dos chakras ajna e manipura, onde ocorre a purificação dos pensamentos e do carma, tem-se o vishuddhi como capaz de purificar o próprio veneno. A natureza dessa purificação pode ser explicada da seguinte maneira:

Na ioga tântrica diz-se que a lua expele Ambrósia, consumida pelo sol do manipura. Neste caso, a lua se refere ao cérebro, a região do sahasrara, geralmente simbolizado por uma lua ou uma meia-lua (talvez corresponda aos ventrículos do cérebro) tanto no Hinduísmo como no Taoísmo. Esta Ambrósia ou néctar divino que o cérebro segrega flui pelo manipura, onde é consumido como se fosse um combustível de sustento da vida.

O néctar segregado pelo sahasrara tem forma de gotas no bindu visargha, o “ponto” psíquico atrás da cabeça (ver a próxima seção). Ele goteja num chakra menor, chamado lalana, na parte superior do epiglote ou na base do orifício nasal, que funciona como um reservatório desse néctar. É segregado quando se praticam mudras do tipo khechari, e então desce para o chakra vishuddhi. Se este chakra foi ativado, o néctar sofre uma purificação, tomando-se um néctar divino que rejuvenesce o corpo, ocasionando boa saúde e longevidade. Contudo, dizem que se o vishuddhi não estiver ativado, o néctar transforma-se em veneno e desce pelo corpo; passa então a envenená-lo vagarosamente, levando-o ao enfraquecimento e por fim à morte.

Segundo Satyananda, o chakra vishuddhi ativado possui também o poder de neutralizar venenos que provêm de fora do corpo. Na realidade, a glândula tireóide, que corresponde diretamente ao vishuddhi no corpo físico, é reconhecida clinicamente por exercer uma função de desintoxicação.

O despertar do chakra vishuddhi resulta em poderes telepáticos. Apesar de, às vezes, o telepata achar que recebe o pensamento das outras pessoas pelo manipura ou por qualquer outro lugar, o verdadeiro centro de percepção é o vishuddhi. A partir dele, as ondas de pensamento são transmitidas para outros centros, no cérebro ou em outro lugar, onde ocorre o reconhecimento consciente. Juntamente com o muladhara, o vishuddhi é a fonte de todos os sons básicos: dizem que os sons vocálicos se originam nele, conforme inscrito nas pétalas do chakra. Outras habilidades paranormais relacionadas com ele são: a indestrutividade, o completo conhecimento dos Vedas - os textos sagrados que contêm a Lei do Universo -, a capacidade de conhecer o passado, o presente e o futuro, e a habilidade de permanecer dias sem comer nem beber (ver a próxima seção sobre bindu).

As dezesseis pétalas do vishuddhi, de cor lilás-acinzentada, possuem inscritas as letras: A, A, I I U, U, R, R, L, L, E, Ai, O, Au, Am e Ah. Seu tattva é o espaço (akasha), representado por um yantra oval ou circular. O bija mantra é Ham, que está em cima de um pequeno elefante branco dentro de um círculo. A divindade feminina é Shakani, e a masculina Sadashiva. O vishuddhi associa-se ao sentido da audição, portanto, seus órgãos de conhecimento e atuação são respectivamente os ouvidos e as cordas vocais.

Satyananda não considera o sahasrara como um chakra propriamente dito. Ele afirma que os chakras operam dentro da psique humana, manifestando-se em níveis diferentes. O sahasrara, porém, é a totalidade além da individualização. Por este motivo, não aparece descrito no Tantra of Kundalini Yoga. Todavia, o bindu está exposto da seguinte maneira:

BINDU VISARGHA

Bindu significa “gota” ou “marca”, e bindu visargha quer dizer, literalmente, “queda da gota”. Visto que “gota” se refere ao néctar, esta frase ficaria mais significativa como sendo “a sede do néctar”.
Segundo a tradição, o bindu localiza-se perto do topo do cérebro, na direção da parte posterior da cabeça. Nesse local, existe uma ligeira depressão, onde se concentra uma pequena quantidade de secreção líquida. Dentro desta depressão existe uma elevação mínima, localização exata do bindu na estrutura fisiológica. Os nervos cranianos partem deste ponto, inclusive os nervos ligados ao sistema óptico.

O processo pelo qual o néctar é segregado pelo bindu, estocado no chakra lalana no orifício nasal, e purificado pelo chakra vishuddhi foi descrito na seção anterior. O bindu e o lalana são mais bem interpretados como pequeninos centros psíquicos ligados diretamente ao vishuddhi. Esses pequenos centros não podem ser ativados independentemente deste chakra superior. Por isso, apenas os seis chakras superiores, desde o muladhara até o ajna, são denominados “chakras do despertar”.

À medida que o néctar divino, purificado pelo harmonioso funcionamento do bindu, lalana e vishuddhi, começa a descer e atingir todo o corpo, ocorrem fatos extraordinários. Por exemplo, uma pessoa é capaz de viver por longos períodos sem ar, sem comida e sem água. Há casos documentados de iogues que permaneceram enterrados durante quarenta dias, sobrevivendo voluntariamente num estado de hibernação, e depois se recuperaram por completo. Isso torna-se
possível através da prática de um tipo especial de mudra khechari, no qual o tendão debaixo da língua é rompido gradualmente durante um período de dois anos, até que possa ser enrolado na epiglote para vedar a passagem respiratória. Isso estimula diretamente o centro lalana; nesse caso, o néctar desce para o vishuddhi, onde é purificado e distribuído por todo o corpo, fornecendo oxigênio e demais nutrientes necessários para a sustentação da vida. O bindu é induzido a produzir mais néctar e, ao mesmo tempo, a necessidade que o corpo tem de ar, comida e água é drasticamente reduzida. Acredita-se que o néctar flui lentamente pelo metabolismo do corpo e, de fato, os iogues enterrados não apresentaram crescimento dos cabelos.

Em nosso instituto, em Tóquio, elaboramos experimentos que confirmam a afirmação de que o chakra vishuddhi desperto, juntamente com o bindu e o lalana, torna possível o controle consciente do metabolismo, da respiração, da necessidade alimentar, da digestão, etc. (Para maiores detalhes, ver meu trabalho “Westem and Eastem Medical Studies of Pranayama and Heart Control”, no Vol. 3, no. 1, de Journal of the International Association for Religion and Parapsychology.) Segundo Satyananda, o bindu controla a percepção visual. Os nervos cranianos ligam-no ao sistema óptico. Por esse motivo, qualquer irregularidade no bindu pode causar distúrbios visuais. O bindu é o centro do nada, ou o som psíquico. Quando o vishuddhi e o bindu são ativados através de práticas como Navamukhi mudra (Capítulo IV), vajroli mudra (Capítulo IV), ou murcha Pranayama (Capítulo III), ouve-se um som imaterial contínuo composto de inúmeras vibrações agudas. Essa experiência aponta a exata localização do bindu. Por não ser exatamente um chakra, o bindu não é representado por um lótus ou por divindades residentes. Seu símbolo é uma lua cheia -representa o ponto onde começa a individualização - e também uma lua crescente, indicando o fato de que apenas uma parte da totalidade infinita existente no sahasrara se manifesta, tomando-se perceptível para o praticante no nível do bindu. Ambas, a pequena mancha (a lua cheia) e a lua crescente, podem ser observadas no canto superior direito de algumas versões convencionais dos caracteres OM.

6º - CENTRO FRONTAL OU CEREBRAL – AJNA

Satyananda aconselha ao praticante ativar o chakra ajna antes de qualquer outro. Justifica dizendo que, uma vez desperto, este chakra tem o poder de anular o carma; dessa forma ele ajuda a diminuir os perigos que podem surgir quando o carma dos chakras inferiores é ativado. A seguir, apresento um resumo de seu parecer sobre o chakra ajna.

Derivada originalmente das raízes sânscritas, com o sentido de “saber” e de "seguir", a palavra ajna significa “comandar”. Por esta razão, o termo ajna é freqüentemente utilizado como “centro de comando”, o qual recebe orientações de um guru (veja a seguir). Localiza-se no ponto em que os três nadis principais (ida, pingala e sushumna) se fundem para formar uma única passagem, que continua a subir até o chakra sahasrara. Parte da combinação da energia vital aqui reunida, provinda dos três nadis, flui para o sahasrara, enquanto o restante se dispersa pelos corpos físico, astral e causal. No chakra ajna os três nadis formam o Rudragranthi ou o “nó de Shiva”, o terceiro dos “nós” psíquicos que devem ser desatados para que a kundalini se eleve até o sahasrara. No corpo físico, o ajna relaciona-se diretamente com a glândula pineal e com o ponto entre as sobrancelhas, ponto este freqüentemente escolhido para a concentração neste chakra.

O chakra ajna localiza-se na extremidade oposta do sushumna com relação ao chakra muladhara, e qualquer alteração ocorrida num reflete instantaneamente o mesmo efeito sobre o outro. Os símbolos contidos nesses dois chakras também se assemelham: ambos possuem um triângulo invertido, o símbolo da força geradora ou criadora.

A concentração no ajna coloca o praticante em contato com grandes forças existentes nos nadis ida, pingala e sushumna, levando-o a profundas alterações psíquicas e à purificação da mente. Uma vez alcançada tal purificação, o iogue pode praticar com segurança a concentração nos demais chakras. Entretanto, se este estágio não for cumprido com rigor, o praticante correrá grandes perigos devido à ativação do carma acumulado nos outros chakras, especialmente no muladhara, considerado o maior depósito de carma, Com o chakra ajna ativo, o praticante é capaz de manter a calma sem ser afetado quando essas forças são desencadeadas.

Ao ativar-se o chakra ajna, o praticante entra em contato com a consciência superior através da liberação do grande acúmulo de energia latente na glândula pineal. (Observe que Satyananda associa o ajna com a glândula pineal, enquanto Leadbeater o associa com a glândula pituitária.) “Contato com a consciência superior” pode parecer uma concepção um tanto vaga, e de fato trata-se de um assunto um pouco difícil de explicar. Refere-se ao contato direto com o “guru interior” - ou seja, uma fonte inata de profundos conhecimentos e uma grande ciência existente no interior do chakra ajna de todas as pessoas. Também é possível entrar em contato com o “guru exterior” - o anjo da guarda das pessoas. Quando o praticante entra num estado de concentração profunda, a autopercepção e a consciência do ego desaparecem temporariamente; assim, ele pode ouvir a voz do guru interior e do exterior. Por esta razão, o chakra ajna é conhecido como “centro de comando”. Comunicações telepáticas e percepção de clarividência também podem ser desenvolvidas com o despertar do chakra ajna. No interior do círculo do diagrama que representa o chakra ajna existe um triângulo invertido. Ele simboliza o criador, a força mãe, a força material e a manifestação. Em contrapartida, o triângulo em pé (como o encontrado no yantra do chakra anahata, Y representa a consciência-percepção inativa. Dentro do triângulo, atrás da letra "3", existe uma forma de coluna, conhecida como linga. Embora o linga seja convencionalmente visto como um símbolo fálico, Satyananda afirma que na ioga tântrica ele é primariamente um símbolo do corpo astral, denominado linga sharira em sânscrito. O círculo simboliza o shunya, o vazio. Trata-se de um dos três atributos do samadhi, o estado de superconsciência. Os outros são chaitanya(consciência completamente ativa) e ananda (glória). O estado de shunya permanece inacessível para aqueles cuja consciência esteja confinada aos limites de tempo e espaço.

O corpo astral pode ser observado extra-sensorialmente em três formas, representado por Shiva-lingas nos chakras muladhara, ajna e sahasrara. No muladhara, ele é visto como uma coluna de gás cinzento inconstante. À medida que nossa concentração se aprofunda, o corpo astral aparece bem escuro (preto) no chakra ajna. Com uma concentração contínua, este Shiva-linga toma-se iluminado, como uma luz brilhante no sahasrara. Esses três estágios são conhecidos como consciência astral indistinta, escurecida e luminosa, o que representa a purificação e a evolução progressiva da mente. A sílaba OM, o mantra bija do chakra ajna, localiza-se no interior do círculo; trata-se do símbolo da superconsciência. Acima da lua sobreposta e do bindu (um ponto) existe a cauda esguia, que representa a parte mais sutil da consciência. As duas pétalas localizadas a cada lado do circulo encerram as sílabas Ham e Ksham, os mantras bija de Shiva e de Shakti, respectivamente. Satyananda vê a aura do chakra ajna de cor cinzenta, apesar de admitir que os outros pesquisadores a descreveram como transparente. Leadbeater, por outro lado, afirma que o ajna emite uma aura de cor violeta-escura. Tais descrições assemelham-se no que diz respeito às cores escuras; as ligeiras diferenças podem ser atribuídas ao fato de Satyananda referir-se à aura existente na dimensão astral, ao passo que Leadbeater descreve a aura etérica.

