28.5.11
EP # Chakras e Nadis
CHAKRAS E NADIS - Chakra é a denominação sânscrita dada aos centros de força existentes nos corpos espirituais do homem; também são chamados lótus ou rodas. Quando eles estão inativos assemelham-se a rodas; quando despertam, eles tomam a aparência de uma flor (lótus) aberta, irradiante, colorida pela freqüência da energia das pétalas (1). No Mundaka Upanishad define-se o chakra como o local "onde os nadis se encontram como os raios no cubo de uma roda de carruagem". Os centros são formados pelo encontro destas linhas de força (nadis), do mesmo modo que os plexos, no corpo físico, são formados pelo encontro de nervos.
Existem centros maiores, aqueles que resultam do encontro de um número maior de nadis (vinte e uma vezes, segundo Coquet) e os centros menores em que a confluência dos nadis é menor (2). Entre estes últimos existem vinte e um (21) formados pelo encontro de quatorze (14) nadis e outros bem menores formados pelo cruzamento de sete (7) nadis.
NADIS E MERIDIANOS - Os nadis são, portanto, linhas de força que não devem ser confundidas com os nervos do corpo físico, embora estejam em relação a eles como os chakras com os plexos e órgãos do corpo físico. São condutores de energia. Os estudos de Motoyama indicam que eles podem ser comparados aos meridianos sobre os quais trabalha a acupuntura. Esta é também a opinião de Coquet.
No corpo etérico, denominado também pelos teosofistas de corpo físico invisível, porque nasce com o corpo físico e com ele desaparece, os nadis se apresentam como se fossem milhares de finos filamentos de gás néon, entrecruzando-o em toda sua extensão (3). O número deles difere na literatura hindu, pelo que se atribui um caráter esotérico às quantidades apontadas: 72.000, 550.000, 720.000, etc. Os mais importantes são o Sushumna, Ida, Pingala, Gandhara, Hastajihva, Kuku, Sarasvati, Pusha, Sankhini, Payaswini, Varuni, Alambhusha, Vishvodhara, Yasasvíni. Os três primeiros são os mais importantes, sendo que o Sushumna domina a todos os demais.
IDA, PINGALA, SUSHUMNA - Para que se possa ter uma noção desses três nadis ao longo da coluna vertebral, tomemos uma série de números "8" e os coloquemos em posição horizontal, empilhando-os ao longo da coluna vertebral; teremos então uma figura semelhante às serpentes no caduceu de Mercúrio. O nadi que sobe pela esquerda é Ida; o da direita Pingala; não estão porém dispostos de forma paralela, eles entrecruzam-se como nos referimos acima (4). No centro corre um canal: é o nadi Sushumna. Ao longo da coluna vai formando uma série de confluências, das quais a mais importante é a existente no chakra frontal, onde desembocam. Ida e Pingala estão sempre ativos, mas o Sushumna permanece inativos, pois o prana ainda não circula através dele (5). No interior do Sushumna acham-se três outros nadis o Vajna, Chitrini, dentro do qual se encontra o Brahma nadi, ao longo do qual se elevará a energia Kundalini.
NADI = NATUREZA - Coquet esclarece que: "Cada nadi tem uma natureza quíntupla e encerra cinco fibras de energia estreitamente ligadas no interior de uma bainha que os recobre. Estes filamentos de energia são unidos uns aos outros em relações transversais." É preciso entretanto notar que cinco tipos de energia formam uma unidade e que, tomados em seu conjunto, eles formam a própria bainha etérica. É, diz-se, através destes cinco canais que correm os cinco pranas maiores, vitalizando assim todo o organismo humano. Não existe uma só parte do corpo que não possua uma rede de nadis subjacente à sua forma.
PRANA - ESPÉCIES - As cinco diferenciações do Prana no corpo humano são:
- PRANA: estende-se do nariz ao coração e influencia particularmente a garganta e a palavra, o coração e os pulmões;
- SAMANA: estende-se do coração ao plexo solar e age, sobretudo, sobre o poder de assimilação do alimento e da bebida. Está deste modo em estreita relação com o estômago;
- APANA: é particularmente ativo desde o plexo solar até a planta dos pés e age sobre os órgãos de eliminação, de dejeção e da geração. Seu poder está pois fortemente unido aos órgãos geradores e eliminadores;
- UDANA: está situado entre o nariz e a parte superior do crânio; está em relação com o cérebro, os olhos e o nariz.
-VYANA: corresponde à soma total das energias prânicas tal como é repartida através de todo o corpo por intermédio de milhares de nadis e nervos, assim como dos canais sanguíneos, das veias e das artérias" (Coquet - Les Çakras - L"anatomie occulte de L"homme, Paris, 1982, p. 43).
Descritos por Swami Satyananda Saraswati Swami Satyananda Saraswati é um guru indiano muito respeitado que escreveu inúmeros trabalhos sobre a ioga tântrica e sobre os chakras. Nasceu no Himalaia em 1923 e tomou-se discípulo de Swami Shivananda em 1947. Depois de doze anos de prática espiritual com seu mestre, passou nove anos peregrinando pela Índia a fim de aperfeiçoar seu sadhana. Em 1964, estabeleceu-se em Monghyr e fundou a Bihar School of Yoga. Assim, sob sua orientação surgiram muitos centros de ioga e ashrams por todo o mundo.
Swami Satyananda extraiu a essência da prática da ioga tradicional e criou seu próprio sistema de tantra para atender às necessidades dos tempos modernos. Nosso Institute for Religious Psychology (Instituto de Psicologia Religiosa), em Tóquio, mantém um intercâmbio com sua organização, por meio do qual utilizamos suas doutrinas iogues; além disso, ele tem plena liberdade para consultar nossas pesquisas científicas.
Segundo Satyananda, a palavra chakra refere-se a um centro de energia psíquica no corpo astral, centro este que controla certas habilidades elevadas ou paranormais. Também afirma que cada chakra se relaciona diretamente com um determinado sistema ou órgão do corpo físico, inclusive o cérebro. Muitos desses centros estão inativos ou num estado de atividade mínima nos seres humanos comuns. No curso natural da evolução, tais centros tomam-se gradualmente mais ativos até atingir todo seu potencial. Contudo, a ciência da ioga oferece um método seguro de encurtar, de forma extraordinária, este longo processo de evolução - o desenvolvimento sistemático e o despertar dos chakras. Satyananda enfatiza que o principal objetivo de se desenvolver os chakras é justamente esta aceleração do processo evolutivo.
