Vocês já se encontraram no meio de um problema emocional doloroso e não podiam encontrar uma solução? Já passaram por alguns daqueles momentos em que pensavam que o estava limpando, somente para se verem bem diante dele? Eu já passei por isto e não sei quanto a vocês, mas eu acho a clarificação emocional uma coisa arriscada, assustadora. É como tentar encontrar o seu caminho através de uma floresta cheia de areia movediça e profundos buracos cavernosos – é necessário um mapa realmente bom, realmente detalhado. Durante a minha infância e a minha vida adulta, muitas vezes eu fiquei presa na areia movediça porque eu não sabia como navegar nos estágios da limpeza emocional. Assim, como nos movemos através dos estágios da limpeza emocional? E o que é?
LIMPEZA EMOCIONAL
A limpeza emocional é o processo pelo qual vocês se libertam das camadas dos seus bloqueios emocionais, transmutando as energias densas da raiva, da vergonha, da culpa, etc., contidas em cada camada para a compaixão. Estas camadas são mantidas prensadas e seladas em nosso corpo emocional até que elas sejam liberadas para vir à superfície (desencadeadas à ação), através dos conflitos que passam pelo nosso caminho. Neste ponto nos tornamos conscientes delas.
ESTÁGIOS DA LIMPEZA EMOCIONAL
Uma vez que as energias anteriormente mantidas em uma camada tenham alcançado a superfície, começamos o processo de clarificá-las. Esta limpeza envolve o movimento através de uma série de estágios que nos habilitam a liberar física e emocionalmente estas energias de nosso corpo, enquanto ao mesmo tempo, integramos o medo que está na raiz delas e aprendemos a lição envolvida. Caramba! Esta foi uma longa sentença!
Algumas vezes a limpeza é suave porque as energias presas são suaves, mas algumas vezes a clarificação é muito dolorosa, escalando para um conflito desenvolvido com alguém. Deixem-me apenas dizer que não obstante seja ela suave ou maior, ela não é fácil! É como tentar escalar, tentando sair de um destes buracos muito grandes, muito profundos!
POR QUE GOSTARÍAMOS DE FAZER A LIMPEZA EMOCIONAL?
Esta é uma pergunta muito boa. Há muitas compensações para a clarificação emocional. Uma é a ascensão – nós devemos aliviar os nossos corpos a fim de ascender e podemos fazer isto através da liberação das velhas energias presas que os tornam densos. Nós fazemos isto a fim de ter relacionamentos melhores e mais satisfatórios. Nós fazemos isto a fim de ter uma maior saúde mental e emocional.
Graças aos meses e meses de lições dolorosas com o meu marido Shaun, eu finalmente aprendi a navegar nestes estágios de clarificação emocional – pelo menos o suficiente para escrever este artigo. Tudo o que eu posso dizer é louvar o coração de Shaun por esperar lá comigo. Foi um desafio para dizer o mínimo! Clarificar com o nosso companheiro pode ser muito frustrante porque estamos constantemente sendo forçados a olhar o reflexo de nós mesmos. Nós não podemos escapar! Repetidas vezes nós nos interpelamos para saber por que teríamos concordado com esta dor e com esta agonia. Uma vez que imaginemos que este é um processo e vejamos a perspectiva mais elevada, somos capazes de avançar com um pouco mais de facilidade e graça de cada vez.
O PROCESSO
O processo de clarificação emocional é um processo que nos leva durante todo o tempo de uma perspectiva de 3D para a perspectiva multidimensional onde podemos transmutar a emoção para fora de nossos corpos físico e emocional. Ela começa com a nossa “Criança Interior” (CI), que é impulsionada à ação e termina conosco encontrando a compreensão mais elevada, multidimensional do problema emocional em questão. No caso de que você não esteja familiarizado com a Criança Interior, eu estou falando sobre esta pequena criança dentro de cada um de nós, e embora ele ou ela se comporte como uma pequena criança, o seu trabalho real é proteger os nossos corpos físicos de qualquer dano. A Criança Interior faz isto através do medo, mas este medo se torna desequilibrado quando ele ou ela começa a assumir as nossas emoções com ele.
Tenham em mente também que vocês não poderão perceber o que está ocorrendo até que fiquem acostumados a passar pela clarificação emocional e a reconhecer que estão sendo impulsionados, e até então os primeiros estágios (aproximadamente de 1 a 4), são freqüentemente inconscientes.