7º - CENTRO CORONÁRIO – SAHASHARA

Coquet esclarece que se lhe dá também o nome de Brahmarandhra, cuja verdadeira tradução significa "orifício divino e representa a haste do chakra coronário ou, para ser preciso, a fontanela etérica por onde escapa a alma no momento da transição".

Está situado na parte superior da cabeça. A aura colocada sobre a cabeça dos santos corresponde ao Sahasrara. Ele é composto de duas partes: a parte central com doze pétalas maiores, menos ativa, e outra ao redor desta com novecentos e sessenta pétalas menores, vibrando com incrível rapidez. Ao contrário dos demais chakras que, ao desabrocharem, voltam-se para o alto, o coronário mantém sempre a sua posição invertida.

É o mais luminoso dos chakras. Leadbeater descreve-o como possuidor de indescritíveis efeitos cromáticos, parecendo conter todos os matizes do espectro, embora seja o violeta a cor predominante; a parte central é de um branco fulgurante com um núcleo cor de ouro. Coquet ensina que ele surge como um maravilhoso sol, branco brilhante de mil flores douradas. O Shatchakra- Nirupana descreve-o como tendo a cor de um jovem sol, portanto o branco brilhante. Motoyama indica-o como um disco de cor de ouro ou de luz rosada. Os livros hindus denominam -no o "lótus de mil pétalas", de cor branca e com a corola voltada para baixo, cerca de quatro polegadas acima da parte mais alta da cabeça. O chakra coronário não está relacionado com nenhum plexo e sim com a glândula pineal. A respeito, Leadbeater destaca a existência de uma diferença de acordo com os tipos de indivíduos. Em muitos deles "os vórtices do sexto e do sétimo chakras astrais convergem ambos ao corpo pituitário, que em tal caso é o único enlace direto entre o corpo físico denso e os corpos superiores de matéria relativamente sutil". (...) "Mas outros indivíduos, embora ainda aliem o sexto chakra com o corpo pituitário, inclinam o sétimo até o seu vórtice coincidir com o atrofiado órgão chamado glândula pineal, que, em tal caso, se reaviva e estabelece ligação direta com o mental inferior sem passar pelo intermediário comum do astral".

A tela etérea pode ser rompida com o efeito do tabagismo, do álcool e de outros psicotrópicos. Esta tela etérea tem a função de proteger o indivíduo contra o assédio de entidades maléficas. Estas substâncias se vitalizam e passam para o plano astral, por intermédio doa chakras, rompendo com isto a tela protetora - etérea - que a natureza mantém fechada contra a comunicação ou influência perturbadora de alguns espíritos. vai ver a sabedoria da Igreja e de outras sociedades esotéricas e esotéricas, ao proibir o uso de bebidas, tabagismo, psicotrópicos, visa a proteção da tela etérea, evitando, assim, o seu atrofiamento. O estudante do ocultismo deve livrar-se do tabagismo, do alcoolismo, de psicotrópicos, e pode, na senda da evolução, esperar que as faculdades psíquicas se atualizem no tempo devido, sempre numa conduta moral inabalável.


[ ] BOLA DOURADA PARA AUTOPROTEÇÃO ESPIRITUAL:

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Aproveitando o espaço dessa matéria sobre projeção da consciência, explico aqui dois exercícios bem simples e que podem melhorar o nível energético e espiritual do leitor:

TÉCNICA DA BOLA DOURADA PARA AUTOPROTEÇÃO ESPIRITUAL:

1. De olhos fechados e pensamentos elevados, visualize uma bola de luz dourada flutuando por cima de sua cabeça. Ela está centralizada na direção do meio do alto da cabeça (onde no campo energético situa-se o chacra coronário), suspensa cerca de 10 centímetros. Visualize-a como se fosse de ouro bem quente, brilhante.

2. A seguir, imagine que o calor e a luz dessa esfera dourada irradiam de cima para baixo, para dentro de sua cabeça. Energias douradas em cascata jorrando da esfera para dentro do seu crânio e enchendo o cérebro de luz.

Ao mesmo tempo, pense que estas energias estão limpando a sua mente de formas-pensamento destrutivas e "lavando com ouro brilhante" qualquer clima negativista.

3. Faça isso por cerca de três minutos e observe como faz bem!...

4. Esta prática melhora sua auto-estima, corta pensamentos intrusos, melhora o ânimo psicofísico e eleva o padrão vibracional da aura e dos chacras. É excelente para aumentar a confiança e faz a energia circular pelos nádis (condutos energéticos sutis que transportam as energias pela coluna e irrigam o corpo energético).

Com o tempo e a prática, torna-se uma ferramenta excelente para estabilizar a consciência em sintonias mais elevadas.

5. Quando sentir um clima esquisito no carro ou em outra condução, basta visualizar a esfera dourada flutuando sobre o veículo por alguns instantes.

6. No caso de estar ajudando alguém mentalmente, pode-se visualizar a esfera dourada sobre a pessoa em questão e jorrar uma cascata de luz dourada sobre ela.

7. Fica desnecessário dizer aqui, que essa prática destina-se a objetivos benéficos. Por isso, não custa nada erguer os pensamentos e abrir o coração enquanto pratica. Como diz um antigo ditado hermético: "QUEM QUER MAIS LUZ,

QUE SEJA LUZ!"


TÉCNICA PROJETIVA:

1. Deitado em decúbito dorsal, eleve os pensamentos e sinta-se preenchido de amor e luz. Pense na Consciência Cósmica e abra o coração com bastante modéstia e boa vontade de crescer.

2. Visualize um grande triângulo preenchido de cor magenta flutuando logo acima de você, cerca de 50 centímetros. A ponta do triângulo está na direção de sua cabeça.

3. A figura é bem maior do que o seu corpo. Visualize que a cor magenta é bem viva, pulsante, entretanto, suave, pacífica, bem serena mesmo.

4. Lentamente, faça o triângulo descer em sua direção. À medida em que ele desce, a cor magenta vai brilhando mais.

5. Respire a cor do triângulo. Absorva a cor em cada inspiração. No entanto, mantenha sua respiração natural, sem acelerá-la ou reduzi-la. Respire normalmente.

6. Faça o triângulo interpenetrar seu corpo inteiramente. Como ele é maior do que seu corpo, você ficará dentro dele totalmente.

7. Mantenha-se dentro dele. Ao mesmo tempo, procure imaginar que todo seu corpo está respirando a cor magenta. Imagine que essa energia magenta está entrando por todos os seus poros. Ela entra pela pele e nutre as células.

8. É como se você estivesse dentro de um triângulo cheio de energia líquida luminosa na cor magenta que nutre suas células e relaxa seu corpo.

9. Fique assim por uns 15 minutos. A seguir, entregue-se ao sono reparador e durma pensando na expansão de sua alma.

10. Se quiser, após os 15 minutos, mude de posição e fique naquela que lhe for mais confortável.

11. Essa prática descansa o corpo, recarrega as células, relaxa a mente e poderá propiciar experiências fora do corpo mais lúcidas, dependendo naturalmente das condições psicofísicas da pessoa.

12. Fica desnecessário dizer que ninguém deve buscar práticas assim com leviandade ou má intenção deliberada. O semelhante atrai o semelhante! Em caso de procedimentos negativos em relação a isso, a pessoa poderá ser assediada por energias e espíritos infelizes, compatíveis com suas intenções e padrão vibracional.

13. Pessoas em tratamento por questões psíquicas, devem abster-se de algo assim. Em primeiro lugar, devem tratar-se e alcançar o equilíbrio, sem o qual tudo fica ruim, seja uma prática psicofísica ou apenas o simples viver diário.

14. Ao final dessas dicas, um último lembrete ao leitor: Estudos espirituais são preciosas ferramentas para alavancar o crescimento das pessoas. Mas, devem ser permeados por amor, discernimento e luz nos objetivos. Ninguém viajará espiritualmente pelos planos sutis enquanto carregar trevas em seus procedimentos. Não há como chegar à plenitude espiritual sem trabalho e sem muito estudo e esforço integrados. Alie a seus estudos uma vontade determinada, inquebrantável, mas serena. Nunca perca a alegria de viver e nem a simplicidade. Aumente sua dose de paciência e seja flexível. De que lhe adiantará estudar tais assuntos se eles não lhe fizerem sorrir mais e sentir a pulsação da vida em uníssono com uma Consciência Maior?

Você só provará seu nível de consciência mediante as provas do caminho.

E você, só você, será o responsável pelo que pensa, sente e faz em sua vida!

Em suas jornadas, nos planos físico, astral e mental, dependendo do seu esforço, você perceberá uma onda de amor possuindo seu coração. Ela lhe guiará pelos caminhos. Então, você terá encontrado o seu guia interior e mil brilhos ascenderão do chacra de seu coração até o chacra coronário no alto da cabeça. Você descobrirá VOCÊ MESMO! E isso será sua grande alegria na jornada de sua consciência pelos caminhos da evolução e da eternidade.

Paz e luz para você!

- Wagner D. Borges -

/*Texto do prof. Wagner Borges publicado na Revista Sexto Sentido número 16 - nov/2000)

EP # 0 CORPO MENTAL - ARTUR POWELL



EP # Teosofia -William Leadbeater

O QUE É TEOSOFIA

"Ainda existe escola de filosofia que a cultura moderna perdeu de vista." Com estas palavras o Sr. A. P. Sinnett iniciou seu livro The Occult World, a primeira exposição popular da Teosofia, publicado há trinta anos (em 1881). Durante os anos que se passaram desde então, milhares têm aprendido a sabedoria nesta escola, mesmo que à maioria seus ensinamentos ainda sejam desconhecidos, e possam dar só a mais vaga das respostas à pergunta "O que é Teosofia?".

Já existem dois livros respondendo esta questão: O Buddhismo Esotérico, de A. P. Sinnett, e A Sabedoria Antiga, de A. Besant. Não pretendo competir com estes trabalhos modelares; o que desejo é apresentar uma exposição, tão clara e simples quanto a possa fazer, que possa ser considerada introdutória para eles.

Com freqüência falamos da Teosofia como sendo não uma religião em si, mas a verdade que subjaz em todas as religiões igualmente. Assim é; já, de um outro ponto de vista, podemos seguramente dizer que ela é a um tempo uma filosofia, uma religião e uma ciência. É uma filosofia porque nos apresenta com clareza uma explanação do esquema de evolução tanto das almas como dos corpos contidos em nosso sistema solar. É uma religião até onde, tendo nos mostrado o curso ordinário da evolução, também põe diante de nós e recomenda um método de abreviarmos este curso, de modo que por esforço consciente podemos progredir mais diretamente para o alvo. É uma ciência, porque trata estes dois assuntos como matéria não de fé teológica, mas de conhecimento direto obtenível através de estudo e investigação. Ela assevera que o homem não tem necessidade alguma de crer com fé cega, porque ele tem em si poderes latentes que, quando despertados, capacitam-no para ver e examinar por si mesmo, e passa a provar seu argumento mostrando como aqueles poderes podem ser despertados. Ela própria é um resultado do despertar de tais poderes pelos homens, pois os ensinamentos que nos apresenta são fundamentados sobre observações diretas feitas no passado, e tornadas possíveis apenas por tal desenvolvimento.

Como uma filosofia, explica-nos que o sistema solar é um mecanismo cuidadosamente ordenado, uma manifestação de uma vida magnificente, da qual o homem é apenas uma pequena parte. De qualquer modo, enfoca esta pequena parte que nos interessa diretamente, e trata dela de modo exaustivo sob três aspectos - presente, passado e futuro.

Trabalha com o presente descrevendo o que o homem realmente é, visto por meio das faculdades desenvolvidas. Costuma-se falar do homem como possuindo um alma; a Teosofia, como resultado da investigação direta, inverte a frase, e afirma que o homem é uma alma, e que possui um corpo - de fato diversos corpos, que são seus veículos e instrumentos nos diversos mundos. Este mundos não estão separados no espaço; estão simultaneamente presentes conosco, aqui e agora, e podem ser examinados; eles são divisões do lado material da natureza - diferentes graus de densidade na agregação de matéria, como em breve será explicado em detalhe. O homem tem uma existência em diversos deles, mas normalmente só é consciente do mais inferior, ainda que algumas vezes em sonhos e transes tenha vislumbres de alguns dos outros. O que é chamado morte é o abandono do veículo pertencente a este mundo inferior, mas a Alma ou homem real em um mundo superior já não é mudada ou afetada por isto mais do que o homem físico é mudado ou afetado quando remove seu casaco. Tudo isso é uma questão, não de especulação, mas de observação e experimento.