1º - CENTRO BÁSICO OU FUNDAMENTAL - MULADHARA
A palavra muladhara tem o sentido de “raiz” (mula) e de “base” (adhara); é, portanto, a raiz, o fundamento dos sete chakras. Satyananda sugere que mula é entendido melhor como mula-prakriti, a base transcendental da natureza física na tradição Sankhya da filosofia indiana. (Prakriti é a matéria caracterizada como feminina, em contraste com o masculino purusha - espírito., prakriti é a origem primordial de todo o processo de evolução natural, o princípio ao qual a matéria retoma depois de desintegrada. responsável por todos os aspectos do homem - tanto físico como material e psicológico - inclusive pela consciência e inconsciência. O muladhara é a sede de mula-prakriti, a grande Shakti; ali jaz a força transcendental pronta para ser ativada.
No corpo físico, o chakra muladhara localiza-se no períneo (a região entre o ânus e os órgãos genitais). Ligado diretamente aos testículos, está associado aos nervos sensoriais que os alimentam. No corpo feminino, localiza-se no colo do útero. As antigas escrituras iogues associam o muladhara ao elemento terra, cujo atributo principal é o olfato; assim, no nível físico o muladhara está ligado ao sentido do olfato e com o nariz.
Segundo a tradição, o muladhara é representado por um lótus de quatro pétalas vermelhas; cada uma delas contém uma letra sânscrita (Sam, Vam, Sham e Sam); cada letra representa as vibrações individuais dos nadis correspondentes. O mantra bija deste chakra é Lam, o som que representa o elemento terra. A divindade feminina reinante é Dákini, terrível e de olhos vermelhos; seu correlativo masculino é Ganesha, encarnado na forma de um elefante. O triângulo invertido no diagrama do muladhara simboliza shakti, a energia criadora. Conforme exposto anteriormente, o Shiva-linga ou a forma fálica no interior do triângulo representa o corpo astral. À serpente enrolada em volta dele é o símbolo da kundalini. A kundalini apoia-se num elefante, cujas sete trombas representam os sete minerais indispensáveis para o sustento do corpo físico. O quadrado amarelo dentro do pericarpo que abriga esses símbolos é o yantra - símbolo de uma energia psíquica especial - do chakra muladhara. Esta configuração significa o elemento terra e seu tipo correspondente de energia.
Satyananda explica a importância dos yantras da seguinte maneira: a existência humana compõe-se de muitos corpos, cada um contendo diversos centros nervosos, hemoglobina, oxigênio, carbono, etc.; o corpo astral - o corpo psíquico, o grande inconsciente - compõe-se de muitos aspectos ou dimensões; uma delas é um agregado de símbolos geométricos; outra compreende vibrações sonoras - o mundo dos mantras. Quando uma pessoa entra num estado de meditação profunda, através da concentração num determinado chakra, ela transcende a consciência do ego; entra realmente num reino onde existem apenas vibrações sonoras de um único mantra, nada mais. Da mesma forma, é possível experimentar a dimensão onde não há mais nada além do padrão geométrico – o mundo dos yantras.
Com base em tal experiência, Satyananda fala da realidade do mantra e do yantra. "Yan" significa "conceber" e "tra" significa "liberar"; ambas têm o mesmo significado essencial. Concentrando-se num determinado yantra, o indivíduo percebe sua consciência conforme um padrão preestabelecido. À medida que aumenta a concentração, o yantra é ativado e a consciência assume gradualmente sua forma simbólica. Uma vez ocorrida a unificação total, libera-se então a mente. Cada um dos sete chakras possui um yantra, Através da concentração sobre um determinado chakra, experimenta-se a dimensão mística da personalidade onde existem os yantras e, mais especificamente, o princípio do próprio chakra. Uma das mais importantes funções do guru é escolher o chakra apropriado para o indivíduo se concentrar, ato que se executa pronunciando-se o mantra correspondente e visualizando-se o yantra. Em minha opinião, o guru baseia esta sua escolha nas características cármicas da pessoa. O calma das vidas passadas cria uma série de padrões de elementos físicos e psicológicos. Na dimensão do yantra, esses padrões podem ser observados em forma geométrica. O carma da pessoa tende a ser alterado e purificado de uma forma mais eficiente através da ativação do chakra adequado com sua penetrante influência em todos os níveis do ser humano. Um dos melhores métodos de ativar o chakra é a estimulação direta do reino yãntrico da consciência através da visualização do yantra.
Conforme já verificamos, a kundalini está adormecida, feito uma cobra enrolada no chakra muladhara. Dentro do muladhara existe uma formação semelhante a um nó, conhecida como o Brahma granthi. Quando este nó é desfeito, shakti, o poder da kundalini, começa a subir pelo nadi sushumna, no interior da espinha dorsal. Existem dois outros granthis ao longo do sushumna: o granthi Vishnu no chakra anahata, e o granthi Rudra no ajna. Esses nós psíquicos formam uma barreira que impede a elevação da kundalini, porém uma vez desatados, o poder serpentino pode continuar sua subida, e o praticante recebe muita sabedoria e poder.
Quando a kundalini se ativa como resultado da prática do ioga ou de outras disciplinas espirituais, ocorre um alvoroço explosivo procedente dos domínios da inconsciência. Parece-se com a irrupção de um vulcão, onde a lava escondida em seu interior é expelida para fora. Tal descarga pode conter o carma de muitas encarnações passadas, extraído subitamente do depósito inconsciente do muladhara. Mais uma vez, não se esqueça: o chakra ajna deve ser ativado antes de qualquer outro, assim essas poderosas forças inconscientes podem ser controladas com segurança.
A kundalini possui duas qualidades contrastantes. Enquanto jaz dormente no muladhara, ela existe apenas na condição inativa e além dos limites de tempo e espaço. Todavia, quando ativada, transforma-se num tipo de força material, sujeita às leis da dimensão física. O mesmo acontece com o mula-prakriti universal que, embora transcenda o tempo e o espaço antes da criação da natureza, adapta-se cada vez mais a essas leis à medida que avança no processo evolucionário. Quando o muladhara desperta, ocorre um grande número de fenômenos. A primeira coisa que muitos praticantes experimentam é a levitação do corpo astral. Algumas pessoas têm a sensação de estarem flutuando no espaço, deixando o corpo físico para trás. Isso ocorre devido à energia da kundalini, cujo impulso de ascensão faz com que o corpo astral se desprenda do físico, deslocando-se um pouco para cima. Esse fenômeno limita-se à dimensão astral e possivelmente à
mental, e é diferente da levitação conhecida normalmente - a deslocação real do corpo físico.
Além da levitação astral, às vezes alguns experimentam um fenômeno psíquico tal como a clarividência ou a clariaudiência. Outras manifestações comuns são os movimentos ou o aumento de temperatura na região do cóccix, e a sensação de algo se movendo vagarosamente para cima na coluna vertebral. Tais sensações resultam na ascensão do shakti, a energia da kundalini ativa. Em muitos casos, quando o shakti alcança o chakra manipula, ele começa a descer, de volta para o muladhara. Muitas vezes o praticante tem a sensação de que a energia sobe até o alto da cabeça, porém na maioria das vezes apenas uma pequena quantidade de shakti é capaz de ultrapassar o manipula. Necessário tentar repetidas vezes para que a kundalini se eleve mais além.
