Extrema tensão de toda a personalidade. Atividade concentrada num fim único. Dominadores, naturalmente aptos para o comando. Sabem dominar e utilizar sua violência. Solícitos, respeitáveis, gostando do convívio social. Palestram geralmente bem. Tomam a sério a família, a pátria, a religião. Têm profundo sentimento da grandeza e sabem dominar as necessidades orgânicas; vão às vezes até o ascetismo. Valor dominante: a obra a realizar. É preciso evitar tomar o termo "apaixonado" no sentido da linguagem corrente, que qualifica assim um ser que se entrega descontroladamente ao império de seu temperamento e de seus desejos, numa corrida desenfreada em busca do prazer. Aqui, ao contrário, se o "apaixonado", como emotivo que é, sente profundamente os estímulos exteriores e tem uma vida interior rica, modera e dirige, graças a sua Secundariedade, seus impulsos instintivos, chegando inclusive, a sublimá-los canalizando para a ação a energia que poderia gastar de outra maneira. Sua emotividade e sua atividade, reforçadas pela permanência dos objetivos, proporcionam à todos os atos uma extrema tensão. Dá prosseguimento, com tenacidade infalível, à realização de uma obra suscetível de marcar-lhe a existência, e suas decepções momentâneas poucas vezes são por ele consideradas como fracassos; são, de preferência, uma razão suplementar para redobrar os esforços na mesma direção. É conhecido pelo ardor frenético em que se conjugam a necessidade de agir, a ambição de realizar e os estímulos da emotividade. Pouco lhe importa, aliás, ser compreendido ou odiado, desde que esteja pessoalmente convencido da nobreza de suas aspirações ou da grandeza de seu empreendimento. A essa implacável auto-exigência corresponde uma exigência equivalente para com os outros. O apaixonado não admite ser distraído ou travado em seus empreendimentos. Quando dá uma ordem é para ser obedecido; quando alguém merecedor de sua estima lhe dá uma ordem, está pronto a cumprí-la. Quando em polaridade desarmônica: À tão grande tensão de todo o ser, suscetível de acarretar os maiores sucessos, podem corresponder também grandes perigos: a megalomania, a obstinação cega, a perseverança teimosa, a tirania, a dureza, o desprezo, a paranóia.
Valor dominante: a ação. O termo Colérico corre o risco de causar confusão, por evocar a idéia de cólera. Ora, se os Emotivos Ativos Primários -E.A.P.- explodem às vezes em cólera violenta; isso não constitui de modo algum, um traço permanente, nem mesmo dominante de seu comportamento. Também podem ser denominados dinâmicos, visto que a constância de seu ardor pelo trabalho e o extraordinário consumo de energia à qual se entregam constituem sua maior característica. Os dinâmicos são feitos para a ação improvisada, quer se lancem em um empreendimento sob o efeito do entusiasmo devido a sua emotividade, quer se comprazem com as respostas que se esmeram em dar diante de situações que exigem respostas imediatas. Do mesmo modo, desde que uma tarefa esteja concluída, e algumas vezes, mesmo quando está somente em vias de conclusão, investem em outro sentido. Também é muito comum vê-los na liderança das ações. São homens ou mulheres, que se revelam nas situações graves e são necessárias grandes infelicidades para derrubá-los. Ainda carregam o segredo das recuperações espetaculares. O repouso e todas as formas de inatividades lhes incomodam; ao invés de cruzarem os braços, preferem inventar um trabalho. Também isso não deixa de ter seus inconvenientes: a precipitação, o espírito de aventura, a temeridade, a dispersão, a permanente hipertensão, o enfarte os espreitam. Seus sentimentos sofrem os mesmos excessos e sua constância é problemática. Seus entusiasmos pelas idéias ou pelas pessoas resultam às vezes em condenações inapeláveis que podem ser apenas provisórias. São inflexíveis com os fracos ou com os hesitantes. Necessitam de companheiros ardentes e infatigáveis como eles. Gostam de rodear-se de muita gente, o que confere variedade e fugacidade aos intercâmbios pessoais por que nutrem verdadeira paixão. O papel de líder, de político ou de apresentador lhes convém maravilhosamente. Na polaridade desarmônica podem apresentar estados maníaco-depressivos.