A Teosofia tem muito a nos dizer da história passada do homem - de como no curso da evolução ele veio a ser o que é hoje. Isto também é uma questão de observação, por causa do fato de que existe um registro indelével de tudo o que acontece - uma espécie de memória da Natureza - por cujo exame as cenas da evolução anterior podem ser feitas passar ante os olhos do investigador como se estivessem acontecendo neste exato momento. Por este estudo do passado aprendemos que o homem é divino em sua origem e que tem uma longa evolução atrás de si - uma evolução dupla, a da vida ou Alma interior, e a das formas externas. Aprendemos, também, que a vida do homem como Alma é, ao que nos parece, de enorme extensão, e que aquilo que por hábito costumamos chamar de sua vida na realidade é só um único dia da sua existência real. Ele já viveu por muitos desses dias, e tem muitos mais deles ainda à sua frente; e se desejamos entender a vida real e seu objetivo, devemos considerá-la em relação não só a este seu dia único, que inicia no nascimento e encerra na morte, mas também aos dias que se passaram antes e os que ainda estão por vir.

Dos que ainda estão por vir também há muito a ser dito, e neste assunto, igualmente, uma grande quantidade de informação definida é disponível. Tal informação pode ser obtida, primeiro, de homens que já passaram muito para diante do que nós ao longo da estrada da evolução, e conseqüentemente têm disso uma experiência direta; e, segundo, de inferências feitas a partir da direção óbvia dos passos que percebemos já terem sido dados anteriormente. A meta deste ciclo particular está à vista, mesmo que ainda muito acima de nós, mas pareceria que, mesmo quando a tivermos atingido, uma infinitude de progresso ainda estaria à frente de cada um que estiver querendo empreendê-lo.

Uma das mais extraordinárias vantagens da Teosofia é a de que a luz que nos traz de imediato resolve muitos dos nossos problemas, afasta muitas dificuldades, analisa as aparentes injustiças da vida, e em todas as direções traz ordem ao aparente caos. Pois enquanto que alguns de seus ensinamentos são baseados sobre a observação de forças cuja atuação direta está algo além do conhecimento do homem comum do mundo, se este a aceitar como hipótese muito cedo chegará a ver que deve estar correta, porque ela, e ela sozinha, fornece uma explicação coerente e razoável do drama da vida que está sendo representado diante dele.

A existência de Homens Perfeitos, e a possibilidade de entrarmos em contato com Eles e sermos ensinados por Eles, são proeminentes dentre as grandes novas verdades que a Teosofia traz ao mundo ocidental. Uma outra delas é o estupendo fato de que o mundo não está mergulhando cegamente na anarquia, mas que seu progresso está sob o controle de uma Hierarquia perfeitamente organizada, de modo que o fracasso para mesmo a mais minúscula de suas unidades é de todas as impossibilidades a mais impossível. Um vislumbre do trabalho desta Hierarquia inevitavelmente engendra o desejo de cooperar com ele, de servir nele, por mais humilde que seja a capacidade, e nalguma ocasião num futuro distante ser digno de juntar-se às mais externas de suas fileiras.

Isto nos leva àquele aspecto da Teosofia que chamamos de religioso. Aqueles que vêm a conhecer e entender estas coisas estão insatisfeitos com os morosos eons da evolução; eles anseiam por se tornar úteis mais imediatamente, e então procuram e obtêm conhecimento da Senda mais curta porém mais escarpada. Não há possibilidade de escapar à quantidade de trabalho que tem de ser feito. É como carregar um peso montanha acima; seja carregando-o por um atalho mais escabroso, seja mais gradualmente por uma estrada de aclive suave, precisamente o mesmo número de passos deve ser dado. Portanto fazer o mesmo trabalho em uma fração reduzida do tempo significa esforço determinado. Pode ser feito, contudo, pois têm sido feito; e os que o fizeram concordam que o trabalho é mais do que bem pago. A limitação dos vários veículos é com isso gradualmente transcendida, e o homem liberado se transforma num colaborador inteligente no poderoso plano para a evolução de todos os seres.

Em sua feição religiosa, também, a Teosofia dá aos seus seguidores uma regra de vida, baseada não em supostas ordenações proferidas num período remoto do passado, mas no simples bom senso, como indicado pelos fatos observados. A atitude do estudante de Teosofia em relação às regras que ela prescreve parece antes as que adotamos por medida higiênica do que uma obediência a imposições religiosas. Podemos dizer, se quisermos, que esta coisa ou aquela outra está de acordo com a Vontade Divina, pois a Vontade Divina é expressa no que conhecemos como leis da natureza. Porque aquela Vontade sabiamente dispôs todas as coisas, infringir suas leis significa perturbar o suave funcionamento do esquema, atrasar por um momento aquele fragmento ou pequena parte da evolução, e conseqüentemente trazendo desconforto para nós mesmos e outros. É por esta razão que o homem sábio evita infringí-las - não para escapar da imaginária ira de alguma deidade ultrajada.

Mas se de um certo ponto de vista podemos pensar na Teosofia como uma religião, devemos notar dois grandes pontos de diferença entre ela e o que é ordinariamente chamado de religião no Ocidente. Primeiro, ela não exige fé de seus seguidores, nem mesmo fala de fé no sentido em que este termo é usualmente empregado. O estudante da ciência oculta ou sabe uma coisa ou suspende seu julgamento sobre ela; não há espaço neste esquema para a fé cega. Naturalmente, os iniciantes no estudo ainda não podem saber por si mesmos, assim eles são solicitados a ler os resultados das várias observações e lidar com eles como hipóteses prováveis - para serem aceitas e agirmos em função delas provisoriamente, até o momento em que possam prová-las por si mesmos.

Segundo, a Teosofia jamais procura converter qualquer homem de qualquer religião que ele já abrace. Ao contrário, ela explica sua religião para ele, e o capacita para ver nela significados mais profundos do que ele jamais conhecera antes. Ela o ensina a entendê-la e vivê-la melhor do que o fazia, e em muitos casos devolve a ele, em um nível mais inteligente e mais alto, a fé que ele previamente havia perdido toda.

A Teosofia têm seu aspecto de ciência também; é verdadeiramente uma ciência da vida, uma ciência da Alma. Ela aplica a tudo o método científico da observação reiterada e meticulosa, e então tabula os resultados e faz deduções a partir deles. Deste modo tem investigado os vários planos da Natureza, as condições da consciência humana durante a vida e após o que é comumente chamado de morte. Não pode ser demais repetir que suas asserções em todos estes pontos não são vagas presunções ou dogmas de fé, mas são baseadas em direta e muitas vezes repetida observação do que acontece. Seus investigadores têm tratado já em alguma extensão de assuntos mais no âmbito da ciência comum, como pode ser averiguado por quem ler o livro A Química Oculta.

Assim vemos que a Teosofia combina em si algumas das características da filosofia, da religião e da ciência. Qual, poderia ser perguntado, é seu evangelho para este mundo atribulado? Quais são os pontos principais que sobressaem de suas investigações? Quais são os grandes fatos que tem para apresentar à humanidade?

Eles têm sido bem resumidos em três pontos principais.

"Há três verdades que são absolutas, e que não podem ser ignoradas, ainda que possam continuar silentes por falta de divulgação.

"A alma do homem é imortal, e seu futuro é o futuro de uma coisa cujo crescimento e esplendor não têm limites.

"O princípio que concede vida reside em nós e está conosco, é imorredouro e eternamente benéfico, não é ouvido ou visto ou sentido, mas é percebido pelo homem que deseja percepção.

"Cada homem é seu legislador absoluto, o dispensador de glória ou miséria a si mesmo; o decretador de sua vida, sua recompensa, sua punição.

"Estas verdades, que são tão grandes quanto a própria vida, são tão simples quanto a mente mais simples do homem."

Ditas com mais brevidade, e na linguagem do homem das ruas, isso significa que Deus é bom, que o homem é imortal, e que assim como semear, assim deve colher. Há um definido esquema das coisas; está sob direção inteligente e opera sob leis imutáveis. O homem tem seu lugar neste esquema e vive segundo estas leis. Se compreendê-las e cooperar com elas, avançará rapidamente e será feliz; se não as entender - se, propositalmente ou não, transgredí-las, atrasará seu progresso e será miserável. Isso não são teorias, mas fatos provados. Que quem duvida se informe, e verá.

Capítulo 2

DO ABSOLUTO ATÉ O HOMEM

Do Absoluto, do Infinito, do Onipresente, em nosso presente estágio não podemos saber nada, exceto que existe; não podemos dizer nada que não represente uma limitação, e portanto inexata. N'Ele existem universos inumeráveis; em cada universo, incontáveis sistemas solares. Cada sistema solar é a expressão de um poderoso Ser, a quem chamamos de Logos, o Verbo Divino, a Deidade Solar. Para o sistema Ele é tudo o que os homens entendem por Deus. Ele o permeia; não existe nada nele que não seja Ele; é a Sua manifestação nesta matéria o que podemos ver. Porém Ele existe acima e fora dele, vivendo uma vida estupenda entre Seus Pares. Como é dito numa Escritura Oriental: "Tendo permeado este universo inteiro com uma partícula de Mim mesmo, ainda permaneço."

Desta Sua excelsa vida não podemos saber nada. Mas do fragmento de Sua vida que energiza Seu sistema podemos saber algo nos níveis inferiores de sua manifestação. Não podemos vê-Lo, mas podemos ver Seu poder em ação. Ninguém que seja clarividente pode ser ateu; a evidência é por demais tremenda.

De Si mesmo chamou à existência este poderoso sistema. Nós que estamos nele somos fragmentos em evolução de Sua vida, Centelhas de Seu Fogo divino; d'Ele todos procedemos; a Ele todos retornaremos.

Muitos têm perguntado por que Ele fez isso; por que Ele emanou de Si mesmo todo este sistema; por que Ele nos enviou para enfrentarmos as tormentas da vida. Não o podemos saber, tampouco é uma pergunta prática; é bastante que estejamos aqui, e façamos nosso melhor. Porém muitos filósofos especularam sobre este ponto e muitas sugestões foram dadas. A mais bela que conheço é a de um filósofo Gnóstico:

"Deus é Amor, mas o próprio Amor não pode ser perfeito a não ser que tenha em quem ser derramado e de quem possa voltar. Portanto Ele se manifestou na matéria, e limitou Sua glória, a fim de que através desse processo natural e lento de evolução pudéssemos vir a existir; e nós por nosso turno de acordo com Sua Vontade nos desenvolveremos até atingir mesmo Seu próprio nível, e então o próprio amor de Deus se tornará mais perfeito, porque então será derramado naqueles, Suas próprias crianças, que plenamente o entenderem e retribuírem, e assim Seu grande esquema será completado e Sua vontade cumprida.'

Em qual estupenda altitude Sua consciência habita não sabemos, nem podemos conhecer Sua verdadeira natureza como se mostra lá. Mas quando Ele se manifesta em condições que estão dentro de nosso alcance, Sua manifestação é sempre tríplice, daí todas as religiões O terem imaginado como uma Trindade. Três, ainda que fundamentalmente Um; Três Pessoas (embora pessoa signifique máscara) e ainda Um Deus, mostrando-Se naqueles Três Aspectos. Três para nós, olhando-O de baixo, porque Suas funções são diferentes; Um para Ele, porque As reconhece como apenas facetas de Si mesmo.

Todos estes Três Aspectos estão envolvidos na evolução do sistema Solar; todas os Três também estão envolvidos na evolução do homem. Esta evolução é Sua Vontade; o método dela é o Seu plano.

Logo abaixo desta Deidade Solar, ainda que de um modo misterioso partes de Si, estão Seus sete Ministros, às vezes chamados os Espíritos Planetários. Usando uma analogia retirada da fisiologia de nosso próprio corpo, Suas relações para com Ela são como as dos gânglios ou dos centros nervosos para com o cérebro. Toda a evolução que procede d'Ela o faz através de um ou outro d'Eles.

Por sua vez, sob Eles estão vastas hostes ou ordens de seres espirituais, a quem chamamos de Anjos ou Devas. Ainda não conhecemos todas as funções que Eles preenchem em todas as partes deste maravilhoso esquema, mas encontramos alguns d'Eles intimamente ligados à construção do sistema e à expansão da sua vida interior.

Aqui em nosso mundo há um grande Oficial que representa a Deidade Solar, e está no absoluto controle de toda a evolução que têm lugar neste planeta. Podemos imaginá-Lo como o verdadeiro Rei deste mundo, e sob Ele existem ministros a cargo dos diferentes departamentos. Um destes departamentos está ligado à evolução das diferentes raças da humanidade, de modo que para cada grande raça há um Líder que a funda, diferencia-a das outras todas, e assiste o seu desenvolvimento. Um outro departamento é o da religião e educação, e é dele que saíram todos os maiores instrutores da história - de quem todas as religiões nasceram. O grande Oficial à testa deste departamento ou vêm Ele mesmo ou envia um de Seus discípulos para fundar uma nova religião quando decide que é necessário alguma.