Segundo Satyananda, uma vez ultrapassado o manipula, não se encontra mais nenhum obstáculo sério. Porém, surgem muitos problemas durante o estágio em que a kundalini ativa apenas os chakras muladhara e svadhishthana. O despertar do chakra muladhara libera todos os tipos de emoções reprimidas, de forma tão explosiva que o praticante muitas vezes toma-se irritadiço e psicologicamente instável. Um dia ele consegue dormir um sono profundo por muitas horas, no outro pode acordar no meio da noite, completamente sem sono, a fim de meditar ou de tomar um banho. Ele também toma-se temperamental; às vezes, pode estar comunicativo, bastante alegre para cantar, e outras vezes tomasse facilmente enfurecido, a ponto de atirar objetos nas outras pessoas. Durante esse estágio de instabilidade emocional e psíquica, é imprescindível a orientação de um mestre experiente e qualificado. O despertar do chakra svadhishthana leva a um estado semelhante: sentimentos de ira, tristeza, incerteza, insensatez, etc. podem chegar a um ponto quase insuportável. Em vez de tentar evitar esse período tumultuoso, o praticante deve enfrentá-lo, porém com a supervisão de seu guru. Tal torrente de sentimentos não é sinal de degeneração ou de mau caráter, mas sim parte integrante do processo evolucionário. Se esses estágios forem evitados ou suprimidos, não será possível mais nenhum tipo de progresso.
Existem outros chakras inferiores subordinados ao muladhara, que são: Atara, Vitara, Sutara, Talatara, Rasatara, Mahatara e Patala. Localizam-se entre o cóccix e os calcanhares e controlam os instintos animais. Embora o chakra muladhara esteja num plano superior em relação a estes sete, nele predominam a paixão e os instintos animais. Todavia, o shakti divino também reside nele; assim, uma pessoa comum pode eventualmente entregar-se ao domínio dos chakras inferiores, comportando-se instintivamente como um animal. Entretanto, acreditasse que ela sempre retomará ao muladhara ou a outros chakras humanos superiores. À correta prática da ioga kundalini, no entanto, faz com que seja impossível a kundalini descer para esses centros animais devido à transformação do shakti, no muladhara, em energia espiritual (ojas), o que faz com que ele suba pelo sushumna.
Os três nadis principais - ida, pingala e sushumna - originam-se no muladhara. Eles são os mais importantes dentre os supostos 72.000 nadis no corpo (apenas uma fonte dá uma estimativa de 300.000). Satyananda afirma que embora a palavra “nadi” seja freqüentemente traduzida por “nervo", ela deriva da raiz nadi, “fluir”. Portanto, deveria ser interpretada como o fluxo de consciência psíquica e não simplesmente como um conduto físico para esse fluxo.
O nadi ida começa no lado esquerdo do chakra muladhara, o pingala no direito, e o sushumna a partir do centro. No interior do sushumna existe um nadi mais sutil, o chita e dentro deste encontra-se o nadi Brahma, mais sutil ainda. Portanto, o sushumna pode ser considerado um conduto para dois fluxos de consciência. Partindo do muladhara, o sushumna segue em linha reta até o chakra ajna. O ida e o pingala sobem pela espinha num movimento espiral, entrecruzando-se na altura de cada chakra. Finalmente, o ida chega ao chakra ajna pela esquerda e o pingala pela direita. Acredita-se que o ida controla as atividades mental e psíquica, enquanto o pingala controla o prana e as diversas atividades físicas. O fato de alternarem suas posições ao atingir cada chakra, ajuda a manter o equilíbrio entre a energia psicológica e a física, assegurando a harmonia entre as atividades do corpo e da mente. Satyananda afirma que se houver um desequilíbrio no fluxo de energia nos nadis ida e pingala, o shakti não poderá fluir, muito menos subir pelo sushumna.
2º - CENTRO SACRO OU SEXUAL (GENÉSICO) – SVADHISHTHANA
A palavra svadhishthana significa literalmente “morada própria”. Isso deixa claro que a morada original da kundalini era neste chakra; subseqüentemente ela passou a se estabelecer no muladhara. De fato, essa teoria corresponde à migração física dos testículos masculinos durante o período vivíparo. Nos primeiros meses, eles se localizam dentro do abdômen inferior; então descem gradualmente para, afinal, se estabelecer na região da virilha. Logicamente, os órgãos sexuais possuem estreita relação com a energia shakti, e esse movimento é muito semelhante ao da suposta migração da kundalini. Segundo Satyananda, o svadhishthana localiza-se no cóccix, ao lado do muladhara, e ambos estão ligados aos plexos nervosos sacral e coccígeo.
A explanação de Satyananda sobre o svadhishthana e o inconsciente é muito interessante. Ele afirma que o centro do cérebro ligado ao svadhishthana controla todas as fases da mente inconsciente, em particular o inconsciente coletivo. Este inconsciente é mais poderoso do que o individual e controla grande parte do comportamento humano, embora muitas pessoas o desconheçam por completo.
Todas as experiências da vida cotidiana, quer sejam importantes para a pessoa quer não, quer sejam conscientes quer não, são registradas no centro da inconsciência, o svadhishthana.
Portanto, este centro encerra não apenas o carma das vidas passadas, como também todas as experiências e carmas relacionados que têm contribuído para o processo da evolução humana. Parte deste carma é guardado como semente adormecida, e outra parte mantém-se ativa. Seja ele ativo ou inativo, é raro que a consciência da pessoa esteja ciente de seu carma Contudo, quando a kundalini ativa começa a subir, acionando o processo de evolução psíquica, ambos os carmas, o ativo e o dormente, são desencadeados e invadem o consciente. Se a pessoa não puder analisar ou controlar este carma acumulado no svadhishthana, então a kundalini se retrai, voltando para o muladhara. Nesse sentido, o chakra svadhishthana e o carma acumulado nele são um grande impedimento para a evolução espiritual do ser humano. A melhor forma de superar esta barreira é despertar primeiramente o chakra ajna. O superconsciente que habita o ajna está completamente ciente das atividades da mente inconsciente do svadhishthana. e pode controlar todo o carma desencadeado. À essa altura da explanação, seria muito válido expor um resumo das opiniões de Satyananda sobre a evolução humana.
A criação da vida se dá quando o prakriti (a substância original) se manifesta, ordenado pela consciência de purusha (espírito, o Ser Verdadeiro). À medida que a matéria sofre uma série de transformações, realizam-se sucessivos estágios na evolução animal, e os sete chakras inferiores, que existem nos humanos abaixo do muladhara, são, desenvolvidos e ativados gradativamente. Quando esse processo atinge o chakra muladhara, termina a evolução animal e começa a humana. Os seis chakras superiores representam a extensão completa do possível desenvolvimento humano. Segundo a tradição tântrica tibetana, acima do sahasrara existe urna outra série de sete chakras que corresponde à evolução dos seres divinos. Portanto, assim como o muladhara é considerado o mais elevado dos animais e o mais baixo dos chakras humanos, o sahasrara pode ser visto como ponte de transposição entre a evolução humana e a evolução divina.