ESTÁGIO UM: O GATILHO
A primeira coisa que acontece quando surge um problema é que a minha Criança Interior (eu) fica alerta. Os “gatilhos” estão em nossas vidas para criar sentimentos indesejáveis dos velhos problemas, dos problemas emocionais essenciais que deixamos de clarificar no passado. Um gatilho pode ser algo que induza sentimentos de raiva, de culpa, vergonha, medo ou qualquer outra emoção “negativa”. Ele me deixa saber que um limite foi ultrapassado ou que uma velha ferida está ainda enterrada. Pode ser uma pessoa ou até uma situação (tal como pisar no meu dedo) que me impulsiona, e eu sempre sei disto porque eu reajo. Algumas vezes a reação é suave, como uma emoção sutil e/ou uma sensação física, mas há sempre algum grau de reação física ou emocional (ou ambas), até se é apenas um batimento cardíaco mais rápido por uns poucos segundos.
Quando eu clarifico um bloqueio emocional, eu normalmente limpo uma ou mais camadas fora do problema emocional essencial, resultando no gatilho que me afeta cada vez menos e menos. Uma vez que eu clarifique totalmente o problema, entretanto, o gatilho desaparece como se nunca estivesse lá.
ESTÁGIO DOIS: IDENTIFICANDO O GATILHO ATRAVÉS DA RAIVA
Quando reagimos a um gatilho, nós reagimos ao nível mais básico, com medo, porque o medo é a emoção de freqüência menos elevada. Algumas vezes eu ficarei literalmente temerosa, e poderei até sentir vergonha ou culpa, mas mais freqüentemente reagirei com raiva. Por que a raiva? A minha Criança Interior foi ferida e ela expressará esta dor com raiva, a fim de me proteger do sentimento desta dor. Pensem nisto como uma defesa para tentar parar a dor, continuando a assumir uma ação ofensiva. Vocês já ouviram “a melhor defesa é uma boa defesa”? A Criança Interior pensa assim.
Tanto Shaun como eu, tivemos um problema essencial envolvendo o abandono, e nós sempre desempenhamos o papel de gatilhos principais um com o outro em relação a este problema. Por exemplo, quando Shaun provoca o meu problema de abandono, eu quase sempre reajo primeiro com raiva. O cenário freqüentemente transcorre assim: Eu tomo uma decisão de fazer algo e eu lhe falo sobre isto. Ele comenta, e eu lhe digo que ele está tentando me controlar e eu fico muito zangada. Mas algumas vezes, eu sinto emoções mais sutis, tais como o medo ou a culpa. A razão pela qual elas são mais sutis é porque a minha Criança Interior realmente não quer sentir estas emoções (que estão em uma freqüência até menos elevada do que a raiva), assim ela usa a raiva como a nossa principal defesa/ofensa.
Algumas vezes eu estou extremamente zangada antes que eu até compreenda que fui provocada. É quase como se eu fosse o Piloto Automático da Criança Interior! Mas quanto mais experiente eu fico nesta tolice, percebo que posso identificar o gatilho mais prontamente.
ESTÁGIO TRÊS: PROJEÇÃO E CULPA
Uma vez que a minha Criança Interior está suficientemente zangada, ela assumirá esta defesa da raiva e desviará os sentimentos de volta para a outra pessoa, responsabilizando-a. Desta forma a minha Criança Interior e eu não temos que assumir a responsabilidade de criar a nossa própria responsabilidade, isto é, a dor que estamos sentindo. Você pode acreditar que no passado eu responsabilizei realmente Shaun por eu ter pisado no meu próprio dedo, quando ele estava em um aposento distante na casa? Bem, eu o fiz, porque não podia suportar a dor de assumir a responsabilidade. Este fenômeno mais interessante é também chamado de projeção.
Assim, usando o exemplo do meu problema de abandono, quando eu projeto para Shaun quando estamos tendo um “gatilho de abandono”, eu aponto o dedo para ele e lhe digo que ele está me controlando e por isto é que eu sou miserável, triste, insensata, etc. A minha Criança Interior não está desejando reconhecer que este é o NOSSO problema neste ponto e assim nós tentaremos fazer dele o problema de Shaun até que estejamos prontas a assumir a responsabilidade.
ESTÁGIO QUATRO: REAÇÃO/PROJEÇÃO E CULPA ATRAVÉS DO GATILHO
Uma vez que eu reagi e culpei o “gatilho”, ele freqüentemente reagirá também, sentindo também dor, e apontando o dedo de volta para mim. Isto freqüentemente resulta em uma discussão, que poderá durar uns poucos minutos ou uns poucos dias dependendo de que camada do bloqueio eu estou tentando clarificar. Vocês podem ver que círculo vicioso isto é!