Assim todas as religiões, à época de sua primeira apresentação ao mundo, têm contido uma definida apresentação da Verdade, e em seus fundamentos esta Verdade têm sido sempre a mesma. As suas apresentações têm variado por causa das diferenças das raças às quais foram oferecidas. As condições de civilização e o grau de evolução obtido pelas várias raças têm tornado desejável apresentar esta Verdade única sob diferentes formas. Mas a Verdade interna é sempre a mesma, e a fonte de onde sai é a mesma, mesmo que as fases externas possam parecer diferentes e mesmo contraditórias. É tolice para os homens disputar sobre a questão da superioridade de um instrutor ou de um modo de ensino sobre outro, pois o instrutor é sempre alguém enviado pela Grande Fraternidade de Adeptos, e em todos os seus pontos importantes, em seus princípios éticos e morais, o ensino têm sido sempre o mesmo.

No mundo existe um corpo de Verdade que jaz por trás de todas estas religiões, e representa os fatos da natureza até onde no presente são conhecidos pelo homem. No mundo externo, por causa de sua ignorância disso, as pessoas estão sempre disputando e questionando sobre se existe um Deus; se o homem sobrevive à morte; se lhe é possível progresso definido, e qual é sua relação para com o universo. Estas questões estão sempre presentes na mente do homem tão logo sua inteligência desperta. Não são irrespondíveis, como freqüentemente se supõe; as respostas para elas estão ao alcance de qualquer um que faça os esforços adequados para encontrá-las. A verdade é alcançável, e as condições para seu alcance são passíveis de conquista por qualquer um que faça o esforço.

Nos primeiros estágios do desenvolvimento da humanidade, os grandes Oficiais da Hierarquia são providos de fora, de outras e mais altamente evoluídas partes do sistema, mas tão logo os homens podem ser treinados para o necessário nível de poder e sabedoria estas funções são assumidas por eles. A fim de aprontar-se para assumir um tal ofício um homem deve elevar-se até um nível muito alto, e deve tornar-se o que chamamos de Adepto - um ser de bondade, poder e sabedoria tão grandes que Ele sobressai acima do resto da humanidade, pois Ele já terá atingido o ápice da evolução humana; Ele conquistou o que o plano da Deidade assinalou para que conquistasse durante esta era ou dispensação. Mas Sua evolução continua posteriormente além daquele nível - continua até a divindade.

Um grande número de homens já atingiu o nível de Adepto - homens não de uma só nação, mas de todas as principais nações do mundo - almas raras que com coragem indomável assediaram os castelos da natura, e arrebataram seus segredos internos, e adquiriram assim verdadeiramente o direito de serem chamados de Adeptos. Entre Eles há muitos graus e muitas linhas de atividade; mas sempre alguns d'Eles permanecem em contato com nossa Terra como membros desta Hierarquia que está incumbida da administração dos negócios do mundo e da evolução espiritual de nossa humanidade.

Este corpo augusto é freqüentemente chamado A Grande Fraternidade Branca, mas seus membros não são uma comunidade onde todos vivem juntos. Cada um d'Eles, em grande medida, retira-Se do mundo, e ficam em constante comunicação entre si e com Seu Líder; mas Seu conhecimento das forças superiores é tão grande que isso é conseguido sem qualquer necessidade de encontro no mundo físico. Em muitos casos Eles continuam a viver cada Qual em Seu próprio país, e Seus poderes permanecem insuspeitos aos que vivem perto d'Eles. Qualquer homem que quiser pode atrair Sua atenção, mas ele pode fazer isso apenas mostrando-se digno de Sua atenção. Ninguém deve temer que seus esforços passem impercebidos; tal lapso é impossível, pois o homem que se está devotando a um serviço como este, destaca-se do restante da humanidade como uma grande chama numa noite escura. Uns poucos destes grandes Adeptos, que ora trabalham pelo bem do mundo, desejam tomar como aprendizes aqueles que resolveram devotar-se completamente ao serviço da humanidade; tais Adeptos são chamados Mestres. Um desses aprendizes foi Helena Petrovna Blavatsky - uma grande alma que foi enviada para oferecer conhecimento ao mundo. Junto com o Coronel Henry Olcott ela fundou a Sociedade Teosófica para a disseminação deste conhecimento que ela devia dar. Entre aqueles que entraram em contato com ela naqueles velhos tempos estava A. P. Sinnett, o editor de The Pioneer, e seu agudo intelecto imediatamente captou a magnitude e a importância do ensino que ela lhe apresentou. Mesmo que Madame Blavatsky já tivesse antes escrito Ísis sem Véu, havia atraído apenas escassa atenção, e foi o Sr. Sinnett que primeiro tornou o ensino prontamente disponível aos leitores ocidentais com seus dois livros, O Mundo Oculto e Buddhismo Esotérico.

Foi através destes trabalhos que eu próprio primeiro vim a conhecer seu autor, e depois a própria Madame Blavatsky; de ambos aprendi muito. Quando perguntei a Madame Blavatsky como poderia aprender mais ainda, como se poderia fazer um progresso definido ao longo da Senda que ela nos apontou, ela me falou da possibilidade de outros estudantes serem aceitos como aprendizes pelos grandes Mestres, assim como ela mesma havia sido aceita, e que o único caminho de obter esta aceitação era mostrar-se digno dela pelo trabalho diligente e altruísta. Ela me disse que para atingir esta meta um homem deve ser absolutamente unidirecionado em sua determinação; que ninguém que tente servir Deus e Mammon jamais poderia esperar conseguir. Um destes mesmos Mestres disse: "A fim de conseguir, um discípulo deve deixar seu mundo e entrar no nosso."

Isto significa que ele deve cessar de ser um na maioria que vive pela riqueza e poder, e deve juntar-se à diminuta minoria que não se importa nada com estas coisas, mas vive somente a fim de devotar-se altruisticamente ao bem do mundo. Ela advertiu-nos claramente que o caminho era difícil de seguir, e que seríamos incompreendidos e vilipendiados por aqueles que ainda viviam no mundo, e não devíamos olhar à frente senão para o mais árduo dos trabalhos árduos; e ainda que o resultado fosse assegurado, ninguém poderia prever quando seria atingido. Alguns de nós aceitaram estas condições alegremente, e em nenhum momento nos arrependemos de tal decisão.

Depois de alguns anos de trabalho eu tive o privilégio de entrar em contato com estes grandes Mestres de Sabedoria; d'Eles eu aprendi muitas coisas - entre outras, como verificar por mim mesmo em primeira mão a maioria dos ensinamentos que Eles haviam dado. De modo que, neste assunto, escrevo do que sei, e do que tenho visto por mim mesmo. Certos pontos são mencionados no ensino, pois para sua verificação são necessários poderes além de qualquer coisa que eu já tenha obtido. Deles, só posso dizer que são consistentes com o que já sei, e em muitos casos são necessários como hipóteses confirmadoras do que tenho visto. Eles me chegaram, junto com o resto do sistema Teosófico, com a autoridade destes poderosos Instrutores. Desde então eu tenho aprendido a examinar por mim mesmo a de longe maior parte do que me foi dito, e tenho descoberto que a informação dada a mim está correta em cada detalhe; portanto justifica-se que eu defenda a probabilidade de que aquela outra parte, a que eu ainda não posso verificar, também provará estar correta quando eu chegar naquele nível.

Obter a honra de ser aceito como um aprendiz de um dos Mestres da Sabedoria é o objetivo definido por cada estudante Teosófico sério. Mas significa um esforço definido. Sempre têm havido homens que estiveram desejosos de fazer o esforço necessário, e portanto sempre têm havido homens que souberam. O conhecimento é tão transcendente que quando um homem o incorpora plenamente se torna mais que um homem, e passa além de nosso alcance.

Mas há estágios na aquisição deste conhecimento, e podemos aprender muito, se quisermos, daqueles que também ainda estão em processo de aprendizagem; pois todos os seres humanos estão em um ou outro degrau na escada da evolução. O primitivo está na base; nós que somos civilizados já escalamos parte do caminho. Mas ainda que possamos olhar para trás e ver degraus da escada que já passamos, também podemos olhar para a frente e ver muitos degraus acima de nós que ainda não atingimos. Assim como existem homens que estão mesmo agora em cada um dos degraus acima, por isso podemos ver os estágios pelos quais o homem subiu; assim também como há homens em cada degrau acima de nós, igualmente pelo estudo deles podemos ver como o homem subirá no futuro. Precisamente porque vemos homens em cada degrau desta escadaria, que conduz a uma glória que já não temos palavras para expressar, sabemos que a ascensão àquela glória nos é possível. Os que estão muito acima de nós, tão acima que nos aparecem como deuses em Seu maravilhoso conhecimento e poder, contam-nos que Eles até não muito tempo atrás estavam onde nós estamos agora, e Eles nos indicam claramente os passos que faltam, os que devemos dar se havemos de ser como Eles.

Capítulo 3

A FORMAÇÃO DO SISTEMA SOLAR

O início do universo (se jamais teve algum início) está fora de nosso alcance. No ponto da história mais remoto a que podemos chegar, os dois grandes opostos do Espírito e matéria, da vida e da forma, já estão em plena atividade. Acreditamos que a concepção comum de matéria requer uma revisão, pois o que comumente são chamadas força e matéria em realidade são somente duas variedades do Espírito em diferentes estágios de evolução, e a matéria real ou base de tudo jaz no pano de fundo impercebido. Um cientista francês disse recentemente: "Não há matéria; não há nada exceto buracos no éter." Isto também concorda com a celebrada teoria do Prof. Osborne Reynolds. A investigação oculta mostra que esta é a visão correta, e deste modo explica o que os livros sacros Orientais querem dizer quando falam que a matéria é uma ilusão.

A matéria primordial como vista em nosso nível é o que os cientistas chamam de éter do espaço (o que tem sido descrito na Química Oculta sob o nome de koilon). Para cada sentido físico o espaço ocupado por ele é aparentemente vazio, ainda que em realidade este éter seja muitíssimo mais denso do que qualquer coisa que possamos conceber. Sua densidade é definida pelo Prof. Reynolds como sendo dez mil vezes maior que a da água, o que significa uma pressão de 750.000 toneladas por polegada quadrada.

Esta substância é perceptível só ao poder clarividente altamente treinado. Devemos presumir um tempo (ainda que não tenhamos conhecimento direto neste ponto) quando esta substância preenchia todo o espaço. Devemos também supor que algum grande Ser (não a Deidade de um sistema solar, mas algum Ser quase infinitamente mais excelso que aquela) alterou esta condição de repouso ao derramar Seu espírito ou força dentro de certa seção desta matéria, uma seção do tamanho de um universo inteiro. O efeito da introdução desta força é como o do soprar de uma poderosa respiração; ela formou neste éter um incalculável número de pequenas bolhas esféricas (referidas na Doutrina Secreta como os buracos que Fohat abre no espaço), e estas bolhas são os átomos ultérrimos de que o que chamamos matéria é composta. Não são os átomos do químico, sequer os átomos derradeiros do mundo físico. Eles estão em um nível muitíssimo mais elevado, e o que usualmente chamamos átomos são compostos de vastas agregações destas bolhas, como será visto mais adiante.

Quando a Deidade Solar começa a formar Seu sistema, Ela encontra já pronto à mão este material - esta infinita massa de pequenas bolhas que podem ser construídas nos diversos tipos de matéria como a conhecemos. Ela começa definindo o limite de Seu campo de atividade, uma vasta esfera cuja circunferência é muito maior que a órbita do mais externo de Seus futuros planetas. Dentro do limite desta esfera Ela dispõe um tipo de vórtice gigantesco - um movimento que reúne juntas todas as bolhas numa vasta massa central, o material da nebulosa que há de nascer.

Nesta vasta esfera giratória Ela aplica sucessivos impulsos de força, juntando as bolhas em agregações cada vez mais e mais complexas, e produzindo desta maneira sete gigantescos mundos interpenetrantes de matéria em diferentes graus de densidade, todos concêntricos e todos ocupando o mesmo espaço.

Agindo através de Seu Terceiro Aspecto, Ela envia para esta esfera estupenda o primeiro destes impulsos. Ele produz em toda a esfera um imenso número de pequenos vórtices, cada qual atraindo para si quarenta e nove bolhas, e as arranja de certa forma. Estes pequenos agrupamentos de bolhas assim formadas são os átomos do segundo dos mundos interpenetrantes. O número total de bolhas não é utilizado deste modo, um número suficiente sendo deixado em estado dissociado para atuarem como átomos para o primeiro e mais elevado destes mundos. No devido tempo chega o segundo impulso, que captura quase todas as quarenta e nove bolhas atômicas (deixando só o bastante para suprir de átomos o segundo mundo), as recolhe em si e então, expelindo-as novamente, organiza vórtices entre elas, cada qual abrigando em si 2.401 bolhas (492). Estas formam os átomos do terceiro mundo. Novamente depois de algum tempo vem um terceiro impulso, que da mesma forma reúne quase todas estas 2.401 bolhas atômicas, devolve-lhes a sua forma original, e de novo as expele para fora mais uma vez como átomos do quarto mundo - cada átomo contendo esta vez 493 bolhas. Este processo é repetido até que o sexto desses impulsos sucessivos tenha construído o átomo do sétimo ou mundo mais inferior - um átomo que contém 496 das bolhas originais.