Ambiciosos, permanecem na fase das aspirações. Taciturnos, introvertidos, esquizotímicos. Geralmente melancólicos e descontentes consigo mesmos. Tímidos, vulneráveis, escrupulosos, alimentam a vida interior pela ruminação do passado. Têm dificuldade de entrar em relações com os outros e caem facilmente na misantropia. Resignam-se de antemão ao que poderiam, entretanto, evitar. Individualistas, amam profundamente a natureza. Valor dominante: a intimidade. Com a intervenção da Secundariedade, as emoções vão interiorizar-se nos sentimentos. Mais uma vez, a denominação não deve ser tomada em sua acepção comum. A riqueza emocional é discreta e a inconstância acha-se ausente. A dominante sentimental é a intimidade. Por sua Secundariedade, a manifestação exterior das emoções é inibida, e seus efeitos se prolongam no tempo. O peso do passado e a projeção em um futuro (cujo aspecto é incerto), provocam sempre a angústia do indivíduo. A ruminação mental é seu estado quase permanente, e ele se compraz na auto-acusação: "Se tivesse previsto, eu teria. . ", ''bem que eu deveria. . . ". Suas aspirações são elevadas, e o senso da dignidade (e mesmo do valor incomparável de sua intimidade) lhe faz lastimar amargamente seu fraco rendimento. Seus fracassos são duramente sentidos, deixam-no um pouco mais impotente e um pouco mais desencorajado que antes. Seu rosto exprime freqüentemente o sofrimento interior ou a tristeza e é somente aos que podem compreendê-lo que se entrega. Caso contrário, recorre à confissão pelo diário íntimo. Essa vulnerabilidade faz temer os contatos humanos habituais. Está aí a origem da timidez e do complexo de inferioridade do sentimental. E ele que é fechado e que gostaria, entretanto, de tornar conhecidos seus tormentos ou alegrias. Acusa aqueles a quem estima ou ama de não o compreenderem, enquanto faz tudo para ocultar a própria intimidade. Em compensação, quando dá sua afeição ou amizade, esta pode sobreviver ao abandono ou à morte do outro. Antes de agir, mostra-se indeciso: durante a ação, o ritmo é lento e está pronto a desencorajar-se. Isso não o impede de ser consciencioso, preocupado que está com causar boa impressão. Por vezes a mania de perfeição retarda ainda o término de suas tarefas.
Sobre o tipo Nervoso: De humor variável, querem chocar os outros e atrair sobre si a atenção alheia. Indiferentes à objetividade, precisam embelezar a realidade e para isso vão da mentira à ficção poética. Têm pronunciada tendência ao bizarro, pelo horrível, pelo macabro e, de modo geral, pelo "negativo". Trabalham irregularmente e somente no que lhes agrada. Dependem de excitantes para saírem da inatividade e do tédio. Inconstantes nas afeições,são logo seduzidos e logo consolados. Valor dominante: o divertimento. Aqui, trata-se de um tipo que corresponde à combinação emotividade (portanto indivíduo muito excitável), não-atividade (pouco propenso ao consumo orgânico) e primariedade (de reação rápida ou "reagente"). O que impressiona à primeira vista no nervoso é a intensidade e a sucessão rápida de suas emoções. Ele passa sem intervalo da euforia à depressão, do entusiasmo ao abatimento, da alegria à dor. Suas opiniões têm a mesma inconstância e inclina-se prazerosamente para os extremos mais contraditórios. Disso resulta uma personagem multifacetada, ao mesmo tempo desconcertante e encantadora, irritante e agradável. Suas relações interpessoais são numerosas e agitadas. Se tem muitos colegas temporários, poucos os amigos verdadeiros. O reconhecimento e a fidelidade são nele raros, e a "inconstância afetiva" está sempre espreitando-o em suas ligações, da mesma forma que a "inconstância profissional" o espreita em sua carreira (ou carreiras!). As emoções lhe são tão indispensáveis, quanto o pão e a água. Quando não as encontra em sua pessoa, ou no meio em que vive, corre a procurá-las no exterior. Aprecia particularmente as impressões inéditas e os excitantes de todas as espécies: filmes de terror, romances policiais, amores excêntricos, perversões sexuais, fumo, álcool, entorpecentes. Sente uma atração muito viva pelo que é raro, excepcional, excitante, inclusive pelo mórbido e pelo macabro. Gosta de forçar o tom em tudo: vocabulário metafórico e superabundante, excentricidades no vestir, ideologias chocantes, culto do paradoxo, atitudes teatrais, inconformismo mais ou menos agressivo. O nervoso é sacudido por sentimentos tumultuosos, ou que assim se lhe afiguram em sua atitude narcísica. Por isso os poetas exaltados e os escritores iluminados se recrutam com freqüência nesse arquétipo. Até mesmo sua solidão é agitada, à semelhança de seu estado febril de todos os dias. O nervoso raramente guarda consigo as impressões que tem. Sua transparência é total, e ele, por vezes, recai no exibicionismo. Está constantemente desempenhando papéis, e às vezes parece estar vivendo em um mundo que imaginou para si mesmo, à margem das monótonas realidades da vida comum. Uma tal prodigalidade de energia nervosa não deixa de causar fadiga. E como as reservas orgânicas são limitadas, o nervoso não é pessoa nem de trabalhos que exijam força e nem mesmo para os esforços prolongados.