No tantra, então, o processo infinito de evolução é descrito em termos de chakras, desde o Absoluto o estado anterior à criação, antes da interação do purusha e prakriti - até a criação do mundo fenomênico, os reinos animal e humano, a dimensão dos seres divinos e assim por diante. Esse conceito tem por base a crença no progresso da evolução espiritual de todas as coisas criadas e reconhece a importância dos chakras neste processo. Esse sistema é a base das tradições esotéricas da ioga e do Budismo na Índia, no Tibet e no Nepal.
À esse respeito, Satyananda contesta que grande parte das experiências comuns passadas durante o processo da evolução animal esteja guardada no interior do chakra muladhara, em forma de tendências cármicas e habilidades latentes. Por exemplo, muitas das atividades físicas do homem - dormir, comer, evacuar - são funções desenvolvidas durante o estágio da evolução animal, e ainda operam devido atividade desse chakra. Assim, o carma de natureza animal do homem está ativo e em funcionamento no muladhara.
Em contrapartida, o carma do svadhishthana está quase que completamente inativo, sem qualquer forma manifesta. Ele existe apenas como inconsciente coletivo, a força cármica residual da evolução passada. Nesse sentido, é ainda mais básico do que o muladhara, a fonte primária do último carma animal. Às forças contidas dentro do svadhishthana são muito poderosas e irracionais, formam uma grande barreira para a elevação da kundalini Muitas vezes, a kundalini retornará para seu estado dormente no muladhara, vencida pelo carma impenetrável do svadhishthana. Entretanto, quando o último chakra for ativado e controlado, o carma animal do muladhara será dominado, então serão possíveis novos progressos.
Num sentido mais amplo, dizem que, sempre que um chakra superior for ativado pela kundalini, suas funções e seu raio de ação começam a predominar sobre os chakras inferiores. Todavia, o relacionamento entre esses dois chakras é tão notável o tão íntimo, que deve ser cuidadosamente observado.
O diagrama tradicional do chakra svadhishthana contém um crocodilo dentro de uma lua crescente. O crocodilo representa as forças do inconsciente, o carma disforme. A lua crescente formada por dois círculos, o maior possui pétalas viradas para fora e no menor as pétalas estão viradas para dentro. O círculo interior representa a existência um tanto fantasmagórica do inconsciente, apoiado nas costas do crocodilo.
À divindade reinante é Brahma o criador. Algumas vezes ele é descrito como o Hiranyagarba, ‘o útero de ouro”, pelo fato de todas as criaturas se originarem dele. Satyananda considera Hiranyagarba como sendo o inconsciente coletivo de svadhishthana. A entidade feminina deste chakra Sarasvati, a deusa da sabedoria; ela aparece também na forma de Rakini, a deusa do reino vegetal. O chakra svadhishthana está diretamente ligado ao mundo vegetal, portanto é muito importante seguir uma dieta vegetariana para poder despertá-lo. As seis pétalas vermelhas deste chakra contam as sílabas Lam, Ram, Yam, Mam, Bam e Bham. O princípio governante (tattva) é a água (apas); o yantra é a branca lua crescente e seu bija mantra é Vam.
O chakra svadhishthana associa-se ao sentido do paladar, portanto seu “órgão de conhecimento” é a língua. Seus “órgãos de atividade” são os órgãos sexuais e os rins. Ele também está ligado diretamente ao plexo nervoso prostático. Quando o chakra svadhishthana é ativado, surgem as seguintes habilidades paranormais: aumento do poder de intuição, conhecimento do corpo astral e
capacidade de criar sensações de paladar em si próprio ou em outras pessoas (um determinando gosto na boca sem nada ter comido).
3º - CENTRO SOLAR OU UMBILICAL - MANIPURA
Satyananda afirma que o manipura localiza-se na coluna vertebral, atrás do umbigo. A palavra “manipura” quer dizer “repleto de jóias”. No Tibet, este chakra é conhecido como “manipadma”, ou seja, ”lótus enfeitado com jóias”. (Ver o famoso mantra de Avolokitesvara, o Bodhisattva da Compaixão: OM MANI PADME HUM.) Segundo a tradição budista, o manipura também é denominado hara, que significa “partir”, porque dizem que o shakti kundalini parte do manipura para sua ascensão. Conforme já pudemos verificar, existe uma forte tendência de a kundalini descer depois que atingir o chakra svadhishthana; porém, depois de chegar até o manipura, dificilmente isso ocorrerá. A tradição budista tibetana ensina que o processo da verdadeira evolução espiritual começa quando a kundalini é ativada no manipura e começa sua ascensão. Na realidade, os chakras muladhara e svadhishthana não são descritos com muita clareza, provavelmente porque possuem traços da vida animal. Na ioga tântrica o manipura também é considerado o ponto de partida para a mais elevada evolução humana. O tattva do chakra manipura é o fogo, um elemento intimamente ligado ao shakti e ao despertar da kundalini. No corpo físico, acredita-se que o manipura seja o centro do “fogo digestivo” que reduz o alimento a detritos (fezes) e extrai a energia vital. Também conhecido como o chakra do sol, o manipura relaciona-se com o plexo solar.
O despertar deste chakra traz como conseqüência aspectos positivos e negativos. Como vimos, quando a kundalini chega até o manipura e nele se fixa, a possibilidade de uma regressão permanente ao reino animal da consciência é mínima. Satyananda atribui a isso o nome de “despertar confirmado”. Aqui desperta a consciência de Jiva, a alma individual. Oculto na consciência humana convencional, o jiva é a consciência espiritual pessoal que abrange todas as dimensões da evolução, desde a criação da mais ínfima forma dos reinos da natureza até o mundo dos seres divinos. Uma vez desperta esta consciência no manipura, segundo Satyananda, ela nunca retomará às dimensões animais. Contudo, de acordo com minha própria experiência, parece que o shakti retoma algumas vezes ao muladhara depois de atingir o manipura.
O aspecto negativo disso é o fato de a superestimulação do manipura poder diminuir o período de vida do praticante. Isso ocorre porque o fogo ativado neste chakra queima o néctar sustentador da vida, que dizem ser produzido no bindu – o centro psíquico na parte posterior da cabeça, representado por uma pequena e gelada lua crescente. Normalmente esse néctar desce para uma glândula na garganta (ligada diretamente ao chakra vishuddhi), onde é estocado. Entretanto, o fogo do manipura consome o néctar, causando um enfraquecimento acelerado do corpo.