Este átomo de sétimo mundo é o átomo derradeiro do mundo físico - não qualquer dos átomos de que fala o químico, mas aquele ultérrimo dos quais seus átomos são feitos. Neste estágio nós teremos chegado àquela condição das coisas na qual a vasta esfera rodopiante contém em si sete tipos de matéria, todas uma só em essência, pois todas construídas do mesmo tipo de bolhas, mas diferindo em seu grau de densidade. Todos esses tipos são livremente entremesclados, de modo que exemplares de cada tipo sejam encontrados numa pequena porção tomada ao acaso de qualquer parte da esfera, entretanto, com uma tendência geral de os átomos mais pesados gravitarem mais e mais em direção ao centro.

O sétimo impulso enviado do Terceiro Aspecto da Deidade não transforma, como antes, de volta os átomos físicos que foram feitos por último nas bolhas dissociadas originais, mas reúne-os em certas agregações, fazendo assim um número de diferentes tipos do que podemos chamar de proto-elementos, e estes novamente são reunidos juntos em várias formas que são conhecidas na ciência como elementos químicos. Essas elaborações se estendem por um período de longas eras, e são feitas em uma certa ordem definida pela interação de diversas forças, como é corretamente indicado no trabalho de Sir William Crookes A Gênese dos Elementos. Na verdade o processo de sua elaboração mesmo agora ainda não está concluído; o urânio é o último e mais pesado elemento até onde sabemos, mas outros ainda mais complexos podem talvez ser produzidos no futuro.

Com o passar das eras a condensação aumentou, e logo o estágio de uma vasta nebulosa incandescente foi alcançado. Ao resfriar-se, mas ainda girando com rapidez, achatou-se em um imenso disco e gradualmente partiu-se em anéis em torno de um corpo central - um arranjo não dessemelhante daquele que Saturno exibe nos dias de hoje, ainda que numa escala muitíssimo maior. Aproximando-se o momento em que os planetas seriam necessários para os propósitos da evolução, a Deidade criou na espessura de cada anel um vórtice subsidiário, no qual uma grande quantidade de matéria do anel fosse gradualmente coletada. As colisões dos fragmentos reunidos provocou uma revivescência do calor, e o planeta resultante foi por longo tempo uma massa de gás incandescente. Pouco a pouco ela esfriou de novo, até que se aprontou para ser o teatro de vida como a nossa. Assim todos os planetas foram formados.

Quase toda a matéria desses mundos interpenetrantes a esta altura estava concentrada nos planetas recém-formados. Cada um deles era e é composto de todos aqueles diferentes tipos de matéria. A Terra sobre onde vivemos agora não é apenas uma grande bola de matéria física, construída com os átomos daquele mundo inferior, mas também tem associado um abundante suprimento de matéria do sexto, do quinto, do quarto e dos outros mundos. É bem sabido de todos os estudantes de ciência que partículas de matéria na verdade jamais tocam umas nas outras, mesmo na mais densa das substâncias. Os espaços entre elas estão em muitíssimo maior proporção do que seu próprio tamanho - enormemente maior. De modo que existe um amplo espaço para todos os outros tipos de átomos de todos os outros mundos, não só para permanecerem entre os átomos da matéria mais densa, mas para se moverem mui livremente por entre e em torno deles. Conseqüentemente, este globo sobre onde vivemos não é só um único mundo, mas sete mundos interpenetrantes, todos ocupando o mesmo espaço, exceto que os tipos mais finos de matéria se estendem para mais além do centro do que o faz a matéria mais densa.

Nós demos nomes a esses mundos interpenetrantes por conveniência ao falarmos deles. Nenhum nome é necessário para o primeiro, já que o homem ainda não está em conexão direta com ele; mas quando for preciso mencioná-lo, poderíamos chamá-lo de mundo divino. O segundo é descrito como sendo o monádico, porque nele existem aquelas Centelhas da Vida divina que denominamos Mônadas humanas; mas tampouco estas podem ser alcançadas mesmo pela mais elevada investigação clarividente por enquanto possível para nós. A terceira esfera, cujos átomos contêm 2.401 bolhas, é chamada de mundo espiritual, porque nele atua o mais alto Espírito no homem do modo como hoje ele é constituído. O quarto é o mundo intuicional (previamente chamado na Teosofia de plano búdico) porque dele provêm as mais altas intuições. O quinto é o mundo mental, porque de sua matéria é construída a mente do homem. O sexto é dito mundo emocional ou astral, porque as emoções do homem provocam ondulações em sua matéria (o nome astral lhe foi dado pelos alquimistas medievais, porque sua matéria é cintilante ou brilhante como estrelas, comparada àquela do mundo mais denso). O sétimo mundo, composto do tipo de matéria que vemos à nossa volta, é chamado de físico.

A matéria de que todos esses mundos interpenetrantes são construídos é essencialmente a mesma, mas diferentemente arranjada e em diferentes graus de densidade. Portanto as freqüências em que esses vários tipos de matéria normalmente vibram também diferem. Elas podem ser consideradas como uma vasta gama de ondulações consistindo de muitas oitavas. A matéria física utiliza um certo número das oitavas mais baixas, a matéria astral um outro grupo de oitavas logo acima destas, a matéria mental um grupo ainda mais elevado, e assim por diante.

Não só cada um destes mundos têm seu próprio tipo de matéria; também tem seu próprio conjunto de agregações desta matéria - suas próprias substâncias. Em cada mundo arranjamos estas substâncias em sete classes de acordo com a taxa em que vibram suas moléculas. Usualmente, mas não sempre, as oscilações mais lentas envolvem também uma molécula maior - uma molécula, digamos, construída por um arranjo especial das moléculas menores da subdivisão imediatamente superior. A aplicação de calor aumenta o tamanho das moléculas e também acelera e amplifica suas ondulações, de modo que elas cobrem um maior terreno, e o objeto como um todo se expande, até atingir o ponto onde as agregações de moléculas se rompem, e estas passam de uma condição para a imediatamente superior. Na matéria do mundo físico as sete subdivisões são representadas por sete graus de densidade da matéria, aos quais, partindo de baixo para cima, damos os nomes de sólido, líquido, gasoso, etérico, super-etérico, sub-atômico e atômico.

A subdivisão atômica é uma na qual todas as formas são construídas pela compressão dos átomos físicos em certas formas, sem qualquer reunião prévia destes átomos em blocos ou moléculas. Tipificando por ora o átomo físico ultérrimo como um tijolo, qualquer forma na subdivisão atômica seria feita pela reunião de alguns tijolos, e moldando-os em certa forma. A fim de fazer matéria para a subdivisão imediatamente inferior, um certo número de tijolos (átomos) primeiro seriam reunidos e cimentados em blocos menores de, digamos, quatro tijolos cada, cinco tijolos cada, seis ou sete tijolos; e então estes blocos assim feitos seriam usados como pedras para construção. Para a próxima subdivisão diversos blocos da segunda subdivisão cimentados juntos de certas maneiras formariam pedras de construção, e do mesmo modo até a mais inferior.

Para transferir qualquer substância da condição sólida para a líquida (isto é, para dissociá-la) aumentamos a vibração de suas moléculas componentes até que enfim sejam fragmentadas nas moléculas mais simples de que são constituídas. Este processo pode em todos os casos ser repetido de novo e de novo até que finalmente toda e qualquer substância pode ser reduzida aos átomos ultérrimos da mundo físico.

Cada um destes mundos tem seus habitantes, cujos sentidos são normalmente capazes de responder às ondulações apenas de seu próprio mundo. Um homem vivendo (como estamos fazendo) no mundo físico vê, ouve, sente, através de vibrações associadas à matéria física em seu redor. Ele igualmente é rodeado pelos mundos astral e mental e os outros mundos que estão interpenetrando seu próprio mundo mais denso, mas ele normalmente é inconsciente, porque seus sentidos não podem responder às vibrações de suas matérias, exatamente como nossos olhos físicos não podem ver pelas vibrações da luz ultravioleta, ainda que experimentos científicos demonstrem que elas existem, e há outras consciências com órgãos diversamente formados que podem vê-las. Um ser vivendo no mundo astral poderia estar ocupando exatamente o mesmo espaço de um ser vivendo no mundo físico, sendo cada um inteiramente inconsciente do outro e de modo algum impedindo o movimento livre do outro. O mesmo é verdade para todos os outros mundos. Estamos neste momento rodeados por estes mundos de matéria mais fina, tão próximos de nós quanto o mundo que podemos ver, e seus habitantes estão passando através de e em torno de nós, mas estamos inteiramente inconscientes deles.

Uma vez que a nossa evolução no presente está centrada sobre este globo a que chamamos Terra, só em relação a ela é que estamos falando deste mundos superiores, pois no futuro quando eu usar o termo "mundo astral" eu estarei querendo dizer a parte astral de nosso próprio globo somente, e não (como até aqui) a parte astral de todo o sistema solar. Esta parte astral de nosso próprio mundo também é um globo, mas de matéria astral. Ocupa o mesmo lugar que o globo que vemos, mas sua matéria (sendo muito mais diáfana) se estende no espaço em todas as direções mais do que o faz a atmosfera da Terra - muito mais além. Ele se estende até um pouco menos que a distância média até a Lua, de modo que mesmo que os dois globos, a Terra e a Lua, estejam afastados quase 240.000 milhas, os globos astrais destes dois corpos se tocam quando a Lua está no seu perigeu (o ponto de menor distância entre os dois corpos), mas não quando está em seu apogeu (o ponto de maior distância). Aplicarei o termo "mundo mental" ao globo ainda maior de matéria mental em meio ao qual nossa Terra existe. Quando chegamos aos globos ainda mais elevados temos esferas grandes o bastante para tocar as esferas correspondentes de outros planetas no sistema, ainda que sua matéria também esteja tão cerca de nós aqui na superfície da Terra sólida como aquela dos outros. Todos estes globos de matéria mais fina são partes de nós, e estão todos girando ao redor do Sol com suas partes visíveis. O estudante faria bem em acostumar-se a pensar em nossa Terra como o conjunto de sua massa de mundos interpenetrantes - não somente a comparativamente pequena bola física no centro dele.

Capítulo 4

A EVOLUÇÃO DA VIDA

Todos os impulsos de vida que eu descrevi como construindo os mundos interpenetrantes veio do Terceiro Aspecto da Deidade. Daí este Aspecto ser chamado no esquema Cristão "o Doador da Vida", o Espírito que pairava sobre a face das águas do espaço. Na literatura Teosófica estes impulsos são usualmente tomados como um conjunto, e chamado de Primeira Emanação.

Quando os mundo tiverem sido preparados até esta extensão, e a maioria dos elementos químicos já existir, a Segunda Emanação de vida tem lugar, e provêm do Segundo Aspecto da Deidade. Ela traz consigo o poder de combinação. Em todos os mundos é visto existir o que poderia ser pensado como os elementos correspondentes àqueles mundos. Ela prosseguiu na combinação daqueles elementos em organismos que então animou, e deste modo construiu os sete reinos da natureza. A Teosofia reconhece sete reinos, porque considera o homem como separado do reino animal, e leva em conta diversos estágios de evolução que são invisíveis pelo olho físico, e lhes dá a denominação medieval de "reinos elementais".

A Vida divina se derrama na matéria de cima para baixo, e seu curso completo pode ser imaginado tendo dois estágios - a gradual incorporação de matéria mais e mais densa, e então o gradual abandono de novo dos veículos que assumiu. O primeiro nível em que seus veículos podem ser cientificamente observados é o mental - o quinto contando do mais rarefeito para o mais grosseiro, o primeiro no qual há globos separados. No estudo prático é considerado conveniente dividir este mundo mental em duas partes, que chamamos superior e inferior de acordo com o grau de densidade de sua matéria. O superior consiste das três subdivisões mais finas de matéria mental; o inferior, das outras quatro.

Quando a Emanação atinge o mundo mental superior reúne os elementos etéricos de lá, combina-os no que naquele nível corresponde a substâncias, e destas substâncias constrói formas em que habita. A este chamamos de o primeiro reino elemental.

Depois de um longo período de evolução, através de diversas formas naquele nível, a onda de vida, que todo o tempo está pressionando constantemente para baixo, aprende a se identificar tanto com aquelas formas, em vez de ocupá-las e abandoná-las periodicamente, que é capaz de mantê-las permanentemente e fazê-las partes de si mesma, de modo que daquele nível pode proceder à temporária ocupação de formas em um nível mais baixo. Quando atinge este estágio a denominamos de segundo reino elemental, cuja vida animante reside nos níveis mentais superiores, enquanto que os veículos através de que se manifesta estão nos inferiores.

Após um outro vasto período de duração similar, é visto que a pressão descendente provocou a repetição deste processo; uma vez mais a vida identificou-se com suas formas, e fixou residência nos níveis mentais inferiores, de modo a ser capaz de animar corpos no mundo astral. Neste estágio nós a chamamos de terceiro reino elemental.