Valor dominante: a lei. Aqui o termo Fleumático ajusta-se perfeitamente aos que, pouco influenciados pelas emoções, são eficientes e constantes; geralmente encontramos pensadores e cientistas. Pouco emotivos e além disso secundários, o que diminui os efeitos dos estímulos exteriores, amortecendo-os e diluindo-os no tempo; os fleumáticos pouco sofrem a influência do momento. Eles projetam-se de preferência para um futuro - muitas vezes bastante longínquo - que consideram uma conseqüência dos fenômenos passados e presentes, segundo um determinismo quase mecânico. Disso resultam uma grande lucidez e um sentido aprofundado da análise, que não estão isentos de certa abstração mais ou menos minuciosa. Como os parâmetros humanos arriscam perturbar-lhes a construção intelectual, eles tendem a ignorá-los, conscientemente ou não, ou pelo menos a minimizar a sua importância e a afastá-los por princípio. Isso não os impede de ter algumas vezes visões proféticas quanto à evolução dos acontecimentos. A existência dos fleumáticos desenrola-se de maneira mais ou menos uniforme e são necessários acontecimentos verdadeiramente excepcionais para chegarem ao ponto de romper com seus hábitos e com sua tranqüilidade interior. Quando refere-se à ordem e ao método de sua existência, esses correspondem ao respeito à regra ou à lei no plano moral. Nada mais significativo a esse respeito do que esta fórmula de Kant: "O céu estrelado acima de minha cabeça, a lei moral no meu coração." Suas ações desenrolam-se num ritmo contínuo, mesmo nos momentos difíceis. Se seus gestos são de preferência lentos, são também seguros e contidos, e ele termina sua obra em um prazo que não deixa supor essa aparente lentidão. Fleuma significa ausência de emoções, e não preguiça. Esse temperamento significa que o indivíduo é colocado em movimento, nem com rapidez nem com facilidade mas de maneira persistente... Age segundo princípios, não por instinto. Quando a não-emotividade e a secundariedade são muito pronunciadas, o fleumático cai na mecanização da vida ou até sucumbe na insensibilidade total.
Valor dominante: o êxito social Também chamados de REALISTAS Além de Sangüíneos, podemos também denominá-los "realistas", o que traduz melhor o aspecto mais importante de seu caráter. É na ação quotidiana que o Sangüíneo melhor se revela. Seus objetivos são claros, adequados a seus meios. O que o tenta são sobretudo os resultados tangíveis e próximos. O Sangüíneo é hábil em utilizar as circunstâncias e as pessoas. O imprevisto não o desconcerta e ele possui a arte de encontrar os melhores meios para tirar proveito das situações. À essa diplomacia básica e à essa habilidade de manobras, o realista acrescenta um otimismo constante e um raro senso de oportunidade. Suas emoções são pouco profundas e ele atravessa com bom humor as vicissitudes da existência, como se pode ver nesta fórmula de Montesquieu: "Desperto de manhã com uma alegria secreta, vejo a claridade com urna espécie de arrebatamento. Durante todo o decorrer do dia estou contente". Em compensação, suas afeições são geralmente pouco profundas e ele tem dificuldade em recusar as oportunidades que a vida lhe oferece. O amor à vida com seus prazeres é mais forte. Provavelmente os realiatas estão entre as pessoas que menos sofrem pelo caminho da vida. Extrovertidos e alegres por natureza, precisarão algum dia, buscar em seu interior, as respostas para o sentido da vida, isto é, quando o entusiasmo pela vida o permitir...