O prana divide-se em cinco sub-tipos ou “ventos” (vayu) distribuídos em todo o corpo; cada um controla uma região diferente, como segue:
Segundo Satyananda, a prática de unir conscientemente o prana ao apana na região do umbigo é muito importante para despertar o chakra manipura. Normalmente, na inspiração, o prana segue da garganta para o umbigo, e o apana desce do umbigo para o ânus Entretanto, quando o apana é dirigido conscientemente para o muladhara durante a inspiração, para encontrar-se com o prana na região do umbigo, essas duas energias se fundem, gerando uma grande força. Como o apana é elevado a partir do muladhara, ele carrega consigo o shakti kundalini; este shakti é fortalecido com a união apanaprana, e a decorrente supercarga de energia flui diretamente do umbigo para o manipura, na coluna vertebral. Dizem que o muladhara associa-se com o reino físico; o svadhishthana com o reino intermediário, entre a dimensão física e a espiritual; e o manipura com o mundo espiritual - o reino dos céus. Satyananda refere-se a esses três chakras como os três primeiros dos sete planos possíveis de evolução, que são:
Os três planos principais BHU - terra
BHUVANA - espaço intermediário
SVAHA - céu
MAHAHA
JANANA
TAPAHA
SATYAM - a verdade
Conseqüentemente, as habilidades paranormais resultantes do despertar do svadhishthana - telepatia, clarividência, clariaudiência, etc. - podem não estar completamente livres de interesse próprio, de negatividade, de emoção pessoal e de outros atributos mentais inconvenientes. Isso deve-se ao fato de a personalidade da pessoa continuar dentro do segundo estágio de evolução, e o ser egoísta vinculado à terra ainda manifestar sua influência. Contudo, quando uma pessoa evolui além dos limites da existência mortal e penetra no reino do manipura, ela atinge um estágio de consciência superior, repleto de infinita beleza, verdade e felicidade. Este chakra tem sido descrito tradicionalmente como jóia valiosa em diversas culturas para simbolizar estas qualidades incomparáveis. Nele não existem traços de preconceito ou de tendências pessoais. Assim, os siddhis (poderes paranormais) obtidos quando este chakra é desperto são de natureza benevolente e compassiva; entre eles encontram-se a habilidade de localizar tesouros escondidos, de dominar o fogo, a capacidade de ver o interior de um corpo, de livrar-se de males, e a habilidade de enviar prana para o sahasrara. Além disso, concentrar-se no chakra manipura traz grandes melhoras para a digestão.
O lótus do chakra manipura possui dez pétalas de cor azul-escuro e, em cada uma, está inscrita uma letra sânscrita: Dam, Dham, Nam, Tam, Tham, Dam, Dham, Nam e Pam. Elas compõem vibrações sonoras e cada uma representa um nadi, A divindade feminina governante é Lakshini (ou Lakini), de cuja boca gotejam gordura e sangue. A entidade masculina é Vishnu. O tattva do manipura é o fogo, cujo bija mantra é Ram; dentro do diagrama, ele se apóia no dorso de um carneiro. Seu yantra é um triângulo invertido, muitas vezes ilustrado por marcas em forma de T, de cada lado.
4º - CENTRO CARDÍACO – ANAHATA
Dizem que o chakra anahata localiza-se na parte do corpo astral que corresponde ao coração. Portanto, no corpo físico ele está ligado diretamente ao coração e ao plexo nervoso cardíaco, sendo muitas vezes denominado de “chakra do coração”. Contudo, em contraste com a pequena área ocupada pelo coração físico, o espaço astral do chakra anahata é muito grande e completamente disforme. Ele é escuro por natureza, porém quando ativado toma-se muito brilhante. Dizem que nele reside a pureza.
A palavra anahata significa “invicto” ou “inviolado”. Manifesta-se nele o anahata nada, um som imaterial, contínuo, que não tem começo nem fim. Para compreender melhor a significação do chakra anahata, precisamos primeiro sumarizar as opiniões de Satyananda sobre o carma. Derivada da raiz “kri” que significa “trabalhar”, a palavra carma indica a lei de causa e efeito, na qual todas as ações produzem seu próprio resultado. Contudo, normalmente ela é utilizada para descrever um tipo de dívida pelas ações de uma pessoa a serem sanadas ou pagas num tempo futuro. Além disso, existem o carma individual e o social ou coletivo, porque as ações podem ser executadas por uma única pessoa, por um grupo ou por toda a sociedade. Satyananda também distingue o carma individual, o qual se origina nas próprias encarnações passadas de uma pessoa, e aquele derivado de seus parentes e antecessores.
Assim, existem três principais categorias de débito cármico: a) o resultante das encarnações passadas do indivíduo; b) o herdado de seus familiares; c) o resultante das ações de sua sociedade ou de seu grupo social. Todos esses fatores contribuem para formar o carma de uma pessoa; é preciso dedicar-se a ele; é impossível evitá-lo.
Os três chakras inferiores - muladhara, svadhishthana e manipura - relacionam-se diretamente com os sentidos e com a consciência que governa o corpo físico e sua conservação. Funcionando dentro de um mundo fenomênico, a mente desses três chakras está vinculada à lei do carma. Em outras palavras, neste nível o jiva (alma individual) não está livre da relação causal entre as ações e suas conseqüências, suas funções dependem do carma, e estão ligadas a ele. Independentemente de sua origem, se ela está nas vidas passadas do indivíduo ou nas ações da sociedade à qual ele pertence, o carma comanda totalmente o indivíduo nos níveis do muladhara e do svadhishthana, até ser de alguma forma esgotado ou purificado. Porém, no nível do manipura, o uva começa a assumir um controle parcial, e pode, até certo ponto, agir sob sua própria vontade.
Em contrapartida, a maneira de ser do chakra anahata transcende completamente o reino da existência mundana. Ao contrário dos outros três, ele não está subordinado ao carma desse mundo. Além disso, uma pessoa com o chakra anahata ativo pode receber diretamente as tarefas do carma terreno, e ao mesmo tempo livrar-se dele. Neste nível, o jiva tem condições de controlar o carma terrestre e exercer sua própria vontade na terra, de modo a realizar todos os seus desejos. Esta é a maior diferença entre o anahata e os chakras inferiores.
Nos níveis inferiores a alma individual simplesmente aceita o que as circunstâncias cármicas oferecem; no anahata, entretanto, ela pode fazer valer sua própria vontade. Este poder de cumprimento dos desejos é simbolizado pela “árvore do desejo” - uma planta sempre verde chamada Kalpavriksha - ilustrada dentro de um outro lótus semelhante, abaixo do anahata no diagrama simbólico. Embora esteja presente em todas as pessoas, esta árvore funciona apenas quando o chakra anahata é desperto. Quando uma pessoa desenvolve este poder, dizem que todos os seus desejos são realizados, sejam eles bons ou maus. Portanto, Satyananda faz as seguintes advertências:
Antes de tentar despertar o chakra anahata, é imprescindível desenvolver a capacidade de corrigir os pensamentos e os conceitos. Os maus pensamentos e os maus julgamentos tendem a criar desarmonia e conflitos, principalmente quando uma pessoa com o anahata desperto tem pensamentos errôneos e deseja que se cumpram.