Falamos de todas estas formas como mais finas ou mais densas relativamente uma à outra, mas todas elas são quase infinitamente mais rarefeitas que qualquer uma a que estejamos acostumados no mundo físico. Cada um destes três é um reino da Natureza, tão variado em suas manifestações de suas diversas formas de vida como os reinos vegetal e animal que conhecemos. Depois de um longo período passado animando as formas do terceiro destes mundos elementais ela por sua vez se identifica com eles, e assim se torna capaz de animar a parte etérica do reino mineral, e se torna a vida que o vivifica - pois há uma vida no reino mineral tanto como há no vegetal ou animal, ainda que em condições onde não pode se manifestar tão livremente. No curso da evolução mineral a pressão descendente a faz identificar-se do mesmo jeito com a matéria etérica do mundo físico, e daquele animar a matéria mais densa dos minerais que são perceptíveis aos nossos sentidos.

No reino mineral incluímos não só o que usualmente chamamos de minérios, mas também os líquidos, gases e muitas substâncias etéricas que são desconhecidas da ciência ocidental. Toda a matéria da qual sabemos alguma coisa é matéria viva, e a vida que contém está sempre evoluindo. Quando atinge o ponto central do estágio mineral a pressão descendente cessa, e é substituída por uma tendência ascensional; a exteriorização terá cessado e a interiorização, começado.

Quando a evolução mineral é completada, a Vida terá se retirado novamente para o mundo astral, mas armazenando em si todos os resultados obtidos através de suas experiências no físico. Neste estágio ela anima formas vegetais, e começa a mostrar-se muito mais claramente como o que comumente chamamos de vida - vida vegetal de todos os tipos; e num estágio ainda ulterior de seu desenvolvimento deixa o reino vegetal e anima o reino animal. O atingimento deste nível é o sinal de que já terá se retirado ainda mais, e agora está atuando a partir do mundo mental inferior. A fim de trabalhar na matéria física a partir daquele mundo mental ela deve atuar através de matéria astral intermediária; e aquela matéria astral agora já não é mais parte da vestimenta da alma-grupo como um todo, mas é o corpo astral individual do animal em questão, como mais adiante explicaremos.

Em cada um destes reinos ela não só passa um período de tempo que para nossa concepção é quase inacreditavelmente longo, mas também percorre um curso definido de evolução, começando das manifestações inferiores daquele reino e terminando com as superiores. No reino vegetal, por exemplo, a força-vida poderia iniciar sua trajetória ocupando gramíneas ou musgos e terminar animando magníficas árvores de floresta. No reino animal poderia começar com os mosquitos ou animálculos, e encerrar com as mais refinadas espécies de mamíferos.

O processo todo é de constante evolução de formas inferiores para as superiores, das mais simples para as mais complexas. Mas o que está evoluindo não é prioritariamente a forma, mas a vida interna. As formas também evoluem e tornam-se melhores à medida que o tempo transcorre; mas é para que possam ser veículos apropriados para ondas de vida mais e mais avançadas. Quando a vida atinge o mais alto nível possível no reino animal, então pode passar para o reino humano, sob condições tais como as que logo explicaremos.

A Emanação deixa um reino e passa para outro, de modo que se tivéssemos que lidar com apenas uma única onda desta Emanação só poderíamos ter em existência um reino de cada vez. Mas a Deidade envia uma constante sucessão destas ondas, de modo que a qualquer momento dado encontramos diversas delas simultaneamente em operação. Nós próprios representamos uma destas ondas; mas encontramos evoluindo ao nosso lado uma outra onda que anima o reino animal - uma onda que procedeu da Deidade um estágio depois do que o fizemos. Encontramos ainda o reino vegetal, que representa uma terceira onda, e o reino mineral, que representa uma quarta; e os ocultista sabem da existência à nossa volta de três reinos elementais, que representam a quinta, sexta e sétima ondas. Todas estas, entretanto, são influxos sucessivos da mesma grande Emanação do Segundo Aspecto da Deidade.

Temos aqui, então, um esquema de evolução no qual a Vida divina se envolve mais e mais fundamente na matéria, a fim de que através dessa matéria possa receber vibrações que doutro modo não a afetariam - impactos externos, que por etapas despertam nela padrões de ondulação correspondentes aos seus, de modo que ela aprende a responder-lhes. Mais tarde ali aprende a gerar por si mesma estes padrões de ondulação, e assim se torna um ser possuído de poderes espirituais.

Podemos presumir que quando esta Emanação de vida originalmente saiu da Deidade, em algum nível além de nosso poder de cognição, talvez tenha sido homogênea; mas quando primeiro chega à percepção prática, quando está no mundo intuicional, mas apenas animando corpos feitos de matéria do mundo mental superior, já não é uma só gigantesca alma-mundial, mas muitas almas, Suponhamos uma Emanação homogênea, que pode ser considerada como uma única imensa alma, numa extremidade da escala; noutra, quando é atingida a humanidade, temos que aquela única alma vasta partiu-se em milhões das comparativamente pequenas almas dos homens individuais. Em qualquer estágio entre estes dois extremos encontramos uma condição intermédia, a imensa alma-mundial já subdividida, mas não até o mais extremo limite possível de subdivisão.

Cada homem é uma alma, mas não cada animal ou cada planta. O homem, como uma alma, pode se manifestar somente através de um corpo de cada vez no mundo físico, ao passo que uma alma animal se manifesta simultaneamente através de uma quantidade de corpos animais, uma alma vegetal através de uma quantidade de plantas separadas. Um leão, por exemplo, não é uma entidade permanentemente separada do mesmo modo que um homem o é. Quando um homem morre - isto é, quando ele enquanto alma deixa de lado seu corpo físico - permanece exatamente como era antes, uma entidade separada de todas as outras entidades. Quando o leão morre, aquilo que tinha sido sua alma separada é devolvido à massa de onde veio - uma massa que ao mesmo tempo está provendo as almas para muitos outros leões. Para tal massa damos o nome de "alma-grupo".

A uma alma-grupo como esta está associado um considerável número de corpos leoninos - digamos uma centena. Cada um destes corpos enquanto vive tem sua centésima parte da alma-grupo ligada a ele, e durante este tempo aparenta ser de todo separado, de maneira que o leão durante sua vida física é tão um indivíduo quanto o homem; mas não é um indivíduo permanente. Quando ele morre a sua alma reflui para a alma-grupo a que pertence, e aquela mesma alma leonina não pode ser separada novamente do grupo.

Uma analogia útil pode ajudar na compreensão. Imagine a alma-grupo sendo representada pela água dentro de um balde, e a centena de corpos de leões por cem copos. Quando cada copo é mergulhado no balde retira uma medida de água (a alma separada). Aquela água durante o período assume a forma do veículo que preenche, e é temporariamente separada da égua que permanece no balde, e da água nos outros copos.

Agora coloque-se em cada um dos cem copos alguma espécie de corante ou alguma espécie de aromatizante. Isto representaria as qualidades desenvolvidas pelas suas experiências na alma separada do leão durante sua vida. Devolva a água do copo para o balde; isso representa a morte do leão. A matéria corante ou aromatizante será disseminada por toda a água no balde, mas dará uma coloração muito mais tênue, um odor muito menos pronunciado quando assim distribuída do que quando estava confinada a um só copo. As qualidades desenvolvidas pela experiência de um leão ligado àquela alma-grupo são destarte compartilhadas por toda a alma-gupo, mas em grau muito menor.

Podemos tirar outro copo de água daquele balde, mas jamais poderemos obter a mesmíssima água depois de ela ter-se misturado à restante. Cada copo de água retirado daquele balde no futuro conterá alguns traços do corante ou aromatizante posto em cada copo cujo conteúdo tiver retornado ao balde. Assim as qualidades desenvolvidas pela experiência de um único leão se tornarão propriedade comum de todos os leões que futuramente nascerem daquela alma-grupo, ainda que em grau menor do que existiam naquele leão individual que as desenvolveu.

Esta é a explicação para os instintos herdados; este é o porquê de um patinho chocado por uma galinha correr instantaneamente para a água sem precisar que lhe mostrem como nadar; o porquê de um pinto esconder-se à visão da sombra de uma águia mal sai do ovo; o porquê de um pássaro que foi artificialmente criado, e jamais viu um ninho, não obstante sabe como fazer um, e o faz de acordo com as tradições de sua espécie.

Mais abaixo na escala da vida animal enormes números de corpos são associados a uma única alma-grupo - incontáveis milhões, por exemplo, no caso de alguns dos insetos menores; mas à medida que subimos no reino animal o número de corpos associados a uma só alma-grupo se torna cada vez menor, e portanto as diferenças entre os indivíduos se tornam maiores.

Assim as almas-grupo gradualmente se fragmentam. Retornando ao símbolo do balde, à medida que copo após copo d'água é retirado dele, colorido com algum tipo de substância corante e a ele devolvido, toda a água do balde gradualmente se torna mais rica em cor. Suponha que por estágios imperceptíveis algum tipo de película vertical se forme através do centro do balde, e gradualmente se solidifique numa divisão, de modo que agora tenhamos uma metade direita e uma esquerda no balde, e cada copo de água que fosse retirado fosse devolvido sempre para a mesma metade de onde foi retirado.

Então logo uma diferença se estabelecerá, e o líquido em uma das metades do balde já não será o mesmo que o da outra metade. Teríamos então praticamente dois baldes, e quando este estágio é atingido numa alma-grupo ela se divide em duas, como uma célula se separa por fissão. Desta forma, à medida que a experiência se enriquece sempre mais, as almas-grupo se tornam menores mas mais numerosas, até que no ponto mais alto chegamos ao homem com sua alma individual, que já não mais retorna a um grupo mas sempre permanece separado.

Uma das ondas de vida está vivificando todo um reino; mas nem todas as almas-grupo naquela onda de vida passarão por todo aquele reino desde baixo até em cima. Se no reino vegetal uma certa alma-grupo tiver animado árvores florestais, quando passar para o reino animal omitirá todos os estágios inferiores - isto é, jamais habitará insetos ou répteis, mas começará logo no nível dos mamíferos inferiores. Os insetos e répteis serão vivificados por almas-grupo que por algumas razões deixaram o reino vegetal num nível muito mais baixo do que a árvore de floresta. Da mesma maneira a alma-grupo que tiver atingido os níveis mais altos do reino animal, não se individualizará em selvagens primitivos mas em homens de um tipo algo superior, os selvagens primitivos sendo recrutados de almas-grupo que deixaram o reino animal em um nível inferior.

Almas-grupo em qualquer nível ou em todos os níveis se distribuem em sete grandes tipos, de acordo com o Ministro da Deidade através de cuja vida emanaram. Estes tipos são claramente distinguíveis em todos os reinos, e as sucessivas formas assumidas por cada um deles constituem séries interligadas, de modo que animais, vegetais, e as variedades das criaturas elementais podem ser arranjadas todas dentro de sete grandes linhas, e a vida percorrendo uma destas linhas não se desviará para nenhuma das outras.

Nenhuma classificação detalhada já foi feita sobre os animais, plantas ou minerais a partir deste ponto de vista; mas é certo que a vida que é encontrada animando um mineral de um tipo especial jamais vivificará qualquer outro tipo além do seu mesmo, ainda que naquele tipo possa variar. Quando passa para os reinos vegetal e animal habitará vegetais e animais daquele tipo e não de outro, e quando eventualmente atingir a humanidade se individualizará em homens daquele tipo e não de outro.

O método de individualização é a elevação da alma de um animal particular a um nível muito mais alto do que o atingido por sua alma-grupo de modo que já não pode mais voltar a ele mais tarde. Isso não pode ser feito com qualquer animal, mas só com aqueles cujo cérebro estiver desenvolvido até certo nível, e o método usualmente adotado para adquirir tal desenvolvimento mental é trazer o animal a um contato estreito com o homem. A individualização, portanto, é possível somente para animais domésticos, e mesmo assim só para certos tipos deles. À testa de cada um dos sete tipos fica uma espécie de animal doméstico - o cachorro em um, o gato em outro, o elefante num terceiro, o macaco num quarto, e assim por diante. Os animais selvagens podem todos ser distribuídos em sete linhas que conduzem aos animais domésticos; por exemplo, a raposa e o lobo obviamente estão na mesma linha do cachorro, enquanto o leão, o tigre e o leopardo igualmente óbvio conduzem ao gato doméstico; de modo que a alma-grupo animando a centena de leões mencionados antes poderia em um estágio posterior de evolução ser dividida em, digamos, cinco almas-grupo, cada qual animando vinte gatos.