Por exemplo, uma vez que eu me irritei diante da fisionomia de Shaun, ele reage e se irrita com a minha. A Criança Interior dele não está desejando assumir a minha dor, e se ele tem a dor envolvida, ele não quer assumir a responsabilidade por isto também. Assim, ele aponta o dedo para mim, e nós continuaremos fazendo isto até que fiquemos cansados de discutir. Ugh!
Vale mencionar que se alguém esteve conscientemente clarificando emocionalmente por algum tempo, então ele poderá reagir de forma diferente. Eu estou me referindo a quando vocês podem ver conscientemente o gatilho chegando e escolhem reagir de forma diferente. Isto significa que vocês quase clarificaram o bloqueio. Mas não se agitem se não estiverem ainda aqui – velhos hábitos demoram a se extinguir! Acreditem em mim – [b]EU SEI!!! [/b]
ESTÁGIO CINCO: EXPRESSANDO E LIBERANDO A RAIVA
Este é um estágio onde eu freqüentemente começo a me conter e me questiono com a minha Criança Interior sobre o que está acontecendo. Eu quero enfatizar firmemente que toda esta coisa aparentemente “negativa” está certa! Seus sentimentos são válidos e isto está certo, deixar a sua Criança Interior expressar e reagir de uma maneira apropriada, isto é, expressar os seus sentimentos sem se magoar ou aos outros. Vocês podem precisar fazer acordos com a sua Criança Interior quanto a se expressar, de modo que ambos se sintam seguros enquanto fazem isto.
É também muito importante que vocês se expressem tanto verbalmente quanto fisicamente, a fim de mudarem a energia do corpo físico e emocional de ambos. Eu achei isto muito útil para ambos gritar e falar alto, tanto quanto escrever o que eu chamo de um “desabafo”. Um desabafo pode ser tão suave quanto uma queixa ou tão explosivo quanto uma bomba de nêutrons, com palavras naturalmente. Vocês podem fazer isto como e onde se sentirem à vontade, mas se preferirem desabafar com alguém em particular, é sábio lhes perguntar primeiro se vocês poderão se desabafar com elas. Se vocês não o fizerem, elas poderão reagir com raiva. Eu também acho um item apropriado para usar fisicamente, tal como uma bola de espuma ou plástica ou um travesseiro, e então eu atinjo a minha cama ou o chão com eles. Eu recomendo qualquer um destes porque eu não posso me ferir ou aos outros (ou minhas propriedades), acertando algo leve com algo leve. Quando eu termino de me expressar eu sempre sei disto porque me sinto mais leve. Se eu não sei que estou pronta, então eu continuo até que eu saiba que acabei.
Eu não posso enfatizar o suficiente aqui que a principal coisa para manter em mente é que isto está certo, em expressar a sua raiva, etc., e não censurem a sua Criança Interior de qualquer forma, em relação aos seus sentimentos ou pensamentos. Deixem a sua Criança Interior expressar os seus sentimentos e validem estes sentimentos com algo como “Eu escuto arre”! ou “Saia”! Compreendendo e aceitando que apareça esta expressão “escura”, vocês serão capazes de integrar o medo e a raiva que vocês estão experienciando muito mais rápido.
Naturalmente, durante a nossa discussão inicial, Shaun e eu sempre liberamos alguma raiva. Algumas vezes nós até ficamos lá por uma hora e gritamos e bradamos um com o outro. Nós temos sentimentos confusos posteriormente sobre isto, porque enquanto nós dois ficamos arrependidos pelo que aconteceu, nós nos sentimos muito mais leves e melhor! Mas outras vezes nós temos que sair por nossa própria iniciativa e expressar a raiva, e eu sempre faço o que recomendei acima.
ESTÁGIO SEIS: ENCONTRANDO E RECONHECENDO O REFLEXO
Neste estágio eu começo a retroceder e perceber que eu tenho um problema com a outra pessoa e começamos a processar conscientemente, expressando como nos sentimos um com o outro. Nós nos empenhamos nisto favoravelmente, mas se eu tiver que continuar sem a participação do outro então está certo. Saibam também que este estágio do processo leva uma quantidade indefinível de tempo, dependendo do nível de comunicação entre eu e a minha Criança Interior. Nós freqüentemente começamos com um processo intelectual e terminamos com a minha Criança Interior expressando os seus verdadeiros sentimentos emocionais que estão no centro do gatilho. Este é o meu objetivo – a expressão verdadeira e honesta de minhas emoções. Esta é a linguagem da Criança Interior.