Além do mais, deve-se manter uma atitude de constante otimismo. É preciso compartilhar a paz interior e a harmonia com as outras pessoas, independentemente de qualquer perturbação, conflito ou intenção maliciosa encontrada. A negatividade e o pessimismo são obstáculos para o despertar do anahata. Portanto, ate uma pessoa hedonista ou um assassino devem ser tratados como pessoas boas; condições negativas tais como pobreza, doença, conflito emocional, etc., devem ser consideradas, enfim, como fatores benéficos. Na realidade, o desenvolvimento de tal atitude constantemente positiva é considerado um método para despertar o anahata. Segundo Satyananda, também é importante manter o seguinte pensamento: “Todo o mundo está dentro de mim. Eu estou em todas as pessoas. Todas as pessoas estão em mim.” Essa sua recomendação baseia-se, provavelmente, na crença hindu de que Brahman, o ser absoluto do cosmos, mora no chakra anahata como Atman, o verdadeiro ser individual. Brahman e Atman são, na essência, os mesmos. De fato, essa concepção é importante tanto para despertar o anahata como para a realização do Absoluto universal.
Satyananda também adverte seus discípulos dizendo que, em geral, depois do despertar e da ascensão do shakti kundalini até um determinado chakra, quando surge na mente do praticante algum pensamento negativo ou atitude pessimista, a kundalini retoma ao muladhara. Se nesta altura ela chegou até o manipura e depois retomou, poderá ser elevada novamente através da ioga ou de outras práticas espirituais. Entretanto, se ela retomar depois de ter atingido o anahata, dificilmente será elevada de novo. Deve ficar bem claro que aqueles que desejam despertar o anahata não podem, em momento algum, perder o otimismo, independentemente das circunstâncias que encontrarem. Portanto, toda pessoa que pretenda despertar a kundalini deve levar essas advertências a sério. São muitas as habilidades paranormais resultantes do despertar do chakra anahata: a capacidade de controlar o ar (vayu); o desenvolvimento de um amor cósmico, completamente livre do individualismo; a eloqüência, passa a caracterizar o praticante dotando-o de um certo gênio poético; e, conforme mencionamos anteriormente, adquire-se o poder de realizar todos os desejos. O anahata controla o sentido do tato. Quando desperto, este sentido toma-se cada vez mais sutil, podendo-se perceber até a matéria astral, através do sentido do tato astral. Essa sensação pode então ser comunicada aos outros. Portanto, a parte do corpo relacionada com o anahata é a pele, e seu principal órgão ativo são as mãos.
Além dessas habilidades paranormais mencionadas por Satyananda, desenvolvem-se poderes de cura psíquica. O prana pode ser transmitido pelas palmas das mãos para uma parte doente do corpo de outra pessoa. A famosa técnica de “imposição das mãos” está possivelmente relacionada com a estreita conexão entre o anahata e as mãos. Desenvolvem-se também poderes psicocinéticos.
O lótus do chakra anahata possui doze pétalas vermelhas, onde estão inscritas as letras Kam, Khan, Gam, Gham, Ngam, Cham, Chham, Jam, Jham, Nyam, Tam e Than. O tattva correspondente é vayu (ar ou vento) simbolizado por uma estrela hexagonal, yantra do anahata. Conforme já mencionamos, o triângulo invertido representa o shakti, a forma material, enquanto o triângulo em pé representa Shiva, a consciência. O yantra possui uma cor enfumaçada, e o bija mantra é Yam. Apoiado nas costas de um antílope preto, é um símbolo de vivacidade. Satyananda afirma que o mantra Om Shanti (shanti significa paz interior) pertence ao anahata. A divindade feminina é Kali (ou Kakini); ela está adornada com um colar de ossos humanos. A entidade masculina é Isha ou Rudra.
O anahata possui o granthi Vishnu (nó). Conforme mencionamos antes, os chakras que possuem granthis (muladhara, anahata e ajna) têm uma importância especial. Apenas depois de ativados e de estes nós serem desatados é que a kundalini poderá prosseguir no processo de evolução espiritual.
5º - CENTRO LARÍNGEO – VISHUDDHI
No corpo físico, o chakra vishuddhi localiza-se na garganta, correspondendo diretamente à glândula tireóide; ele está relacionado com os plexos nervosos da faringe e da laringe. “Vishuddi” deriva da palavra “shuddhi” que significa “purificar”; portanto, é considerado o chakra da purificação. Ao contrário dos chakras ajna e manipura, onde ocorre a purificação dos pensamentos e do carma, tem-se o vishuddhi como capaz de purificar o próprio veneno. A natureza dessa purificação pode ser explicada da seguinte maneira:
Na ioga tântrica diz-se que a lua expele Ambrósia, consumida pelo sol do manipura. Neste caso, a lua se refere ao cérebro, a região do sahasrara, geralmente simbolizado por uma lua ou uma meia-lua (talvez corresponda aos ventrículos do cérebro) tanto no Hinduísmo como no Taoísmo. Esta Ambrósia ou néctar divino que o cérebro segrega flui pelo manipura, onde é consumido como se fosse um combustível de sustento da vida.
O néctar segregado pelo sahasrara tem forma de gotas no bindu visargha, o “ponto” psíquico atrás da cabeça (ver a próxima seção). Ele goteja num chakra menor, chamado lalana, na parte superior do epiglote ou na base do orifício nasal, que funciona como um reservatório desse néctar. É segregado quando se praticam mudras do tipo khechari, e então desce para o chakra vishuddhi. Se este chakra foi ativado, o néctar sofre uma purificação, tomando-se um néctar divino que rejuvenesce o corpo, ocasionando boa saúde e longevidade. Contudo, dizem que se o vishuddhi não estiver ativado, o néctar transforma-se em veneno e desce pelo corpo; passa então a envenená-lo vagarosamente, levando-o ao enfraquecimento e por fim à morte.
Segundo Satyananda, o chakra vishuddhi ativado possui também o poder de neutralizar venenos que provêm de fora do corpo. Na realidade, a glândula tireóide, que corresponde diretamente ao vishuddhi no corpo físico, é reconhecida clinicamente por exercer uma função de desintoxicação.
O despertar do chakra vishuddhi resulta em poderes telepáticos. Apesar de, às vezes, o telepata achar que recebe o pensamento das outras pessoas pelo manipura ou por qualquer outro lugar, o verdadeiro centro de percepção é o vishuddhi. A partir dele, as ondas de pensamento são transmitidas para outros centros, no cérebro ou em outro lugar, onde ocorre o reconhecimento consciente. Juntamente com o muladhara, o vishuddhi é a fonte de todos os sons básicos: dizem que os sons vocálicos se originam nele, conforme inscrito nas pétalas do chakra. Outras habilidades paranormais relacionadas com ele são: a indestrutividade, o completo conhecimento dos Vedas - os textos sagrados que contêm a Lei do Universo -, a capacidade de conhecer o passado, o presente e o futuro, e a habilidade de permanecer dias sem comer nem beber (ver a próxima seção sobre bindu).