A onda de vida passa um longo período em cada reino; estamos agora recém passando da metade de um destes eons, e conseqüentemente as condições não são favoráveis para aquisição daquela individualização que normalmente ocorre só no final de um período. Raros casos de tal aquisição podem ocasionalmente ser observados em alguns animais muito mais avançados que a média. A associação íntima com o homem é necessária para produzir este resultado. Se o animal é bondosamente tratado desenvolve devotada afeição por seu amigo humano, e também desenvolve seus poderes intelectuais ao tentar entender aquele amigo e antecipar seus desejos. Somando-se a isto, as emoções e os pensamentos do homem constantemente agem sobre os do animal, e tendem a elevá-lo a um nível mais alto tanto emocionalmente como intelectualmente. Sob condições favoráveis este desenvolvimento pode ir tão longe a ponto de alçar o animal pondo-o fora de contato com o grupo a que pertence, de modo que seu fragmento de alma-grupo se torna capaz de responder à Emanação que provém do Primeiro Aspecto da Deidade.

Pois esta Emanação final não é como as outras, uma poderosa torrente afetando milhares ou milhões simultaneamente; vem para cada um individualmente assim que ele estiver pronto para recebê-la. Esta Emanação já terá descido até o mundo intuicional; mas não procede mais além disso até que este ímpeto ascendente seja feito pela alma do animal de baixo para cima; mas quando isso acontece esta Terceira Emanação desce para encontrá-lo, e no mundo mental superior é formado um Ego, uma individualidade permanente - permanente, ou seja, até que, muito mais adiante em sua evolução, o homem o transcenda e retorne à divina unidade de onde veio. Para formar este Ego, o fragmento de alma-grupo (que até então desempenhou sua parte sempre como força animante) se torna por sua vez um veículo, e é ele próprio animado por aquela divina Centelha que desceu nele do alto. Pode ser dito que aquela Centelha esteve pairando no mundo monádico sobre a alma-grupo durante toda sua prévia evolução, incapaz de efetuar a junção com ela até que seu correspondente fragmento na alma-grupo tivesse se desenvolvido o suficiente para permiti-lo. É esta separação do restante da alma-grupo e a formação de um Ego separado que marca a distinção entre os animais superiores e os homens inferiores.


Capítulo 5

A CONSTITUIÇÄO DO HOMEM

 

O homem é portanto em essência uma Centelha do Fogo divino, pertencendo ao plano monádico. [A Presidente resolveu estabelecer agora um conjunto de nomes para os planos, de modo que no futuro estes serão usados em vez dos outro previamente empregados. Uma tabela deles é dada abaixo como referência.

 

 

 

Novos Nomes

Antigos Nomes

1. Mundo Divino

Plano Âdi

2. Mundo Monádico

Plano Anupâdaka

3. Mundo Espiritual

Plano Âtmico ou Nirvânico

4. Mundo Intuicional

Plano Búdico

5. Mundo Mental

Plano Mental

6. Mundo Emocional ou Astral

Plano Astral

7. Mundo Físico

Plano Físico

 

Estes substituirão os nomes dados no Vol. II de A Vida Interna..]

Para aquela Centelha, residindo todo tempo naquele mundo, damos o nome de “Mônada”. Para os propósitos da evolução humana a Mônada se manifesta nos mundos inferiores. Quando ela desce um estágio e entra no mundo espiritual, se mostra lá como o tríplice Espírito, possuindo três aspectos (exatamente como nos mundos infinitamente superiores a Deidade tem Seus Três Aspectos). Destes três - um permanece sempre naquele mundo, e o chamamos de Espírito no homem. O segundo aspecto se manifesta no mundo intuicional, e falamos dele como sendo a Intuição no homem. O terceiro se mostra no mundo mental superior, e o chamamos de Inteligência no homem. Estes três aspectos tomados juntos constituem o Ego que anima o fragmento saído da alma-grupo. Assim o homem como o conhecemos, mesmo que na verdade seja uma Mônada residindo no mundo monádico, mostra-se como um Ego no mundo mental superior, manifestando estes três aspectos de si mesma (Espírito, Intuição e Inteligência) através daquele veículo de matéria mental superior a que chamamos de corpo causal.

Este Ego é o homem durante o estágio humano de evolução; ele é a correspondência mais próxima, de fato, da concepção anti-científica comum sobre a Alma. Ele vive inalterado (exceto por seu crescimento) desde o momento da individualização até que a humanidade seja transcendida e mergulhada na divindade. Ele não é jamais afetado pelo que chamamos nascimento e morte; o que costumeiramente consideramos como sendo sua vida é só um dia de sua vida. O corpo que podemos ver, o corpo que nasce e morre, é uma roupa que ele veste para os propósitos de certa parte de sua evolução.

Tampouco este é o único corpo que ele assume. Antes que ele, o Ego no mundo mental superior, possa tomar um veículo pertencente ao mundo físico, deve fazer uma conexão com ele através dos mundos mental inferior e astral. Quando deseja descer ele reúne em torno de si um véu de matéria do mundo mental inferior, a que chamamos seu corpo mental. Este é o instrumento pelo qual pensa todos os seus pensamentos concretos – o pensamento abstrato sendo um poder do próprio Ego no mundo mental superior.

A seguir ele junta em seu redor um véu de matéria astral, a que chamamos seu corpo astral; e este é o instrumento de suas paixões e emoções, e ainda (em conjunção com a parte inferior de seu corpo mental) o instrumento de todos os pensamentos que são tingidos por egoísmo e sentimento pessoal. Somente depois de assumir estes veículos intermediários ele pode entrar em contato com o corpo físico de um bebê, e nascer no mundo que conhecemos. Ele vive através do que chamamos sua vida, adquirindo certas qualidades como resultado de suas experiências; e ao seu término, quando o corpo físico é abandonado, ele reverte o processo de descida e abandona um por um os veículos temporários que assumiu. O primeiro a ir-se é o corpo físico, e quando este é descartado, sua vida é centrada no mundo astral e ele vive em seu corpo astral.

A duração de sua estada naquele mundo depende da quantidade de paixão e emoção que ele desenvolveu em si nesta vida física. Se houver muito delas, o corpo astral é fortemente vitalizado, e persistirá por longo tempo; se houver pouco, o corpo astral tem menos vitalidade, e ele logo será capaz de por sua vez deixá-lo de lado. Quando isto é feito, ele se encontra vivendo em seu corpo mental. A sua força depende da natureza dos pensamentos aos quais se habituou, e usualmente sua estada neste nível é extensa. Então ela chega a um fim, e ele depõe por sua vez o corpo mental, e novamente o Ego está em seu próprio mundo.

Devido à falta de desenvolvimento, ele ainda está só parcialmente cônscio naquele mundo; as vibrações de sua matéria são rápidas demais para fazer qualquer impressão sobre ele, assim como os raios ultravioletas são rápidos demais para fazer qualquer impressão sobre nossos olhos. Depois de um repouso lá, ele sente o desejo de descer até um nível onde as ondulações lhe sejam perceptíveis, a fim de que possa sentir-se plenamente vivo; assim ele repete o processo de descida para dentro da matéria mais densa, e assume de novo um corpo mental, um astral e um físico. Como seus corpos anteriores já terão todos se desintegrado, cada um em seu tempo, estes novos veículos são inteiramente distintos dos outros, e assim ocorre que em sua vida física ele não tem qualquer lembrança das outras vidas semelhantes que a precederam.

Quando atua neste mundo físico ele lembra através de seu corpo mental; mas uma vez que há um novo, assumido só depois deste nascimento, naturalmente ele não pode conter nenhuma memória de nascimentos anteriores nos quais não teve parte alguma. O próprio homem, o Ego, relembra sim todos eles quando está em seu próprio mundo, e ocasionalmente uma recordação parcial ou influência deles se infiltra através de seus veículos inferiores. Usualmente ele não lembra, em sua vida física, das experiências de vidas pregressas, mas de fato manifesta na vida física as qualidades que aquelas experiências desenvolveram nele. Cada homem é portanto exatamente o que fez de si durante aquelas vidas passadas; se nelas ele tiver desenvolvido boas qualidades em si mesmo, ele agora as possui; se negligenciou em treinar-se, e conseqüentemente permitiu-se à fraqueza e má disposição, ele se encontrará precisamente nestas condições agora. As qualidades, boas ou más, com que nasce são aquelas que tiver construído para si mesmo.

Este desenvolvimento do Ego é o objetivo de todo o processo de materialização; ele assume aqueles véus de matéria precisamente porque através deles ele está apto para receber vibrações às quais pode responder, de modo que suas faculdades latentes possam ser assim desdobradas. Mesmo que o homem desça do alto para estes mundos inferiores, é só através desta descida que um pleno conhecimento dos mundos superiores se desenvolve nele. A consciência plena em qualquer dos mundos envolve o poder de perceber e responder a todas as vibrações daquele mundo; portanto o homem comum não tem ainda consciência perfeita em nenhum nível – nem mesmo em seu mundo físico que ele julga conhecer. É possível para ele desenvolver sua percepção em todos esses mundos, e é por meio desta consciência desenvolvida que observamos todos estes fatos que ora descrevo.

O corpo causal é o veículo permanente do Ego no mundo mental superior. Consiste de matéria da primeira, segunda e terceira subdivisões daquele mundo. Em pessoas comuns ele ainda não é totalmente ativo, sendo vivificada só a matéria que pertence à terceira subdivisão. À medida que o Ego desdobra suas potencialidades latentes através do longo curso de sua evolução, a matéria superior é gradualmente trazida à atividade, mas é só no homem aperfeiçoado a quem chamamos de Adepto que ela está desenvolvida até sua extensão máxima. Tal matéria pode ser distinguida pela visão clarividente, mas apenas por um vidente que saiba como usar a visão do Ego.

É difícil descrever um corpo causal completamente, porque os sentidos pertencentes a seu mundo são todos diferentes e mais elevados do que os nossos neste nível. A lembrança da aparência de um corpo causal como é possível a um clarividente trazê-la a seu cérebro físico é a imagem de um ovóide, que envolve o corpo físico do homem, estendendo-se até uma distância de cerca de quarenta e cinco centímetros a partir da superfície normal daquele corpo. No caso de um homem primitivo ele se assemelha a uma bolha, e dá a impressão de ser vazio. Na realidade é preenchido de matéria mental superior, mas como ainda não foi chamada à atividade permanece incolor e transparente. Com a continuidade do progresso gradualmente é posto em alerta pelas vibrações que lhe chegam dos corpos inferiores. Isso advém só lentamente, porque as atividades do homem nos primeiros estágios de sua evolução não têm um caráter que encontre expressão em matéria tão fina como a do corpo mental superior; mas quando um homem atinge o estágio onde ele é capaz de pensamento abstrato ou emoção altruísta a matéria do corpo causal é despertada em resposta.

Quando estes padrões ondulatórios são despertados nele mostram-se em seu corpo causal como cores, de modo que em vez de ser uma mera bolha transparente pouco a pouco se torna uma esfera cheia de matéria das mais adoráveis e delicadas tonalidades – um objeto cuja formosura está além de toda concepção. É comprovado pela experiência que estas cores têm um significado. A vibração que denota o poder de emoção altruísta se mostra como um rosa pálido; a que indica alto poder intelectual é amarela; a que expressa simpatia é verde, enquanto que o azul indica sentimento devocional, e um luminoso azul violáceo caracteriza a espiritualidade superior. O mesmo esquema de significados cromáticos se aplica aos corpos que são construídos de matéria mais densa, mas à medida que nos aproximamos do mundo físico os tons em cada caso são comparativamente mais grosseiros – não só menos delicados mas também menos vívidos.

No decurso da evolução nos mundos inferiores o homem freqüentemente introduz em seus veículos qualidades que são indesejáveis e inteiramente inadequadas para sua vida como Ego – tais como, por exemplo, o orgulho, a irritabilidade, a sensualidade. Esta, como o resto, são redutíveis a vibrações, mas são em todos os casos vibrações das subdivisões inferiores de seus respectivos mundos, e portanto não podem se reproduzir no corpo causal, que é construído exclusivamente de matéria das três subdivisões superiores de seu mundo. Pois cada seção do corpo astral atua fortemente sobre a seção correspondente do corpo mental, mas apenas sobre a seção correspondente; não pode influenciar nenhuma outra parte. Assim o corpo causal pode ser afetado só pelas três porções superiores do corpo astral; e as oscilações destas representam só boas qualidades.

O efeito prático disso é que o homem não pode construir no Ego (isto é, em seu Eu real) nada senão boas qualidades; as más qualidades que ele desenvolve são por natureza transitórias e devem ser descartadas à medida em que avança, porque ele já não tem em si matéria que as possa expressar. A diferença entre os corpos causais do selvagem e do santo é que no primeiro é vazio e incolor, e no segundo é cheio de matizes brilhantes e fulgurantes. Quando o homem passa para além mesmo da santidade e se transforma em um grande poder espiritual, seu corpo causal aumenta em tamanho, porque tem muito mais a expressar, e também começa a irradiar de si em todas as direções poderosos raios de luz viva. Em alguém que já tenha obtido o Adeptado este corpo é de enormes dimensões.