Fechados, secretos, auto-concentrados, sem vida interior vibrante. Tristes e taciturnos, raramente riem. Escravizados aos próprios hábitos, mostram-se conservadores. Obstinados em suas inimizades, têm dificuldade em se reconciliarem. Calados por natureza, amam a solidão. Indiferentes à vida social, são, entretanto, geralmente honestos, verazes, dignos. Valor dominante: a tranqüilidade. Os Apáticos (ou Plácidos). A presença da Secundariedade vai ainda atenuar a baixa energia geral dessas pessoas. É, pois, da "hipovitalidade" que vamos tratar aqui; daí as denominações de apáticos ou de calmos atribuídas a esses indivíduos. Sendo mais exatos, poderiamos falar de plácidos ou mesmo de indiferentes. O traço dominante desse tipo poderia perfeitamente ser o desinteresse geral. Pouco atraído pela ação, tampouco o é pela vida interior e ainda menos pelos empreendimentos dos outros. Tranqüilidade e solidão são suas maiores aspirações. Entretanto, tem necessidades como todo o mundo e se estas não são satisfeitas, experimenta um sentimento de inveja em relação àqueles que são mais favorecidos do que ele. Sabe, quando é preciso, tirar proveito de seu aspecto um pouco sofredor para comover os outros e conseguir deles o que lhes custaria muito obter pelos próprios meios. Sabendo poupar forças, observa com atenção as menores falhas de seu organismo e cuida-se zelosamente, tanto e tão bem que sobrevive muitas vezes àqueles que o cercam e que tiveram uma vida menos cuidadosa. Suas ambições são limitadas ou inexistentes. No plano profissional, contenta-se com funções modestas, e a monotonia das tarefas lhe convém perfeitamente. É homem de hábitos, pois o hábito é um meio econômico de viver. O medo de passar privações e o temor de não bastar à sua subsistência, levam-no à economia ou até mesmo à avareza. Em compensação, é pouco afetado nas grandes infelicidades e consegue atravessa-las sem grande prejuízo, e isso é o que mais lhe importa. Pouco sensível ao sofrimento, em decorrência de sua frieza, o "calmo" pode, ao ultrapassar seu egoísmo básico, descambar para a crueldade e até para o sadismo. Mas, em condições comuns, causa poucos transtornos e a regularidade tranqüila de sua existência - se não é abalada - basta para contê-lo. O essencial para ele é, aliás, que o deixem em paz.
Valor dominante: o prazer. Tradicionalmente, são chamados de amorfos por causa da inconsistência de sua estrutura psicológica. Mas esse termo desagradável encerra um julgamento de valor negativo. Melhor usar o termo "hipotônico". O que logo de início surpreende é que os indivíduos desse tipo são geralmente volumosos e, quando adultos, com freqüência obesos. Entretanto, seu peso não corresponde à sua opulência, pois são dotados de tecidos adiposos, menos pesados do que propriamente músculo. Essas reservas são pouco utilizadas. Freqüentemente voltam-se para outros prazeres: beber, comer, divertir-se. O que não conseguem obter pelo esforço pessoal procuram conseguir, às vezes, às custas dos outros. A "boa vida" dos amorfos é patente e de nenhum modo se envergonham disso. Se o meio em que vivem os incomoda e alguém tenta obrigá-los a cuidar do futuro, fingem concordar e podem mesmo dar algumas provas de boa vontade. Mas como poderiam se submeter à pressão sobre si próprios e perseverar numa "postura" imposta do exterior ao qual não aderiram realmente? Se, na melhor das hipóteses, conseguem algum progresso, essa vitória parcial corre o risco de ser freqüentemente questionada, e será preciso ter a paciência de recomeçar do zero, ou quase. Compreende-se assim que os mais hipotônicos desses indivíduos sejam espreitados por duas características: o prazer de nada fazer (de fugir a qualquer responsabilidade) e também temos aqui a vocação para o prazer sensual e a vida fácil. Mas fora desses limites extremos e felizmente raros, os não-emotivos, não-ativos primários são companheiros agradáveis, que gostam de aproveitar as alegrias da existência e que sabem também distrair os outros. Suportam com galhardia, e são mesmo os primeiros a se divertir com as brincadeiras de que são vítimas. Sua Primariedade lhes dá por vezes, um sentido da réplica que interfere em sua moleza orgânica. Ë preciso, pois, circunstâncias excepcionais para que esses seres progridam e, com mais forte razão, para chegarem a ocupar postos de comando. Foi a hereditariedade que levou o amorfo Luís XV ao trono. Foi um concurso de circunstâncias e uma bravura anterior (os amorfos, por inconsciência do perigo, são muitas vezes corajosos) que introduziram Goering na órbita hitleriana. Mas mesmo nessas circunstâncias excepcionais, os representantes desse caráter mostram-se com todas as inclinações inerentes a sua fórmula. http://www.vidanova.com/grafoteste/grafo8.asp |