As dezesseis pétalas do vishuddhi, de cor lilás-acinzentada, possuem inscritas as letras: A, A, I I U, U, R, R, L, L, E, Ai, O, Au, Am e Ah. Seu tattva é o espaço (akasha), representado por um yantra oval ou circular. O bija mantra é Ham, que está em cima de um pequeno elefante branco dentro de um círculo. A divindade feminina é Shakani, e a masculina Sadashiva. O vishuddhi associa-se ao sentido da audição, portanto, seus órgãos de conhecimento e atuação são respectivamente os ouvidos e as cordas vocais.
Satyananda não considera o sahasrara como um chakra propriamente dito. Ele afirma que os chakras operam dentro da psique humana, manifestando-se em níveis diferentes. O sahasrara, porém, é a totalidade além da individualização. Por este motivo, não aparece descrito no Tantra of Kundalini Yoga. Todavia, o bindu está exposto da seguinte maneira:
BINDU VISARGHA
Bindu significa “gota” ou “marca”, e bindu visargha quer dizer, literalmente, “queda da gota”. Visto que “gota” se refere ao néctar, esta frase ficaria mais significativa como sendo “a sede do néctar”.
Segundo a tradição, o bindu localiza-se perto do topo do cérebro, na direção da parte posterior da cabeça. Nesse local, existe uma ligeira depressão, onde se concentra uma pequena quantidade de secreção líquida. Dentro desta depressão existe uma elevação mínima, localização exata do bindu na estrutura fisiológica. Os nervos cranianos partem deste ponto, inclusive os nervos ligados ao sistema óptico.
O processo pelo qual o néctar é segregado pelo bindu, estocado no chakra lalana no orifício nasal, e purificado pelo chakra vishuddhi foi descrito na seção anterior. O bindu e o lalana são mais bem interpretados como pequeninos centros psíquicos ligados diretamente ao vishuddhi. Esses pequenos centros não podem ser ativados independentemente deste chakra superior. Por isso, apenas os seis chakras superiores, desde o muladhara até o ajna, são denominados “chakras do despertar”.
À medida que o néctar divino, purificado pelo harmonioso funcionamento do bindu, lalana e vishuddhi, começa a descer e atingir todo o corpo, ocorrem fatos extraordinários. Por exemplo, uma pessoa é capaz de viver por longos períodos sem ar, sem comida e sem água. Há casos documentados de iogues que permaneceram enterrados durante quarenta dias, sobrevivendo voluntariamente num estado de hibernação, e depois se recuperaram por completo. Isso torna-se
possível através da prática de um tipo especial de mudra khechari, no qual o tendão debaixo da língua é rompido gradualmente durante um período de dois anos, até que possa ser enrolado na epiglote para vedar a passagem respiratória. Isso estimula diretamente o centro lalana; nesse caso, o néctar desce para o vishuddhi, onde é purificado e distribuído por todo o corpo, fornecendo oxigênio e demais nutrientes necessários para a sustentação da vida. O bindu é induzido a produzir mais néctar e, ao mesmo tempo, a necessidade que o corpo tem de ar, comida e água é drasticamente reduzida. Acredita-se que o néctar flui lentamente pelo metabolismo do corpo e, de fato, os iogues enterrados não apresentaram crescimento dos cabelos.
Em nosso instituto, em Tóquio, elaboramos experimentos que confirmam a afirmação de que o chakra vishuddhi desperto, juntamente com o bindu e o lalana, torna possível o controle consciente do metabolismo, da respiração, da necessidade alimentar, da digestão, etc. (Para maiores detalhes, ver meu trabalho “Westem and Eastem Medical Studies of Pranayama and Heart Control”, no Vol. 3, no. 1, de Journal of the International Association for Religion and Parapsychology.) Segundo Satyananda, o bindu controla a percepção visual. Os nervos cranianos ligam-no ao sistema óptico. Por esse motivo, qualquer irregularidade no bindu pode causar distúrbios visuais. O bindu é o centro do nada, ou o som psíquico. Quando o vishuddhi e o bindu são ativados através de práticas como Navamukhi mudra (Capítulo IV), vajroli mudra (Capítulo IV), ou murcha Pranayama (Capítulo III), ouve-se um som imaterial contínuo composto de inúmeras vibrações agudas. Essa experiência aponta a exata localização do bindu. Por não ser exatamente um chakra, o bindu não é representado por um lótus ou por divindades residentes. Seu símbolo é uma lua cheia -representa o ponto onde começa a individualização - e também uma lua crescente, indicando o fato de que apenas uma parte da totalidade infinita existente no sahasrara se manifesta, tomando-se perceptível para o praticante no nível do bindu. Ambas, a pequena mancha (a lua cheia) e a lua crescente, podem ser observadas no canto superior direito de algumas versões convencionais dos caracteres OM.
6º - CENTRO FRONTAL OU CEREBRAL – AJNA
Satyananda aconselha ao praticante ativar o chakra ajna antes de qualquer outro. Justifica dizendo que, uma vez desperto, este chakra tem o poder de anular o carma; dessa forma ele ajuda a diminuir os perigos que podem surgir quando o carma dos chakras inferiores é ativado. A seguir, apresento um resumo de seu parecer sobre o chakra ajna.
Derivada originalmente das raízes sânscritas, com o sentido de “saber” e de "seguir", a palavra ajna significa “comandar”. Por esta razão, o termo ajna é freqüentemente utilizado como “centro de comando”, o qual recebe orientações de um guru (veja a seguir). Localiza-se no ponto em que os três nadis principais (ida, pingala e sushumna) se fundem para formar uma única passagem, que continua a subir até o chakra sahasrara. Parte da combinação da energia vital aqui reunida, provinda dos três nadis, flui para o sahasrara, enquanto o restante se dispersa pelos corpos físico, astral e causal. No chakra ajna os três nadis formam o Rudragranthi ou o “nó de Shiva”, o terceiro dos “nós” psíquicos que devem ser desatados para que a kundalini se eleve até o sahasrara. No corpo físico, o ajna relaciona-se diretamente com a glândula pineal e com o ponto entre as sobrancelhas, ponto este freqüentemente escolhido para a concentração neste chakra.
O chakra ajna localiza-se na extremidade oposta do sushumna com relação ao chakra muladhara, e qualquer alteração ocorrida num reflete instantaneamente o mesmo efeito sobre o outro. Os símbolos contidos nesses dois chakras também se assemelham: ambos possuem um triângulo invertido, o símbolo da força geradora ou criadora.