O corpo mental é construído de matéria das quatro subdivisões inferiores do mundo mental, e se expressa os pensamentos concretos do homem. Aqui também encontramos o mesmo esquema de cores que no corpo causal. Os tons são algo menos delicados, e percebemos um ou dois acréscimos. Por exemplo, um pensamento de orgulho se mostra como laranja, enquanto a irritabilidade é manifesta por um escarlate brilhante. Podemos ver aqui o marrom brilhante da avareza, o marrom acinzentado do egoísmo, e o verde acinzentado da falsidade. Aqui também vemos a possibilidade de uma mistura de cores; a afeição, o intelecto, a devoção podem ser tingidos pelo egoísmo, e neste caso suas cores distintivas são mescladas ao marrom do egoísmo, de modo que temos uma aparência impura e opaca. Mesmo que suas partículas estejam sempre em movimento rápido entre si, este corpo tem ao mesmo tempo uma espécie de frouxa organização.

O tamanho e formato do corpo mental são determinados pelos do veículo causal. Há nele certas estrias que o dividem mais ou menos irregularmente em segmentos, cada um deles correspondendo a certo departamento do cérebro físico, de modo que cada tipo de pensamento deveria funcionar através de sua posição devidamente designada. O corpo mental ainda é tão imperfeitamente desenvolvido nos homens comuns que há muitos em quem um grande número de departamentos especiais ainda não está em atividade, e qualquer tentativa de pensamento pertencente a estes departamentos tem de percorrer algum canal inadequado que já esteja completamente aberto. O resultado é que aquele pensamento sobre estes assuntos é para a maioria das pessoas confuso e incompreensível. Este é o porquê de algumas pessoas terem cabeça para a matemática e outras serem incapazes de somar corretamente – é a causa pela qual algumas pessoas instintivamente entendem, valorizam e desfrutam da música, enquanto outras não distinguem uma melodia da outra.

Toda a matéria do corpo mental deveria estar circulando livremente, mas algumas vezes o homem permite que seu pensamento sobre certo assunto se fixe e solidifique, então a circulação é impedida, e há uma congestão que logo endurece numa espécie de calosidade no corpo mental. Tal calosidade se manifesta aqui em baixo para nós como um preconceito; e até que seja completamente reabsorvido e a circulação restaurada, é impossível para o homem pensar com verdade ou ver com clareza no que diz respeito àquele departamento particular de sua mente, pois a congestão impede a livre passagem das vibrações tanto para fora como para dentro.

Quando um homem utiliza qualquer parte de seu corpo mental ele não só vibra mais rapidamente no momento, mas ainda temporariamente se expande e cresce em tamanho. Se houver um pensar prolongado sobre algum assunto este aumento se torna permanente, e assim é possível para o homem aumentar o tamanho de seu corpo mental seja ao longo de linhas desejáveis ou indesejáveis.

Bons pensamentos produzem vibrações na matéria mais fina do corpo, os quais por gravidade específica tendem a flutuar na parte superior do ovóide; onde haja maus pensamentos, como egoísmo e avareza, há sempre oscilações na matéria mais grosseira, que tendem a gravitar em direção à parte mais baixa do ovóide. Conseqüentemente o homem comum, que se permite não raramente a pensamentos egoístas de vários tipos, usualmente expande a parte inferior de seu corpo mental, e apresenta mais ou menos a aparência de um ovo com sua parte mais larga para baixo. O homem que tiver reprimido estes pensamentos vis, e tiver se devotado aos superiores, tende a expandir a parte superior de seu corpo mental, e portanto apresentará a aparência de um ovo com sua parte mais larga para cima. De um estudo das cores e estrias do corpo mental de um homem o clarividente pode perceber o seu caráter e o progresso que tiver feito em sua vida atual. A partir de características semelhantes no corpo causal ele pode ver quais progressos o Ego fez desde sua formação original, quando o homem deixou o reino animal.

Quando um homem pensa em qualquer objeto concreto – um livro, uma casa, uma paisagem – ele constrói uma pequena imagem do objeto na matéria de seu corpo mental. Esta imagem flutua na parte superior daquele corpo, usualmente defronte à face do homem e perto do nível dos olhos. Lá permanece enquanto o homem estiver contemplando o objeto, e usualmente por um breve tempo depois, cuja duração depende da intensidade e da clareza do pensamento. Esta forma é muito objetiva, e pode ser vista por outra pessoa, se esta tiver desenvolvido a visão de seu próprio corpo mental. Se um homem pensa em outro, ele cria um pequeno retrato exatamente da mesma maneira. Se seu pensamento é meramente contemplativo e não envolve sentimento (como afeto ou antipatia) ou desejo (como o de ver tal pessoa) o pensamento usualmente não afeta perceptivelmente o homem em que pensa.

Se associado ao pensamento sobre a pessoa houver um sentimento, como por exemplo de afeição, um outro fenômeno ocorre além da formação da imagem. O pensamento de afeição assume uma forma definida, que é construída de matéria do corpo mental do pensador. Por causa da emoção envolvida, ele recolhe ao seu redor também matéria de seu corpo astral, e assim temos uma forma astro-mental que se desprende do corpo em que foi gerada, e se move pelo espaço em direção ao objeto do sentimento ou afeição. Se o pensamento é suficientemente forte, a distância não faz qualquer diferença; mas o pensamento de uma pessoa comum normalmente é fraco e difuso, e assim não tem efeito fora de uma área limitada.

Quando esta forma-pensamento alcança o seu objeto descarrega-se em seu corpo astral ou mental, comunicando-lhes sua própria freqüência de vibração. Pondo em outros termos, um pensamento de amor enviado de uma pessoa para outra envolve a verdadeira transferência de certa quantidade de força e de matéria do emissor ao receptor, e seu efeito sobre o receptor é o de despertar o sentimento de afeição nele, e leve mas permanentemente aumentando seu poder de amar. Mas um tal pensamento também reforça o poder de afeição no pensador, e portanto faz um bem simultaneamente para os dois.

Todo pensamento constrói uma forma; se o pensamento for dirigido para outra pessoa, viaja até ela; se for nitidamente egoísta permanece nas imediações do pensador; se não pertence a nenhuma destas categorias, flutua por um tempo no espaço e então se desintegra lentamente. Todo homem está portanto deixando atrás de si por onde quer que vá um rastro de formas-pensamento; andando pela rua estamos todos caminhando em meio a um mar de pensamentos alheios. Se um homem deixa sua mente em branco por alguns momentos, estes pensamentos residuais de outros mergulham nela, na maior parte dos casos deixando apenas reduzida impressão nela. Às vezes algum chega que atrai sua atenção, de modo que sua mente o incorpora e o torna seu, reforça-o pela adição de sua própria força, e então o despede novamente para afetar alguém mais. Um homem, portanto, não é responsável por um pensamento que flutue em sua mente, porque pode não ser seu, mas de outrem; mas ele é responsável se o incorpora, se se fixa nele e o emite reforçado.

Pensamentos auto-centrados de qualquer tipo pairam em torno do pensador, e a maioria dos homens cerca seus corpos mentais com uma concha de pensamentos assim. Uma concha assim obscurece a visão mental e facilita a formação de preconceitos.

Cada forma-pensamento é uma entidade temporária. Representa como se uma bateria carregada, esperando uma oportunidade de descarregar-se. Sua tendência é sempre reproduzir sua própria freqüência de vibração no corpo mental que a incorpora, e assim desperta nele um pensamento semelhante. Se a pessoa a quem é dirigido estiver por acaso ocupada ou já engajada em alguma seqüência definida de pensamento, as partículas de seu corpo mental já estarão vibrando em determinada freqüência, e de momento não podem ser afetadas de fora. Neste caso a forma-pensamento espera, pairando perto do seu objetivo até que ele esteja suficientemente repousado para permitir sua entrada; então descarrega-se nele, e com este ato deixa de existir.

O pensamento auto-centrado se comporta exatamente do mesmo modo a respeito de seu gerador, e descarrega-se sobre ele quando a oportunidade se oferece. Se for um mau pensamento, ele geralmente o considera como a sugestão de um demônio tentador, quando na verdade ele tenta a si mesmo. Usualmente cada pensamento definido cria uma forma-pensamento nova; mas se uma forma-pensamento da mesma natureza já estiver pairando em torno do pensador, sob certas circunstâncias um novo pensamento no mesmo assunto, em vez de criar uma nova forma, funde-se com a antiga e a reforça, de modo que uma longa ruminação sobre o mesmo assunto cria às vezes uma forma-pensamento de tremendo poder. Se o pensamento for mau, tal forma-pensamento pode tornar-se uma verdadeira influência maligna, perdurando talvez por muitos anos, e tendo durante algum tempo toda a aparência e poderes de uma entidade viva real.

Todos estes descritos são os pensamentos comuns não premeditados do homem. Um homem pode fazer uma forma-pensamento intencionalmente, e endereçá-la a outrem no intuito de ajudá-lo. Esta é uma das linhas de atividade adotadas por aqueles que desejam servir a humanidade. Uma constante corrente de poderoso pensamento dirigida com inteligência para outra pessoa pode ser da maior valia para ela. Uma forte forma-pensamento pode ser um verdadeiro anjo-da-guarda, e proteger seu objeto da impureza, da irritabilidade ou do medo.

Uma interessante ramificação deste assunto é o estudo das várias formas e cores assumidas pelas formas-pensamento de vários tipos. As cores indicam a natureza do pensamento, e estão de acordo com aquelas que já descrevemos como existentes nos corpos. As formas são duma variedade infinita, mas freqüentemente são de algum modo típicas da espécie de pensamento que expressam.

Cada pensamento de caráter definido, como um pensamento de afeição ou ódio, de devoção ou suspeita, de raiva ou medo, ou orgulho ou ciúme, não só cria uma forma mas igualmente irradia uma vibração. O fato de que cada um destes pensamentos é expresso por uma certa cor indica que o pensamento se expressa como uma oscilação da matéria de certa parte do corpo mental. Esta freqüência de oscilação se transmite para a matéria mental circundante precisamente do mesmo jeito que as vibrações de um sino se transmitem ao ar circundante.

Esta radiação se move em todas as direções, e onde quer que se imprima em outro corpo mental que esteja em uma atitude passiva ou receptiva, comunica a ele algo de sua própria vibração. Isso não veicula uma idéia completa definida, como o faz a forma-pensamento, mas tende a produzir um pensamento do mesmo caráter que o seu. Por exemplo, se o pensamento for devocional suas ondulações suscitarão devoção, mas o objeto da adoração pode ser diferente no caso de cada pessoa sobre cujo corpo mental incida. A forma-pensamento, de outra parte, pode atingir só uma pessoa, mas comunicará àquela pessoa (se receptiva) não só um sentimento genérico de devoção, mas também uma imagem precisa do Ser por quem a adoração foi originalmente sentida.

Qualquer pessoa que habitualmente pense pensamentos puros, bons e fortes está utilizando para este propósito a parte mais alta de seu corpo mental – uma parte que de modo algum é utilizada pelo homem comum, e está inteiramente subdesenvolvida nele. Este indivíduo é portanto um poder para o bem no mundo, e estará sendo de grande utilidade para todos em suas imediações que sejam capazes de algum tipo de resposta. Pois a vibração que ele irradia tende a despertar uma nova e mais alta porção de seus corpos mentais, e conseqüentemente abrindo-lhes também novos campos de pensamento.

Pode não ser exatamente o mesmo pensamento que foi enviado, mas será da mesma natureza. As ondulações geradas por um homem pensando sobre Teosofia não necessariamente veiculam idéias Teosóficas a todos em seu redor; mas eles realmente despertam neles pensamentos mais liberais e mais elevados do que aqueles a que antes estavam acostumados. Por outro lado, as formas-pensamento geradas sob tais circunstâncias, ainda que mais limitadas em sua ação do que a irradiação, são também mais precisas; elas podem afetar somente aqueles que nalguma extensão estão abertos a elas, mas para estes veicularão idéias Teosóficas definidas.

As cores do corpo astral comportam os mesmos significados daquelas dos veículos superiores, mas existem diversas oitavas de cor abaixo delas, e muito mais de perto se aproximam dos tons que vemos no mundo físico. Ele é o veículo da paixão e da emoção, e conseqüentemente pode exibir cores adicionais, expressando os sentimentos menos desejáveis do homem, que não podem se mostrar em níveis mais altos; por exemplo, um marrom avermelhado fosco indica a presença de sensualidade, enquanto nuvens negras demonstram malícia e ódio. Um curioso cinza lívido denuncia a presença de medo, e um cinza muito escuro, normalmente disposto em pesados anéis em torno do ovóide, indica uma condição de depressão. A irritabilidade é mostrada pela presença de uma quantidade de pequenas manchas escarlates no corpo astral, cada uma representando um pequeno impulso de raiva. A inveja é mostrada por um peculiar verde amarronzado, geralmente semeado com as mesmas nódoas escarlates. O corpo astral tem o tamanho e forma como os já descritos, e no homem comum seu contorno é claramente delineado; mas no caso do homem primitivo ele é amiúde excessivamente irregular, e se assemelha a uma nuvem rodopiante composta das cores mais desagradáveis.