Uma vez que eu posso ser honesta comigo mesma, eu estou pronta para olhar para o reflexo e o reconheço. Encontrar o reflexo, ou me ver na outra pessoa, sempre me mostra como eu tenho tratado a minha Criança Interior. Reconhecer o reflexo significa que eu estou pronta para assumir plena responsabilidade pela minha dor e minhas ações. Significa ser brutalmente honesta comigo mesma e com os outros, mesmo que isto magoe. Assim, em meu exemplo, eu disse que Shaun estava me controlando, etc. Mas agora eu posso ver como eu tenho controlado a minha Criança Interior, não deixando com que ela se expresse ou ser quem ela realmente é, porque eu tenho medo de que Shaun me abandone. Agora isto é difícil de absorver, para nós dois porque a minha Criança Interior tem medo que eu a abandonarei sem culpa. Hummm... Vêem um padrão aqui?
ESTÁGIO SETE: CLARIFICAR O REFLEXO, ASSUMINDO A RESPONSABILIDADE E VALIDANDO A DOR.
Isto ocorre quando uso as ferramentas multidimensionais para “receber” a lição, assumir a responsabilidade e me liberar e à outra pessoa da culpa. Isto é o que chamamos de “clarificar o reflexo”. As ferramentas que eu uso são ferramentas multidimensionais conhecidas como as Sete Chaves da Compaixão. Eu uso a Fórmula da Compaixão (a 1ª Chave) e a Chave da Compaixão (a 2ª Chave), para clarificar o reflexo e elas funcionam maravilhosamente! Ao usar estas ferramentas eu sou sempre capaz de ver a perspectiva mais elevada e uma vez que eu sorrio de orelha a orelha com gratidão para a pessoa que é o meu gatilho, sempre quero agradecer a ele/ela pelo seu papel na lição. Uma vez que posso fazer isto, eu sei e sinto que eu a “compreendi”! Então eu posso me congratular por desgarrar outra camada de meus problemas emocionais! Arre!
Uma vez que eu assimilo a lição e sou capaz de assumir a responsabilidade por minha parte no ponto principal do problema, eu sou capaz de validar a dor e a mágoa da outra pessoa. A validação significa ser capaz de me desculpar pela dor que eu causei na outra pessoa pelas minhas ações sem quaisquer desculpas ou sem defender o meu comportamento. Eu falo com a dor, descrevendo-a como se ela estivesse acontecendo comigo. Este é um estágio importante, e pode ser somente alcançado depois de eu poder me conectar emocionalmente com a dor da outra pessoa. No exemplo do conflito entre Shaun e eu, isto é onde eu digo a ele: “Desculpe-me, Shaun, por eu ter lhe acusado de tentar me controlar. Eu sinto muito por não ter lhe tratado como um companheiro, e por causa da determinação de tê-lo em meu caminho, eu o acusei de tentar me controlar... que é o que eu estava fazendo! E assim eu estou muito sentida pela dor que a minha acusação causou”.
Eu tenho que deixá-los saber que eu os ouvi e os senti, repetindo como é que eles magoam, e desculpando-me por causar a dor. Não importa se eu pretendia causar a dor ou não – se eu posso sentir a sua dor, eu sou sempre capaz de validá-la. E na maior parte do tempo, tudo o que a pessoa quer ouvir é que eu estou sentida pela mágoa que causei. Saibam que isto não inclui qualquer garantia de mudar o meu comportamento – eu estou simplesmente validando a sua dor.
Mas e se eu perceber que não posso validar a dor e o sofrimento do outro? O que faço então? Eu tenho que voltar e falar com a minha Criança Interior porque eu sei que ela está me impedindo de sentir a dor da outra pessoa. Por quê? Porque ela teme que eu a abandone se ela sentir a dor de Shaun. Ela me impede de sentir a dor de Shaun porque é um tipo ou nível de dor que eu disse a ela que nunca quero sentir... Por isto o bloqueio. Assim, eu faço um acordo com a minha Criança que eu não a abandonarei se eu tiver os sentimentos de Shaun.
Eu sei que ela concordou porque eu começo a sentir a dor da outra pessoa... Neste caso, a dor de Shaun.
Assim, é isto... Estes são os estágios da clarificação emocional. Conhecendo apenas os estágios e sabendo o que esperar tem me dado grande conforto quando estou no meio de meus problemas. Cada vez que passo por eles, eu os imagino um pouquinho mais e assim sou capaz de arrastar-me acima para fora do meu conhecido buraco, um pouco mais rápido. É a minha esperança que com este artigo vocês tenham um mapa suficientemente claro para navegar através da sua selva da clarificação emocional e encontrar o seu caminho de seus próprios buracos emocionais.