A concentração no ajna coloca o praticante em contato com grandes forças existentes nos nadis ida, pingala e sushumna, levando-o a profundas alterações psíquicas e à purificação da mente. Uma vez alcançada tal purificação, o iogue pode praticar com segurança a concentração nos demais chakras. Entretanto, se este estágio não for cumprido com rigor, o praticante correrá grandes perigos devido à ativação do carma acumulado nos outros chakras, especialmente no muladhara, considerado o maior depósito de carma, Com o chakra ajna ativo, o praticante é capaz de manter a calma sem ser afetado quando essas forças são desencadeadas.
Ao ativar-se o chakra ajna, o praticante entra em contato com a consciência superior através da liberação do grande acúmulo de energia latente na glândula pineal. (Observe que Satyananda associa o ajna com a glândula pineal, enquanto Leadbeater o associa com a glândula pituitária.) “Contato com a consciência superior” pode parecer uma concepção um tanto vaga, e de fato trata-se de um assunto um pouco difícil de explicar. Refere-se ao contato direto com o “guru interior” - ou seja, uma fonte inata de profundos conhecimentos e uma grande ciência existente no interior do chakra ajna de todas as pessoas. Também é possível entrar em contato com o “guru exterior” - o anjo da guarda das pessoas. Quando o praticante entra num estado de concentração profunda, a autopercepção e a consciência do ego desaparecem temporariamente; assim, ele pode ouvir a voz do guru interior e do exterior. Por esta razão, o chakra ajna é conhecido como “centro de comando”. Comunicações telepáticas e percepção de clarividência também podem ser desenvolvidas com o despertar do chakra ajna. No interior do círculo do diagrama que representa o chakra ajna existe um triângulo invertido. Ele simboliza o criador, a força mãe, a força material e a manifestação. Em contrapartida, o triângulo em pé (como o encontrado no yantra do chakra anahata, Y representa a consciência-percepção inativa. Dentro do triângulo, atrás da letra "3", existe uma forma de coluna, conhecida como linga. Embora o linga seja convencionalmente visto como um símbolo fálico, Satyananda afirma que na ioga tântrica ele é primariamente um símbolo do corpo astral, denominado linga sharira em sânscrito. O círculo simboliza o shunya, o vazio. Trata-se de um dos três atributos do samadhi, o estado de superconsciência. Os outros são chaitanya(consciência completamente ativa) e ananda (glória). O estado de shunya permanece inacessível para aqueles cuja consciência esteja confinada aos limites de tempo e espaço.
O corpo astral pode ser observado extra-sensorialmente em três formas, representado por Shiva-lingas nos chakras muladhara, ajna e sahasrara. No muladhara, ele é visto como uma coluna de gás cinzento inconstante. À medida que nossa concentração se aprofunda, o corpo astral aparece bem escuro (preto) no chakra ajna. Com uma concentração contínua, este Shiva-linga toma-se iluminado, como uma luz brilhante no sahasrara. Esses três estágios são conhecidos como consciência astral indistinta, escurecida e luminosa, o que representa a purificação e a evolução progressiva da mente. A sílaba OM, o mantra bija do chakra ajna, localiza-se no interior do círculo; trata-se do símbolo da superconsciência. Acima da lua sobreposta e do bindu (um ponto) existe a cauda esguia, que representa a parte mais sutil da consciência. As duas pétalas localizadas a cada lado do circulo encerram as sílabas Ham e Ksham, os mantras bija de Shiva e de Shakti, respectivamente. Satyananda vê a aura do chakra ajna de cor cinzenta, apesar de admitir que os outros pesquisadores a descreveram como transparente. Leadbeater, por outro lado, afirma que o ajna emite uma aura de cor violeta-escura. Tais descrições assemelham-se no que diz respeito às cores escuras; as ligeiras diferenças podem ser atribuídas ao fato de Satyananda referir-se à aura existente na dimensão astral, ao passo que Leadbeater descreve a aura etérica.
7º - CENTRO CORONÁRIO – SAHASHARA
Coquet esclarece que se lhe dá também o nome de Brahmarandhra, cuja verdadeira tradução significa "orifício divino e representa a haste do chakra coronário ou, para ser preciso, a fontanela etérica por onde escapa a alma no momento da transição".
Está situado na parte superior da cabeça. A aura colocada sobre a cabeça dos santos corresponde ao Sahasrara. Ele é composto de duas partes: a parte central com doze pétalas maiores, menos ativa, e outra ao redor desta com novecentos e sessenta pétalas menores, vibrando com incrível rapidez. Ao contrário dos demais chakras que, ao desabrocharem, voltam-se para o alto, o coronário mantém sempre a sua posição invertida.
É o mais luminoso dos chakras. Leadbeater descreve-o como possuidor de indescritíveis efeitos cromáticos, parecendo conter todos os matizes do espectro, embora seja o violeta a cor predominante; a parte central é de um branco fulgurante com um núcleo cor de ouro. Coquet ensina que ele surge como um maravilhoso sol, branco brilhante de mil flores douradas. O Shatchakra- Nirupana descreve-o como tendo a cor de um jovem sol, portanto o branco brilhante. Motoyama indica-o como um disco de cor de ouro ou de luz rosada. Os livros hindus denominam -no o "lótus de mil pétalas", de cor branca e com a corola voltada para baixo, cerca de quatro polegadas acima da parte mais alta da cabeça. O chakra coronário não está relacionado com nenhum plexo e sim com a glândula pineal. A respeito, Leadbeater destaca a existência de uma diferença de acordo com os tipos de indivíduos. Em muitos deles "os vórtices do sexto e do sétimo chakras astrais convergem ambos ao corpo pituitário, que em tal caso é o único enlace direto entre o corpo físico denso e os corpos superiores de matéria relativamente sutil". (...) "Mas outros indivíduos, embora ainda aliem o sexto chakra com o corpo pituitário, inclinam o sétimo até o seu vórtice coincidir com o atrofiado órgão chamado glândula pineal, que, em tal caso, se reaviva e estabelece ligação direta com o mental inferior sem passar pelo intermediário comum do astral".
A tela etérea pode ser rompida com o efeito do tabagismo, do álcool e de outros psicotrópicos. Esta tela etérea tem a função de proteger o indivíduo contra o assédio de entidades maléficas. Estas substâncias se vitalizam e passam para o plano astral, por intermédio doa chakras, rompendo com isto a tela protetora - etérea - que a natureza mantém fechada contra a comunicação ou influência perturbadora de alguns espíritos. vai ver a sabedoria da Igreja e de outras sociedades esotéricas e esotéricas, ao proibir o uso de bebidas, tabagismo, psicotrópicos, visa a proteção da tela etérea, evitando, assim, o seu atrofiamento. O estudante do ocultismo deve livrar-se do tabagismo, do alcoolismo, de psicotrópicos, e pode, na senda da evolução, esperar que as faculdades psíquicas se atualizem no tempo devido, sempre numa conduta moral inabalável.